Cap.49: Christmas Eve ( Final Season 1)

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Seattle - EUA

3 semanas depois...

P.O.V Angel 17:28 p.m.

Olhava pro horizonte da praia em Alki Beach, no estado de Washington, localizada em Seattle. O final de semana do natal havia chegado e lá estava eu, mudando a rotina das últimas três semanas pra não ter que sufocar dentro de um quarto em respeito ao luto pelo Justin.

3 semanas. 3 semanas sem uma mísera notícia que me fizesse acreditar que ele estivesse vivo em algum lugar desse enorme mundo. 3 semanas que tudo a minha volta perdeu completamente o sentido, principalmente a razão de eu continuar vivendo. Sei que é um pensamento egoísta, mas no luto não há nada de egoísta, não quando ninguém consegue arrancar a dor emocional que rasga drasticamente o seu coração e aprofunda cada dia mais os seus pensamentos lúcidos. Era devastador viver com o fato de que alguém que era uma parte de você foi embora.

A ficha não tinha caído ainda pra mim. Ouvi umas 4 vezes o meu pai conversar com a minha irmã ou com o Stefan que nas últimas semanas tem nos visitado com frequência, sobre o quão rápido foi a passagem do Justin na terra. Em nossas vidas e bem, considerando o meu estado emocional isso foi o suficiente pra eu desabar no choro todas as vezes que ouvi ou algo do mesmo contexto. Era uma dor avassaladora.

Suspirei e sequei as lágrimas que preencheram os meus olhos, quando percebi alguém se aproximando de mim.

— Filha? Como você tá? — Olhei e vi a vovó. — Oh, meu anjo. Eu sinto muito por tudo o que você está passando. — Forcei um sorriso e voltei a chorar, mas dessa vez ela quem secou minhas lágrimas enquanto eu fungava. Suas mãos eram tão macias. — Falei pro seu pai que se não estivessem se sentindo confortáveis eu cancelaria tudo.

— Não, vovó. Ele não queria vir, eu quem o convenci. — Passei as mãos no rosto e vi o olhar triste da velhinha a minha frente.— Precisava sair uns dias daquela cidade. Tudo tava me sufocando.

— Eu compreendo. — Sorri amarelo e vi meus parentes ainda no piquenique coletivo ali na beira da praia. — Se quiser ficar uns dias comigo se sinta convidada.

— Obrigada... Mas eu vou voltar com o papai. — Naquele momento passou vários flashes na minha cabeça. — A vida é tão traiçoeira que eu tenho medo de ficar longe deles. — Ela concordou e deu um sorriso pequeno.

— A vida não é fácil, eu sei exatamente pelo o que você tá passando. Eu perdi o seu avôs há alguns anos. — Enruguei a testa e prestei atenção nas suas palavras. — Tem 20 anos que ele se foi. Ainda dói olhar pra foto dele no meu criado mudo.

— Vovó, se não quiser falar eu...

— Não filha, tá tudo bem. O que eu ia dizer é que... Eu tinha 60 anos quando o câncer levou ele e eu já tinha conquistado tudo o que sempre sonhei, graças a ele. Tinha um lar, um emprego, uma família linda e tinha saúde, por isso seguir em frente e ele ainda existe na minha memória... Mas você? É jovem, muito jovem. Você vai superar isso, vai doer fortemente por alguns meses e quando menos esperar vai estar pronta pra refazer sua vida. — Engoli em seco e ela acrescentou. — Não tô querendo menosprezar seu luto. Jamais, só tô querendo dizer que você vai conhecer outros amores, vai encontrar alguém que vai te consumir por inteira. É tudo questão de tempo.

— Eu não quero. — Neguei, e ela sorriu. — Ele foi o meu primeiro e último amor. Não quero nunca mais pensar em relacionamento. — Sua mão macia tocou meu rosto e ela me olhou nos olhos.

— E perder todas as coisas lindas que o mundo tem a oferecer? — Fechei os olhos e ela segurou em minhas mãos. — Olha, eu sei que tá se sentindo solitária e é normal, mas dias melhores virão. Acredite. — Foi a última coisa que ela falou quando decidi encerrar o assunto.

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