Capítulo Vinte e Oito

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Na terça-feira, Angeline lava as mãos na pia do banheiro feminino da escola, furiosamente. Sua vida está um saco, porque sua mãe não larga do seu pé. Angeline se esforça ao máximo para agir normalmente como uma boa irmã postiça quando está com Diego e a mãe está por perto, mas ela não para de olhar para Angeline com aquele olhar desconfiado. Ela não sabe o que fazer mais. Já não tinha seus encontros noturnos no quarto dele e tinham parado de se pegar durante o dia também, com medo de que a mãe dela achasse alguma coisa suspeita. Nesse ritmo, eles nunca mais iam ficar juntos.

Ela sai do banheiro abanando as mãos molhadas, alheia a tudo a sua volta, a cabeça há mil quilômetros de distância.

- Angeline! – alguém a chama, tocando no seu ombro.

Angeline leva um susto e vira com tudo para trás. Parado às suas costas está Danilo, com quem ela não conversava desde a festa dele.

- Te assustei? – ele pergunta com aquele sorriso de dentes perfeitos e jeito de malandro.

Ele passa os dedos pelo cabelo castanho ondulado, numa postura natural de comercial de desodorante.
Angeline quase consegue ouvir os anjos suspirando, como qualquer garota do universo estaria fazendo se tivesse ali naquele momento. Com sua pele morena, o corpo perfeito de um deus grego e as feições de um modelo da Hugo Boss, ele era um sonho pra qualquer uma.

Menos para Angeline.

Danilo é o tipo perfeito de garoto errado. Ele usa roupas de marca e tem um jeito de mocinho de novela, que causa paixão em todas as garotas que o conhecem. Mas aquelas que eram tolas demais para cair no seu charme, acabavam machucadas. Ele tem o costume de dispensar as garotas por mensagem de texto ou simplesmente beijar outra garota na frente delas para mostrar que acabou.

- Me assustar? Eu já não tenho medo de garotos pegadores há muito tempo – ela graceja. Angeline nunca foi burra de se envolver com Danilo, mas adora flertar com ele.

Danilo alarga mais o seu sorriso.

- Você tem andado sumida – ele fala, colocando as mãos nos bolsos e se encostando numa coluna no meio do corredor – nunca mais te vi.

- Você está me vendo agora – ela abre os braços para enfatizar o que diz.

Danilo tomba a cabeça de lado, como quem diz “gracinha”.

- Quero dizer que você nunca mais saiu com a galera. A última vez que eu te vi foi na minha festa, e você foi embora cedo.

Angeline tira um brilho labial do bolso de trás do short curto de cintura alta, que empina muito sua bunda.

- A festa estava meio chata – ela fala, passando o pincel do brilho sabor morango nos lábios.

- Você, achando uma festa chata? – ele arregala os olhos, que estão pregados nos lábios dela – você, a garota que deixa qualquer festa divertida? Não acredito. Está acontecendo alguma coisa?

Angeline dá de ombros. Ela não ligava mais para sua vida social depois que começou a ficar com Diego. Quando ela pensa nela mesma no ano passado, em como não perdia uma festa, e nem a chance de ficar com algum gatinho, não sente falta nenhuma daquela vida.

- Talvez eu tenha amadurecido – ela resume.

- Espero que isso não tenha nada haver com algum cara, porque seria uma perda irreparável para o mundo dos solteiros.

Angeline lhe lança seu sorriso misterioso sem respondê-lo.

Danilo põe as mãos no rosto e balança a cabeça dramaticamente.

- Não, Angeline! Isso não! E a promessa que você me fez?

- Que promessa? – ela cruza os braços, o olhando intrigada.

- De que você estava se guardando para mim? Não foi por isso que você e eu nunca ficamos?

Angeline solta uma gargalhada. Ela se lembra de ter dito algo do tipo para ele em uma festa há muito tempo atrás, quando ele tentou dar em cima dela. Uma desculpinha para manter o apalpador longe dela.

- Não acredito que você acreditou mesmo nisso – ela fala, rindo, sem querer parecer rude.

Danilo não liga para isso. Ele se aproxima dela, roçando os dedos no seu braço.

- Ah, você sabe que a gente sempre teve um lance – ele diz, naquela voz que usa com todas as garotas e que as fazem se derreter por ele.

Aquilo não funciona com Angeline.

Ela está pronta para lhe dar um fora bem humorado, quando se detém e pensa melhor.

- É verdade, a gente sempre teve mesmo um lance não é? – ela entra na onda dele – mas sabe como é, você não é qualquer um para mim, eu realmente quero que você seja especial, entende? – ela insinua a
Danilo que ele pode ser o cara que vai conseguir tirar a calcinha dela. Como se isso já não tivesse acontecido.

Danilo se anima, caindo na dela. Toda a escola sabe da fama de Angeline de parar os caras antes de chegarem aos finalmente. Ela sabe que rola uma aposta entre os garotos sobre quem iria conseguir ser o primeiro cara a fazer isso. E Danilo está no meio dessa aposta.

- Claro que eu entendo – ele fala com uma empolgação evidente – e eu quero muito ser o cara certo para você – ele sobe a mão pelo ombro dela.

- Só tem um probleminha – ela fala, se desviando gentilmente dele – antes, eu preciso saber que você quer levar nossa relação a sério – ela faz carinha de menina-virgem-e-inocente.

Danilo suaviza suas feições, se transformando no bom moço e príncipe dos sonhos de qualquer garota apaixonada.

- Pode ter certeza que eu vou levar nossa relação a sério – ele mente muito bem, mas Angeline consegue perceber isso de longe. Ela já tinha visto ele falar a mesma coisa para outras garotas, que, trouxas, deram sua virgindade para ele e depois ficaram chorando pelos cantos da escola quando ele lhes deu um fora.

Exatamente por isso ela sabia que ele faria qualquer coisa para trepar com ela.

- Tudo bem, mas antes você tem que almoçar na minha casa – ela propõe – minha mãe precisa te conhecer. Só assim ela vai deixar a gente namorar – ela sorri docemente.

Danilo sorri um tanto desconfortável.
Mas não se nega a ela.

- Sem problemas – ele concorda – pais me amam.

Perfeito, pensa Angeline, comemorando internamente.

- Então, amanhã você almoça lá em casa, pode ser? – ela combina com ele.

Danilo dá um apertinho meio forte no queixo dela.

- Por você, eu faço tudo – ele se inclina para beijar Angeline. Ela é mais rápida e sai da mira dele, dando a volta graciosamente nele.

- Até amanhã – ela pisca para um Danilo embasbacado e sai toda rebolativa, de volta para sua sala.

*

Angeline sabe como usar o poder que tem 😏

Será que esse plano vai dar certo? 🤔

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