Capítulo Cinquenta e Sete

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Beatriz acorda bem cedo naquela manhã. Ela olha em volta, para o quarto decorado em tons de rosa de sua amiga Holly, onde ela tem dormido nos últimos dias, ainda sem ter se acostumado àquele ambiente, que é tão familiar para ela há anos. Ela senta na cama de Holly, e observa a própria Holly dormindo calmamente em um colchão grosso no chão. Mesmo com tantos quartos vagos, ela insistia para que Beatriz dormisse no seu quarto, onde elas ficavam a noite toda conversando e fazendo bagunça que só melhores amigas de longa data conseguem fazer.

Beatriz joga o edredom rosa de Holly para o lado, e levanta da cama, tomando cuidado ao pisar no colchão da amiga, para não pisar em cima dela e acordá-la. Pela janela dela, Beatriz vê que o dia está lindo lá fora, mas ainda é cedo demais para que ela acorde.

Ela desce a larga escada principal, que faz um barulhinho gostoso de se ouvir enquanto ela pisa nos degraus de madeira e vai para a cozinha. Não está com fome ainda, só precisa de um copo de água, e talvez ela volte a dormir e acorde de novo mais tarde, com Holly.

Ela pega um copo de escorredor, enquanto o enche com água da torneira, uma lembrança meio embaçada de Ian lhe servindo um copo de água da torneira quando ela estava pra lá de bêbada surge, sem que ela possa controlar. Isso tem acontecido muito nesses dias. Por mais que ela se esforce para não pensar nele, sua mente age do jeito que quer.

Já faz uma semana que ela está dormindo na casa de Holly. Uma semana desde que ela acabou com o casamento da tia. Uma semana desde que ela viu Ian – e Mona – pela última vez. Uma semana que ela não usava as próprias roupas, que deixou para trás, na casa da tia. No dia que ela saiu de casa, só queria se afastar de toda a confusão e dar um tempo à tia o mais rápido possível, por isso nem se incomodou em pegar algumas roupas. Ela também tinha esperança que a tia iria pedir para ela voltar para casa dentro de uns dois dias - ela mandou uma mensagem avisando que estava na casa da Holly. No entanto, Mona não tinha entrado em contato com ela, nem para responder sua mensagem.

Ela se senta em um banco da ilha da mesa, tentando não se abater com tudo isso. Ela tinha feito a coisa certa, ao se entregar pra tia, e mesmo assim, parece que revelar a verdade só serviu para arrasar com todo mundo. Inclusive com ela, que tinha sacrificado dois amores da sua vida, Ian e Mona. Será que teria sido melhor não dizer a verdade e deixar a tia vivendo uma ilusão? Pelo menos, ela ainda teria os dois.

O que mais doí, é que ela sente que realmente ama Ian. E que nunca mais poderá vê-lo novamente. Mas não podia viver assim, não podia ser a amante dele para o resto da vida. Só tornaria a situação mais complicada, e Beatriz está cansada de complicações na sua vida. De agora em diante, ela deixará os segredos de lado e será apenas uma adolescente normal.

Tomada por essa resolução, Beatriz manda uma mensagem. Dentro de meia hora, a campainha da casa de Holly está tocando. Ela não espera pela babá de Holly, que provavelmente está dormindo, e vai ela mesma atender.

- Oi – ela sorri para a pessoa parada na porta, uma das poucas pessoas que estão do seu lado no momento.

Beto coloca as mãos nos bolsos da calça cáqui e sorri adoravelmente para ela, ficando mais fofo com aqueles óculos de armação quadrada e camisa de manga longa azul caretinha.

- Bom dia – ele responde, igualmente sorridente.

Pelo menos uma coisa boa tinha acontecido com Beatriz essa semana. Ela tinha se aproximando mais de Beto na escola. Na segunda, ela tinha contado todo o desfecho da sua história com Ian, e Beto, como sempre, foi super compreensivo com ela, lhe dando apoio e dizendo que logo sua tia ia esfriar a cabeça e perdoá-la. Beatriz se deixou confortar nos braços dele, precisando de todo carinho que pudesse receber.

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