Meus pés se moviam no ritmo da animada música, um costume que todos dançarinos tinham, se houvesse música, nossos corpos absorviam o ritmo e esta era a parte que eu mais amava em ser uma bailarina. Gostava de como a música falava comigo, e de como tinha ficado ainda mais fluente nessa língua nas últimas semanas. Era isso que eu esperava que acontecesse com o grupo de bailarinos que me seguia obedientemente.
Ainda parecia insano Tsunade ter concordado com a minha ideia, me inscrevendo como professora temporária em técnicas de dança contemporânea, apenas um nome chique para os pais do alunos aceitarem a ideia de uma jovem de quase dezoito anos levar seus filhos para assistir uma apresentação de dança de outra academia no parque. E, embora os pais tenham concordado após os boatos sobre a opinião negativa do comitê, não significava que seus filhos estavam felizes. Mas não era por causa da aula, era por minha causa.
Depois de semanas, a privilegiada sobrinha da academia reapareceu, com um título acima e agora eles tinham que seguir minhas ordens. A única coisa que me divertia era pensar em quantos xingamentos diferentes estavam sendo dirigidos a mim a cada sorriso presunçoso que eu dava. É claro que eu também estava gostando disso, velhos hábitos não morrem.
Destoante do grupo de cinco bailarinos emburrados, Tenten e Sasori me seguiam animados. No fim, impus como condição que Tenten também pudesse vir conosco, afinal, mesmo que ela viesse de qualquer jeito, ganhar mais algumas horas de treinamento em seu histórico não fazia mal a ninguém. Além disso, ela servia de distração dos flertes de Sasori. Além dela, o coitado do Asuma acabou sendo arrastado para isso, já que precisávamos da supervisão de um adulto e ele era o único com a agenda livre — ou o único com a agenda que não era considerada importante pelos professores —, no fim, ele também servia de ótima distração, ora ou outra fazendo piadinhas que eu nunca entendia, mas que Sasori parecia se divertir. Para todos os sentidos, éramos um grupo esquisito, em que a única coisa combinante era a postura firme.
Me recusei a fazer um coque, talvez porque queria ser diferente dos bailarinos, ou talvez porque quando estava com o pessoal de Konoha, eu era uma versão diferente de mim. O problema era que a segunda opção significava que, mais uma vez, eu estava separando as coisas em caixinhas, ao invés de deixar meu "eu verdadeiro" fluir em todos os âmbitos da minha vida, e essa ideia me alfinetava. Me separar desse jeito cheirava a mentira por omissão, e não era eu que estava farta de mentiras?
Tentei esquecer isso ao mesmo tempo que um sorriso se desenhou em meu rosto ao reconhecer a cabeleira loira ao longe. Enquanto eu tentava me separar, Naruto era o mesmo de sempre e não hesitou por um único segundo quando eu pedi o favor. Deixar um grupo de bailarinos metidos assistirem e dançarem um pouco na apresentação do parque. Ele também não perguntou meus motivos e fiquei grata por isso, afinal eu mesma ainda não havia engolido essa história de Tsunade estar com a carreira ameaçada. Obviamente, que se fosse Sasuke em seu lugar, eu já teria contado tudo, e essa ideia, diferente da outra, me alfinetava da maneira doce. De alguma forma, estava começando a gostar de gostar do Sasuke.
Talvez o chamasse para conversar mais tarde, na verdade, do jeito que o conhecia era bem capaz dele mesmo vir me perguntar o que estava acontecendo. Só não tinha certeza sobre contar quanto as cartas, desde que descobri sobre o assunto — se é que poderia chamar aquilo de descoberta —, estava o socando o mais fundo da minha mente, assustada demais para lidar com isso. Muito sobre minha mãe sempre foi um segredo e, verdade seja dita, as lembranças que eu tinha eram todas cor-de-rosa. Saber sobre este outro lado, ou a simples ideia de que ela possa ter feito algo ruim, ou pior, que Tsunade tenha feito algo ruim com ela, me deixava com medo demais para imaginar coisas.
Por isso, assim como fiz a semana inteira, tomei mais uma vez a frente do grupo e acenei para Naruto, apagando qualquer pensamento da minha cabeça.
— Chegamos — anunciei.
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A boneca e o bailarino
Fiksi PenggemarEu era uma boneca, uma linda boneca. Se pedissem dez piruetas eu fazia, se dissessem que estava gorda eu parava de comer... Não tinha controle sobre mim, sobre meu corpo, ou até mesmo sobre minhas emoções... Nunca me perguntarão se dói quando faç...