A reconsideração de Bianca

1.9K 211 507
                                    


 Bianca não tinha muita escolha a não ser acatar o que Rafaella tinha lhe pedido. Ignorando os sentimentos ruins que sentiu com a rejeição da esposa, a morena dirigiu até a escola das crianças com o intuito de buscá-las. 

 Encostada no carro observando a rua movimentada, Bianca refletia sobre suas próprias decisões. Não podia deixar as coisas se acumularem sobre ela mesma, isso só prejudicaria na realização dos seus objetivos, e sendo alguém que sempre priorizou o planejamento, Bianca teria que fazer um dos bons para não deixar sua família de lado. 

 Avistando os filhos ultrapassarem o portão elegante da escola, Bianca acenou com a mão para se fazer ser vista. Ainda estava com medo do atrito com a filha, mas não tinha para onde correr.

 — Está entregue, pirralho. 

 Assim que se aproximou o bastante da morena com Anthony, Lua deu às costas pronta para voltar à escola sem nem falar com Bianca. Mas a mulher não gostou daquela atitude, ainda mais quando a adolescente sequer lhe encarou. Ainda que estivesse chateada, não deveria tratar a mãe daquela forma. 

 — Ei, volta aqui. Aonde você está indo?

 Suspirando profundamente, Lua voltou a encarar a morena com tédio no olhar. Sabia que a morena teria aquela reação, mas ainda assim fez. Era a teimosia latente da filha de duas mulheres teimosas. 

 — Tenho trabalho da escola pra fazer. Hoje vou ficar aqui.

 — Sua mãe sabe? Por que não me avisou antes?

 — É claro que a mamãe sabe, eu contei ontem, teria contado pra você também se tivesse aparecido.

 Com a resposta seca da garota, Bianca entendeu que não tinha nada o que fazer se não dar o tempo que ela precisava. Era respeitosa e paciente. 

 — Eu venho te buscar que horas?

 — Não precisa, a mãe da minha amiga vai me levar.

 — Tá bom. Juízo, eu te amo.

 Sem responder a mãe, a adolescente voltou ao edíficio com a mochila nas costas deixando para trás o irmão com a morena. Anthony não sabia o que estava acontecendo, mas sentia que não era uma coisa boa. Apesar da inocência infantil, sua inteligência não era escassa. 

 — Agora é só nós dois, filhão.

 Bagunçando o cabelo do garoto, Bianca abriu a porta do carro para o colocar na cadeirinha e assim ir embora. Mas no meio do processo, a morena sentiu que o menino estava meio quieto demais. Não era do feitio de Anthony ser tão calado.

 — O que você quer fazer hoje, uh? Temos o dia todo.

 — O dia todo?

 — Com uma pequena pausa para um cochilo, mas sim o dia todo.

 — Eu quero ir na vovó.

 Pedindo com os olhos expressivos, Anthony utilizou do seu maior artifício para convencer a mãe a realizar o seu desejo. Nem precisou de muito, Bianca fazia tudo pelos filhos, além de desejar ver a mãe. Estava precisando de colo materno.

 — Então a gente vai. Tudo certo, querido?

 — Tá sim, mamãe. 

 Balançando as perninhas animado, Anthony esperou a mãe assumir a direção para levá-lo até a casa da avó. O caçula Kalimann-Andrade sabia que assim que chegasse na casa dos avós teria suas vontades feitas, e era o que ela mais desejava. 

 — Como foi a escola hoje? 


  — Olha isso, mãe! O moleque tem uma precisão absurda. Eu na idade dele não tinha essa coordenação motora.

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora