05 | Biblioteca

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—— A M É L I A ——

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—— A M É L I A ——

Uma semana havia se passado desde que nos mudamos afins de recomeçar nossas vidas em outra cidade e apesar de ainda não conhecer ninguém estou começando a me acostumar, mas o pior de tudo é não saber como iremos superar a tragédia que deixamos para trás.

O silêncio era total e a janela do meu quarto estava aberta fazendo com que um raio solar iluminasse as folhas do meu caderno o suficiente para que não precisasse ligar as luzes enquanto fazia uma anotação antes de ir para a aula.

— Como foi no festival? — Perguntou minha mãe ao entrar no quarto.

— Foi bem, mas estou decepcionada por não ter ganhado o prêmio.

— Você é ótima no tiro ao alvo, o que te fez perder o foco?

— Tinha um cara pedindo informações e acabou me distraindo.

— Babacas. — Resmungou nos fazendo rir, e sinceramente, fazia tempo que não tínhamos mais esses momentos de risadas juntas.

— Estou pronta, podemos ir?

— Sobre isso, preciso ficar em casa para resolver algumas coisas, se importaria de ir sozinha hoje?

— Ainda não sei bem como funciona a locomoção dos ônibus, mas...

— Vai no carro Amélia, já faz mais de quatro messes e você ainda não tentou voltar a dirigir. — Interrompeu-me

— Não sei se isso é uma boa ideia.

— Se você acha que ainda não é a hora certa não precisa forçar, mas seria bom se tentasse.

Respirei fundo ficando em silêncio pensando em algo que pudesse dizer pois não sabia como reagir, mas senti que ela tinha razão, fazia tempo que eu não dirigia desde o acidente que mudou nossas vidas drasticamente.

— Vou tentar. — Disse em um tom de voz baixa.

— Estou tão orgulhosa de você. — Falou me abraçando.

Sorri e após me despedir peguei minhas coisas e sai de casa vendo o carro estacionado. De longe destravo as portas apertando o botão e entro colocando o cinto de segurança em volta do meu corpo, depois posicionei minhas mãos no volante soltando um longo suspiro em um ato de desespero tentando aliviar um pouco os sentimentos ruins e frustrantes que estava sentindo.

Apertei os olhos contendo meus pensamentos, mas só bastou um segundo sentindo o motor tremer ao dar partida que os flashbacks daquela noite terrível me massacraram fazendo meu coração acelerar. Soltei minhas mãos do volante em um só desespero tentando me recuperar.

— Você consegue. — Repetia diversas vezes para mim mesma na tentativa fútil de me sentir melhor.

Com um pouco de esforço finalmente consegui pegar a estrada antes que eu tivesse desistido. O trânsito, por incrível que pareça, estava tranquilo naquela manhã e colaborou com o tempo, pois consegui chegar em poucos minutos no colégio.

Under StormOnde histórias criam vida. Descubra agora