Estava preste a abrir a porta do carro quando escutei meu celular começar a tocar Pocket full of Sunshine, uma música brega para alguns, mas boas para quem sabia apreciar.
Levei a mão ao bolso agarrando o aparelho junto com a chave do carro e com maestria levei o aparelho até a orelha enquanto passava a chave para a outra mão e destravava o alarme do carro. Esperei alguns segundos antes de atender o celular, aguardando ansiosamente que chegasse o refrão para cantar junto a Natasha. Após pouco segundos minha parte chegou e acompanhei-a em alto e bom som, um pouco desafinada, mas aceitável. Quando acabou finalmente atendi.
"Alô, Sakura falando!"
"Sou eu" reconheci a voz quase que imediatamente
"Ah! Oi tia, algum problema?"
"Não, só liguei para avisar que Amélia pediu dispensa mais cedo hoje".
"Está bem, sem problemas".
"Ótimo! Até às 20h00 querida".
"Até tia"
Assim que ela finalizou a chamada senti a adrenalina subir por todo meu corpo. Corri até meu carro praticamente escancarando a porta e me atirei no banco, enfiando a chave na ignição, antes mesmo de fechar a porta.
Ao contrario do que havia dito, não estava tudo bem, pois o fato de Amélia ter saído implicava com o fato de que eu teria que fazer o jantar, e, logo cozinhar tufo, algo que detestava por completo, mas era praticamente a única coisa que minha tia havia me ensinado a cozinhar. Com isso minha lista aumentava em esconder o chocolate, tomar um banho, trocar o curativo, cozinhar e por a mesa.
Rezei para Amélia ter deixado alguma coisa pronta, enquanto atirava o celular e a Cadbury no banco passageiro e girava a chave vendo o painel se acender. Soltei um longo suspiro colocando o sinto de segurança, criando uma lista mental com varias etapas que teria que cumprir ao chegar em casa, antes de soltar o freio de mão e sair da vaga como em uma versão desastrosa de Velozes e Furiosos.
***
Estava em meu pequeno esconderijo no telhado quando vi um carro preto dobrar a longínqua esquina. Meu pequeno esconderijo na verdade não passava de um amontoado de almofadas na ponta do telhado, próximo a minha janela, um lugar que todos conheciam, no entanto tirando minha mãe, ninguém mais conhecia a vista daqui de cima.
Fazia uma hora que estava sentada ao lado de uma foto de minha mãe, degustando minha tão almejada barra de chocolate, enquanto observava as folhas dançarem com o vento, fazendo com que me perguntasse como seria dançar como elas. Enfiei o resto do chocolate na boca, e estava prestes a esconder a embalagem junto com as outras quando ouvi o som do freio parando em frente à entrada. Esgueirei-me um pouco, e pude ter a visão de minha tia descendo do Crysler com uma pasta debaixo do braço e a bolsa de couro na outra mão, o cardigan marcando levemente os seios fartos.
Ela mantinha uma postura elegante mesmo com o coque um pouco despenteado e provavelmente exausta. Caminhava tão levemente pela entrada que se não fosse o leve som dos saltos contra o chão, podia jurar que estava flutuando, uma coisa que sempre admirei nela. Qualquer um tinha que admitir, minha tia era uma belíssima mulher e mesmo em seus 39 anos tinha um corpo de dar inveja, na verdade se não conhecesse seu gênio difícil acharia uma calunia dizer que ela estava solteira.
Inconscientemente um sorriso brincalhão se formou em meus lábios ao me lembrar de forma aleatória de seu ex-marido, um homem de cabelos grisalhos e sorriso sedutor chamado Jiraiya. Particularmente gostava do casal, e ambos pareciam incrivelmente felizes com o relacionamento que levavam na época, no entanto quando o aspirante a escritor confessou precisar se mudar para ter novas idéias, Tsunade atirou todas suas coisas para fora de casa e trocou as fechaduras, evento que marcou a todos no bairro, e, por fim, sem muita escolha ele juntou suas coisas e viajou para o Brasil, e desde então eram raras as ocasiões em que seu nome era citado.
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A boneca e o bailarino
Fiksi PenggemarEu era uma boneca, uma linda boneca. Se pedissem dez piruetas eu fazia, se dissessem que estava gorda eu parava de comer... Não tinha controle sobre mim, sobre meu corpo, ou até mesmo sobre minhas emoções... Nunca me perguntarão se dói quando faç...