Adágio

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— Tudo bem, qual o plano? — Sasuke perguntou, enquanto prendia a moto junto aos nossos capacetes.

Esperei, me fingindo de solicita quando, na verdade, estava tentando recobrar o equilíbrio depois da carona. Apesar de não ser minha primeira vez, ainda me sentia um pouco tonta ao andar de moto, mas também não podia simplesmente pedir ao Naruto para emprestar o carro. Já me dava por satisfeita Sasuke ter estacionado duas ruas antes da NJ sem eu ter que pedir, afinal, ele melhor que ninguém sabia o que significava se minha tia me visse chegando desse jeito.

— É simples, nós vamos até a sala de figurinos, lá tem uma impressora. Seu notebook está aí?

Em resposta, o Uchiha estendeu sua mochila aberta, me mostrando o aparelho antes de fechar e jogar nas costas. No fim de semana, depois de ver os bailarinos dançando e reclamando e, até mesmo eu, ter dançando algumas vezes na roda, finalmente pude ligar para o moreno que não levou segundos para me perguntar o que estava acontecendo. Ao que parece, o fato de eu não ter amigos e levar alguns para a apresentação me delatou — uma informação cruel, mas que Sasuke tentou dizer da forma mais doce possível —, e, no fim, em cinco minutos de ligação já tinha contato sobre o meu trato com o Jiraya e como não fazia ideia de como enviar o manuscrito sem ler, porque, verdade seja dita, eu preferia dançar sobre vidro do que voltar a ler o que meu tio escrevia.

No fim da ligação, terminamos um plano mal feito que consistia no Sasuke me trazer até a NJ e usar uma das impressoras para enviar o arquivo digitalizado. Em consideração aos meus sentimentos, eu só teria que dar os papéis para ele, correndo o mínimo risco de ler o que estava escrito, enquanto o moreno prometeu que faria o máximo de esforço para nem mesmo passar os olhos. Eu também não queria que ele lesse o que Jiraya escreveu.

— Tudo bem, vamos até lá, você conecta o seu notebook na impressora e me ajuda a digitalizar os documentos e enviar por e-mail, simples assim.

— Não é mais fácil usar a do escritório?

— Como você sabe que tem uma impressora no escritório?

Sasuke me mediu dos pés a cabeça como se tivesse perdido a noção e eu não podia culpá-lo, fazia alguns dias que andava meio paranoica. Manter segredos da minha tia estava me deixando maluca.

— É um escritório, Sakura — respondeu por fim — Todo escritório tem uma impressora.

— Tá, tanto faz. — Dei de ombros, voltando ao x da questão. — Não tem como fazer isso lá sem a minha tia ou a Shizune perceber.

— Acha que seria tão ruim assim?

— Não, imagina — disse cínica — Vai ser completamente tranquilo dizer, Oi tia! Eu mexi nas suas coisas porque o Jiraya, aquele que eu estou mantendo contato e tem me dado conselhos para ir contra o que você me diz, está precisando escrever outro livro possivelmente erótico e você é a única que tem as coisas dele.

Os orbes negros me fitaram por um momento, provavelmente irritado, mas pude notar que Sasuke ficou tão desconcertado quanto eu quando citei a palavra erótico. Esse não era um assunto que surgia entre a gente, nós mal havíamos falado sobre romance e amor. Prendi o cabelo em um gesto nervoso, tentando desviar a atenção de ideia de ter conversas eróticas com Sasuke e agradeci quando ele fez o mesmo, tornando a reclamar:

— Você precisa melhorar o diálogo entre vocês, não dá pra resolver tudo com segredos, sabia?

Aquelas palavras tinham um gosto amargo.

— Tudo bem, essa é a última vez, está bem? Podemos ir agora?

— Tá, tanto faz — suspirou.

Tomei a frente, guiando o moreno através das calçadas lotadas, secretamente pedindo aos céus que a sala estivesse vazia e que minha tia não desconfiasse de nada. Não tinha como mentir sobre Sasuke Uchiha estar comigo na sala de figurinos da NJ usando a impressora, o que eu diria? Que queríamos estudar alfaiataria?

A boneca e o bailarinoOnde histórias criam vida. Descubra agora