Pas de Valse

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A cada passo que dava em direção ao parque, meu coração se acelerava ainda mais. Tinha sido uma manhã totalmente estranha e tinha a nítida sensação de que a qualquer momento alguma coisa aconteceria e eu acordaria em minha cama depois de um sonho. Minha tia tinha cumprido com a parte dela no trato e a essa altura todos na academia deviam estar pensando que meu tornozelo estava do tamanho de uma bexiga, na verdade, não duvidava nada de que algumas bailarinas deviam estar dando pulinhos com a ideia de pegar o papel principal e ceder um papel melhor para suas substitutas. Isso ainda me incomodava um pouco, afinal eu ainda era uma bailarina e provavelmente demoraria algum tempo até que a ideia de ser passada para trás — mesmo que por escolha própria — não me incomodasse mais.

Durante a manhã tentei afogar esse gosto amargo fantasiando como seria minha tarde, que roupas deveria usar, ou se eles estariam tão animados quanto eu estava por me juntar a eles. Era a primeira vez que marcava de sair com amigos e eu só não estava mais chocada que Tsunade, que levou um longo momento para aceitar a ideia e me permitir vir, desde que eu chegasse na hora marcada.

Para mim, estipular horários nunca tinha se mostrado um problema, na verdade, achava uma condição justa se levando em conta que não estaríamos mais uma do lado da outra com tanta frequência, mas o horário escasso com a falta de veículo e falta de dinheiro para o taxi, também não era exatamente o que eu estava imaginando.

"Você ainda está de castigo" foi o que ela me disse quando tentei pegar minhas chaves. Não tive escolha e muito menos formas de rebater aquilo, então apenas troquei meus sapatos por uma sapatilha mais confortável e iniciei minha caminhada. O parque não era longe, mas também não poderia dizer que ficava perto.

Torci para que durante a caminhada meu coque não desmanchasse, nem meu rímel escorresse, ou pior, que meu vestido amarrotasse. Depois do primeiro encontro em que eu parecia estar imitando o Lee, pensei muito bem no que vestiria hoje, agradecendo quando achei o leve vestido florido perdido em meu armário. Era delicado, belo e fazia eu me sentir bonita, o que era um ótimo ponto com a companhia que teria hoje. Ino e Hinata eram as garotas mais lindas que conhecia e não queria parecer uma gata borralheira ao lado delas.

Meu coração se alegrou e parte do cansaço desapareceu quando dobrei a esquina dando de cara com os portões do imenso parque. Não era um Central Park, mas sem dúvidas o Memorial Park era grande e mais verde do que eu estava acostumada. Tínhamos combinado de nos encontrarmos na entrada Oeste que de acordo com meu celular ficava no fim da rua e pela péssima noção de pontos de referência do Naruto, ficava ao lado de um gótico marrento. Cheguei a me questionar se ele por acaso sabia o que era um ponto de referência, mas pensei que seria rude dizer isso e perguntar para minha tia não era uma opção, além de tudo me sentia tímida demais para pedir informações para ir a um lugar que nem mesmo sabia se existia.

Me restou torcer para estar no lugar certo e continuei caminhando confiante, procurando pela cabeleira loira ou as cores fosforescentes que Lee costumava usar, até que ao me aproximar do fim da rua, vendo pessoas em fluxo entrando para dentro do parque pelos ornamentais portões, finalmente avistei o ponto de referência que Naruto tinha me dito. Não era um emo, mas sem dúvida alguma era emburrado.

Cacei com os olhos o restante do grupo, apenas um que fosse, mas não encontrei qualquer um deles além do meu mal-humorado ponto de referência. Comecei a cogitar a ideia de ficar parada ali mesmo até que os outros chegassem.

"Não seja rude." lembrei a mim mesma e continuei a andar em direção aos portões. Suas cores pretas estavam lá como de costume, mas sua franja estava jogada para trás de um jeito inegavelmente atraente. Como alguém podia ter tamanha beleza apenas parado era uma das maiores dúvidas que me cercavam e sem perceber estava ajeitando os fios e alisando o vestido. Não queria parecer desleixada.

A boneca e o bailarinoOnde histórias criam vida. Descubra agora