Cap.24: Gunpowder

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P.O.V Angel 16:59 P.M.

Me mantinha intacta no mesmo lugar sem a menor possibilidade de raciocinar direito após ter ouvido o que eu ouvi.

O homem a minha frente, que pela primeira vez na vida, eu o encarava com medo me olhava com um olhar perdido, desesperado e desolado.

Foi quando olhei pra nossas mãos entrelaçadas sobre a mesa e rapidamente desfiz o contato, ficando de pé desesperada e sem querer derrubei a cadeira da mesa.

— O que você falou? — Perguntei com tom de choro. — Você não é meu pai? Que história é essa? — Olhei pro Justin enquanto chorava e ele apenas me olhava da mesma forma que o meu pai. Eu não acredito. — FALA! — Gritei com raiva e o Carl fechou os olhos, umedecendo os lábios.

— Eu vou falar, só fica calma e me ouve com atenção.

— Calma? — Rir em descrença enquanto chorava e lhe encarei com ódio. — Você me diz que sou adotada, que praticamente toda a minha vida até agora foi uma mentira e você me pede calma? — Ironizei e ele baixou a cabeça, quando sentir as mãos do Justin nos meus ombros atrás de mim.

— Angel, eu sei que isso te pegou de surpresa e entendemos o choque, mas você precisa se acalmar porquê estamos te falando por uma razão grande. — O Justin falou e lhe encarei sem reação enquanto chorava.

— Razão grande?

— Sim, e tudo envolve você. — Arregalei os olhos e olhei pro meu pa... Pro homem a minha frente. — Senta aqui que a gente vai te contar tudo o que você merece e precisa saber. — Passei as mãos no rosto e o Justin levantou a cadeira, me fazendo sentar em seguida. — Vou pegar uma água pros dois. — Ele foi até a geladeira e encheu dois copos com água fria. — Carl, precisa ter coragem... Não temos muito tempo. — Disse o Justin e enruguei a testa, olhando pro cara que eu tive como pai durante 19 anos.

— Angel... Você foi um presente na minha vida.

— Eu não quero saber dessa merda, eu quero saber a verdade que você me escondeu por todos esses anos! — Fui rude e ele baixou a cabeça, o que me fez perceber o quão alterada eu estava. — Fala.

— Eu te adotei quando você tinha 4 anos. — Arregalei os olhos enquanto ouvia ele falar. — Eu te encontrei debaixo de uma ponte. Ficava mesmo no centro de Washington e era o meu percurso pra padaria onde eu trabalhava, todos os dias. Naquela quinta feira a noite que chovia muito enquanto eu voltava pra casa eu avistei uma coisinha encostada na parede do pilar de concreto que segurava a ponte. Era você. — Engoli em seco e sentir quando as lágrimas escorriam pelas minhas bochechas. — Você chorava. Estava assustada, molhada e perdida. — Neguei sem reação e olhei pro Justin que me encarava triste, mas não surpreso. Ele já sabia, mas não me falou porquê com certeza sabia que era um dever do meu pai.

— Como eu fui parar lá? — Perguntei, chorando e ele preencheu seus olhos de lágrimas. — Onde estava a minha mãe? o meu pai? meus pais biológicos? — O Justin segurou na minha mão sobre a mesa e me olhou.

— Naquele ano houve um crime de tráfico humano enorme e você estava junto das vítimas. — Coloquei uma mão na boca e ele acrescentou. — Mulheres e crianças estavam sendo vendidas pra fora do país e o caminhão onde você vinha, tombou numa rodovia devido a um confronto com as autoridades que descobriram. — Tudo aquilo parecia um filme, uma tremenda loucura que eu não conseguia acreditar. — O caminhão virou. Muitas pessoas morreram e poucas sobreviveram ao acidente. — Voltei a chorar feito uma criança e passei as mãos na cabeça.

— Meu Deus... Quer dizer que me sequestraram quando eu era criança e me venderam pro tráfico humano? — Perguntei e o Carl negou, me olhando.

— Eu vim saber do tráfico e de toda essa história dias atrás quando o Justin me contou após ter descoberto coisas sobre você que batiam com o seu passado. — Enruguei a testa e olhei pro Justin. — Na noite que eu te levei pra casa a minha namorada, mãe da Sophia me ajudou a cuidar de você. — Coloquei uma mão na boca e pensei na Scarlett.

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