Um mais um

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Rafaella se levantou apressada andando a passos largos até onde o homem estava parado. O sorriso ainda ostentava o rosto dele, e o buquê estendido à Rafaella pairava no ar. Em um gesto rápido, a loira tomou as flores na mão, jogando-as no chão.

— Quem te deixou entrar?

— Ué, a sua secretária. Moça muito gentil, super profissional. Contratou bem, Rafinha.

— Que merda você está fazendo aqui?

Com as mãos livres, Marcelo cruzou os braços dando de ombros para a pergunta da mulher. Parecia meio óbvio, mas aparentemente Rafaella queria ouvir da sua boca.

— Você tá ainda mais linda. Os anos te fizeram muito bem.

O tom galante e o olhar cerrado, só fizeram Rafaella sentir ainda mais raiva de estar naquela situação. Se pudesse, quebraria um vaso no rosto cheio de botox.

— Não foi isso que te perguntei.

— Estou de volta ao Rio, vou jogar no Flamengo e me aposentar. Não agora, daqui alguns anos. Seria impossível eu voltar à cidade e não procurar você. Talvez, pensei, você pudesse ser menos defensiva como foi da última vez. Quero conhecer a nossa filha.

Rafaella estava desacreditada no que ouviu do homem. A cara de pau dele era tão grande que a loira tinha certeza que aquele discurso era verdadeiro. Ele realmente acreditava no que dizia.

— Saí daqui! Eu não quero falar com você, muito menos te olhar.

— Calma, Rafa. Eu vim na paz.

Marcelo levantou as duas mãos no ar, encarando a loira com um sorriso amarelo. Se não fosse pela repulsa de tocar nele, Rafaella já teria o arrastado sala à fora.

— Não interessa. Eu não tenho nada pra falar com você. Saí daqui ou eu chamo a polícia.

— Eu quero ver a minha filha. A nossa. Ela deve estar enorme, não é? Quinze anos, quase dezesseis.

Os olhos de Rafaella se arregalaram em surpresa ao ouvir as palavras do homem. Não era possível. Tudo menos aquilo.

— Nossa o caralho! Eu só não fui mãe solo porque a Bianca apareceu. Você não é pai, no máximo doador de esperma.

— Assim você me ofende, Rafinha. Eu voltei. Você que não me deixou registrar a menina.

— Você pediu um teste de paternidade!

— Claro que pedi, como iria registrar um filho sem saber se era meu?

Rafaella segurou a vontade de dar um tapa no rosto bronzeado. Queria sim bater na cara daquele infeliz até descontar toda sua raiva, e era muita raiva guardada.

— Você é um imbecil. O maior acerto da minha vida foi não ter dado o seu sobrenome à minha filha.

— Nossa. Você não fez a menina sozinha, Rafa.

— Mas cuidei, eduquei, criei, passei noites em claro. Não fiz sozinha, porque a minha esposa assumiu a responsabilidade que era sua. A Lua não tem pai, ela tem duas mães.

— Fez porque quis. Se tivesse aceitado meu pedido de casamento tu ia ter vida de rainha junto com a nossa filha.

— Eu não vou deixar você chegar perto da minha filha.

— Eu sou pai! Tenho meus direitos.

— Você demorou quinze anos pra descobrir isso?

Marcelo suspirou frustrado. Não imaginava que seria assim. Pensou que Rafaella ficaria grata em vê-lo, ainda mais agora estava se mudando oficialmente para o Rio de Janeiro. Quem sabe não conseguia conquistar de novo a mulher? Tinha conseguido uma vez, podia conseguir uma segunda.

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora