Rotina nova

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oi bbs, sei que vcs estão achando que saimos da era clean, mas a era clean nunca deixou de estar presente, então aproveitem as boiolices que tem de sobra nesse capítulo



Rafaella tentou ignorar os seus sentidos quanto ao que achou no jaleco de Bianca, imaginando que não devia ser nada demais. Até porque se fosse, Bianca contaria. Ou não contaria?

Rafaella gostava de acreditar que não tinha segredos em seu casamento, principalmente depois de uma conversa que tiveram num passado próximo. Bianca não quebraria sua confiança daquela forma. Ou quebraria?

Não ia perder seu tempo pensando a respeito daquilo. Estava tudo bem. Continuaria assim. Fizeram amor naquela noite, tão intensamente e com tanta paixão que a loira deixou aquele assunto de lado.

Na manhã seguinte, continuou sua rotina ao lado da esposa se dividindo entre levar os filhos na escola, ir para o trabalho e continuar o dia a partir dali. Bianca não iria trabalhar naquele dia, pois a noite teria um plantão de 24 horas, o que fez a morena passar o dia em casa sozinha.

Rafaella segurou a vontade de ligar para a esposa a cada vinte minutos. Algo em seu coração lhe dizia para não se preocupar, estava tudo bem, mas outra parte criava mil e uma teorias para achar a razão daquele tíquete.

Inconformada com os próprios pensamentos, Rafaella deixou de pensar naquilo. Ou ao menos tentou com muita veemência.

Chegou o jantar de anunciação que Bianca tanto esperou. Depois de muita insistência, tanto por Rafaella quanto pelo pai, a médica aceitou o cargo. Estava feliz em assumir algo grande, mas ainda tinha seus receios acerca dele. Teve que ponderar sobre suas prioridades, e fazer cirurgias não seria mais possível pelo trabalho de gestão que assumiria. Ou faria as cirurgias e faltava em casa. Isso jamais seria uma opção. Preferia se ver longe das salas cirúrgicas a fazer Rafaella sofrer como antes. Tinha dado sua palavra à Lua.

Rafaella sentiu o desânimo da esposa com a decisão de parar com as cirurgias, mas entendeu que existia uma necessidade de escolha que Bianca já tinha feito. Agora era quase diretora do hospital referência da capital carioca. Quase porque estava em processo de transição junto ao pai. Uma situação que consumia de Bianca mais do que ela imaginava.

Se passava das nove quando Rafaella voltou da casa da mãe naquele sábado. A casa estava em uma escuridão de assustar qualquer um. Buscou uma garrafa de água na geladeira e caminhou para onde imaginava encontrar Bianca. A porta do escritório estava entreaberta com uma luz escapando pelas frestas. Rafaella bateu antes de entrar e encontrar a morena com óculos de leitura olhando concentrada para a tela do computador.

— Oi, amor. Chegou há muito tempo?

— Não. Acabei de chegar.

Bianca retirou os óculos esfregando os olhos com os dedos sentindo um sono tão intenso que quase piscou profundamente. Assim que abriu os olhos não encontrou Rafaella em sua frente.

— Você está aqui desde que eu saí com as crianças?

A voz veio de trás, tão baixa e sorrateira que Bianca sentiu o coração bater rápido pelo susto. Rafaella deslizou uma das mãos pelo seu tronco, subindo e descendo numa lentidão torturante. Bianca suspirou. Estava cansada, mas não estava morta.

— Sim. Não imaginei que teria que ler tanto, não cheguei nem na metade do documento que meu pai me mandou.

— Você não fez uma pausa?

— Não. Quero dizer, eu saí algumas vezes pra ir ao banheiro e beber água. Isso conta?

— Não conta não. Você vai ter uma síncope se ficar tanto tempo na frente desse computador.

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora