De acordo com uma rápida pesquisa no Google, pele fria e pálida, tremores, dificuldade para respirar, movimentos lentos, confusão mental, diminuição da pulsação e sonolência são sintomas claro de hipotermia. Engraçado que, levando-se em conta o clima ameno de 23 C° e o sol brilhante no céu azul quase sem nuvens, isso não chega nem mesmo a ser uma possiblidade. Mais engraçado que a todo o minuto o pensamento que invadia minha mente era de entrar em contato com alguém que trabalhe no Google para que a pessoas mude a resposta, ou pelo menos colocar letras miúdas dizendo que esses sintomas poderiam estar ligados a ansiedade. E o mais engraçado de tudo isso, é que nada disso tem graça quando você está à beira de um ataque de ansiedade e não tem mais pelinhas em volta dos dedos para roer.
Depois de pensar em mil formas de encarar minha tia, simplesmente escolhi deixar uma mensagem avisando que não iria para a aula e que explicaria mais tarde, e depois desliguei o celular.
— Eu sou um covarde — Suspirei fitando meus pés.
Fazia meia-hora que tínhamos chegado em um conjunto de prédios, provavelmente empresariais e estávamos esperando tudo terminar de ser montado, principalmente os figurinos. Temari estava terminando a maquiagem de Hinata depois de prender meu cabelo e aproveitei a deixa para fazer uma pequena fuga e acalmar o peito. Não sabia se estava nervosa por faltar a aula, pela minha tia ou pela apresentação, ainda assim, seja já lá qual fosse o motivo, sem dúvida alguma eu estava sofrendo por antecedência.
— Ei, Sakura.
Quase dei um Changement ao ver a silhueta de Sasuke surgir do nada em minha frente. Ao que parecia, Sasuke estava responsável pela parte da música e por isso não teve escolha quanto a vir hoje. Levando-se em conta o ramo de sua família, ele ser bom em música não deveria ser surpreendente e ainda assim eu fiquei surpresa quando Ino me explicou.
— Aconteceu algo? — Perguntei atentamente.
— Não.
O fitei por alguns segundos, esperando por uma explicação que claramente não viria. No entanto, percebi com certa graça que o moreno estava começando a me entender melhor, e só precisei de uma rápida careta para ele começar a falar.
— É que eu vi que você parecia meio... Pálida — Respondeu aborrecido.
Eu provavelmente me incomodaria com seu tom, não fosse as bochechas coradas e seus olhos presos em uma fissura no chão. Graças a Hinata, estava começando a perceber que quando o Riquinho metido ficava constrangido, ele agia de forma emburrada.
— E te trouxe isso — Disse por fim, me estendendo uma garrafa térmica.
—Obrigada — Questionei em seguida, pegando o objeto desconfiada — Isso não é bebida alcoólica, é?
— Relaxa, é chá de maracujá. — Disparou me acalmando.
Acenei particularmente sem graça, ao mesmo tempo que secretamente achava engraçado ele carregar suco de maracujá por aí. Particularmente, eu não poderia culpá-lo, afinal minha bebida favorita era uma mistura com a fruta, mas ainda assim Sasuke não fazia exatamente o perfil — pelo menos, não aos meus míopes olhos —. Sasuke se manteve em silêncio, olhando para os escritórios com algumas pessoas trabalhando e me resignei ao fazer o mesmo. O silêncio entre nós ainda era esquisito para mim.
— Não vai beber? — Indagou depois de alguns segundos. — Não é tão ruim quanto parece.
— Não, quer dizer, sim! Eu vou beber.
Como diplomata, eu era uma incrível dançarina. Cansada do meu estado de constrangimento alheio, aprumei os ombros e tentei abrir a garrafa com o máximo de dignidade que podia. Tentei. Debaixo do olhar atento do Riquinho, minhas mãos pareciam não funcionar corretamente e isso junto ao suor causado pela ansiedade, fez meu condicionamento formar uma equação difícil demais para meus neurônios entender e lá estava eu, pagando mais um mico, enquanto tentava com afinco abrir a garrafa.
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A boneca e o bailarino
FanfictionEu era uma boneca, uma linda boneca. Se pedissem dez piruetas eu fazia, se dissessem que estava gorda eu parava de comer... Não tinha controle sobre mim, sobre meu corpo, ou até mesmo sobre minhas emoções... Nunca me perguntarão se dói quando faç...