Capítulo Quarenta e Quatro

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Um grito. É assim que Angeline acorda, na manhã de sábado, com um grito.

E não vem dela.

Ela abre os olhos com o susto, e encontra a figura chocada de sua mãe na porta, que está escancarada atrás dela.

A porta do quarto de Diego. Aonde ela estava dormindo, e aonde ainda está deitada na cama dele. Com ele. Nua.

A noite tinha sido tão perfeita, que eles meio que se esqueceram que o outro dia ia chegar e seus pais iam voltar para casa. Acabaram dormindo no quarto dele profundamente.

Ela aperta o lençol que cobre o seu corpo nu, sem reação. Às suas costas, Diego também já está acordado, apoiado sobre um cotovelo. Ele também não sabe o que dizer.

Os três ficam se encarando em silêncio por poucos segundos. Até surgir a figura do pai de Diego, que vem correndo para saber o motivo da esposa ter gritado. Quando ele vê Diego e Angeline, compreende tudo.

E não fica muito feliz.

Sua cara se contorce de ódio, e o corpo parece se transformar quando ele tenciona os músculos.

Em uma velocidade alarmante, Douglas voa para cima da cama e arranca Diego de lá, puxando-o pelo braço. Diego salta por cima de Angeline, com tudo de fora. Ela se encolhe na cama para não ser atingida.

- Seu filho da puta! – grita Douglas, ao jogar o próprio filho contra a parede – o que você fez com essa garota?! Ela só tem quinze anos! – e lhe desfere um soco que acerta o seu olho.

Angeline grita e reage finalmente, pulando da cama enrolada no lençol.

- Solta ele! – ela grita desesperada, indo para cima do seu padrasto em fúria, mesmo sabendo que não é uma boa ideia.

Antes que ela chegue perto demais e leve uma cotovelada na boca, sua mãe a segura pela cintura e a puxa para longe deles.

- Não, Angeline – ela a repreende, como se ela fosse uma criança levada, tentado brincar com um cão raivoso.

- Seu desgraçado! – Douglas dá outro soco no filho, acertando seu maxilar – pervertido! Ela é sua irmã! – e mais um soco.

Angeline grita a cada soco que ele dá em Diego. As lágrimas descendo com velocidade por seu rosto. É a mesma cena de ontem à noite se repetindo, só que dessa vez, é Diego quem leva os socos.

Ela tenta de novo se aproximar dele, mas sua mãe a segura firme.

Douglas solta Diego e ele cai sem equilíbrio no chão. Ele não relutou contra nenhum dos socos que seu pai lhe deu, recebendo eles como se fossem merecidos.

- Ela não é... minha irmã – Diego fala com dificuldade, com o corpo meio curvado e a cara arrebentada e sangrando.

- Isso não dá o direito de você se deitar com ela! – Douglas grita e dá um chute nas costelas de Diego.

Diego guincha e cai deitado no chão.

- Para! Para! – Angeline grita – ele não me forçou a nada! Por favor, para!

Seus esforços são inúteis, pois Douglas a ignora completamente, os olhos ferozes voltados para o filho abatido e vulnerável no chão.

- Você desrespeitou à minha família e à minha casa, e eu quero você fora daqui! – Douglas aponta o dedo grande e gordo para Diego – e nem se incomode em pegar suas coisas. Saia só com a roupa do corpo e seu dinheiro. Eu te dou cinco minutos. Se você ainda estiver aqui depois desse tempo, eu juro que te mato – ele ameaça e depois sai do quarto feito um furacão. Aline puxa Angeline para o lado, evitando que elas sejam atingidas.

Angeline vê Diego tentando se levantar, mesmo sentindo muita dor. Ela quer se soltar da mãe e ir ajudá-lo, dizer que vai sair de casa junto com ele. Sua mãe, no entanto, a puxa para fora do quarto.

- Vamos, Angeline - ela fala com uma voz dura, a arrastando dali.

Angeline luta contra ela, ficando os pés descalços no chão frio.

- Não, eu quero ir falar com ele! – ela exige, se segurando no batente da porta. Ela olha com desespero para Diego, que a fita com o rosto arrebentado, tão machucado que se torna impotente em ajudá-la. Seu coração se aperta.

Mas sua mãe não está para brincadeiras.

- Não! – ela alerta Diego, quando este tenta se levantar e ir em direção a Angeline.

Aline dá um tranco no braço de Angeline e a arranca do quarto à força. Ela tropeça no lençol e cai de joelhos, e mesmo assim sua mãe não para de puxá-la com uma força descomunal. Angeline grita e esperneia, e isso só faz sua mãe enfiar a mão nos seus cabelos e a puxar com brutalidade. Ela grita, mas sua mãe só a solta quando chega ao quarto de Angeline, a jogando lá dentro.

Ela cai sentada e nua no chão, batendo o osso do quadril. O lençol abandonado no meio do caminho.

- Mã-ãe, deixa eu falar com ele! – Angeline choraminga.

- Você não vai falar com ninguém! – ela grita, fechando a porta às suas costas, os braços cruzados rigidamente – eu sabia que vocês dois estavam dormindo juntos! Eu desconfiei disso desde a vez que encontrei aquela camisinha usada no quarto do Diego, mas eu não quis acreditar que fosse verdade, mesmo com todos os sinais que vocês estavam dando – seu rosto se contorce de dor – eu queria que fosse mentira, Angeline, como eu queria! Por que vocês fizeram isso?! Vocês sabiam que era errado! – sua mãe guincha enquanto fala.

Angeline levanta do chão. Seu couro cabeludo e o quadril latejam. Ela não se importa em responder a mãe, precisa falar com Diego.

- Mãe, me deixa falar com ele – ela pede novamente, com mais lágrimas embaçando os olhos.

- Não, você vai ficar aqui, e pensar no que fez – ela pega Angeline pelo braço outra vez e a joga na cama.

Angeline só tem tempo de ver a mãe pegando a chave do seu quarto, abrindo a porta e a trancando pelo lado de fora. Ela corre para a porta e tenta abri-la, mas é inútil.

- Mãe! – ela grita, batendo na madeira com toda a força – me deixa ver ele! Por favor! – ela continua a gritar sem parar, chorando e chutando a porta e de nada adianta.

Isso não está acontecendo! Ela se nega a acreditar, enquanto bate incessantemente na porta. Seus pais estão sendo irracionais! Não podem tratar eles assim. Não podem manter ela trancada e mandar Diego embora sem ao menos ouvir o lado deles da história.

Ela continua a descarregar sua raiva na porta, gritando, chutando e isso não leva a mais nada a não ser te deixar exausta e mais dolorida. Por fim, ela desliza para o chão, com as palmas das mãos vermelhas e ardendo. Ela muda de alvo e tenta a janela do seu quarto, mesmo sabendo que é alto demais para se descer por ali.

Tudo o que ela consegue, é ver Diego partindo, só com a roupa do corpo e uma mochila. Ela grita para ele, só que ele não a escuta.

Ele vai embora sem olhar para trás. Deixando Angeline para trás.

*

A mãe da Angeline e o pai do Diego não foram nada compreensíveis com eles 😔

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