A escolha de Andrade - Rabia

Inferno pessoal

Bianca se jogou no sofá caro e branco da casa de Marcela assim que chegou à casa da irmã, mas antes que a mulher pudesse fechar os olhos e se entregar ao sono, a loira empurrou a morena do móvel.

No chão, completamente chocada com aquela atitude, Bianca encarou a irmã com dúvida nos olhos.

— Esse sofá custou quase dez mil. Você está podre de bebida barata, não vou deixar você chegar perto dele. Saí daí, Bianca.

— Porra, Marcela, minha mulher pediu o divórcio e você preocupada com um sofá?

Se levantando do chão com dificuldade graças ao estado de embriaguez, Bianca se afastou do móvel sob o olhar sério da loira.

— Eu acho é pouco, sua otária. Que porra você estava na cabeça, Bianca? Dirigir toda manguaçada assim!

— Eu não tinha o que fazer.

Marcela estava horrorizada com o estado da irmã. Quando recebeu a ligação da morena minutos antes, a loira ficou sem saber o que pensar. Bianca estava em uma rua próxima da casa dos pais de Rafaella esperando que Marcela a buscasse. A morena não tinha condições para dirigir e ela sabia muito bem daquilo, só não sabia que Marcela seria tão hostil com ela.

— Vamos tomar um banho bem gelado pra você acordar, depois a gente conversa.

Bianca até tentou resistir, mas quando percebeu, Marcela já a empurrava para dentro do box com o chuveiro ligado. A água fria fazia o corpo da mulher tremer de frio, e aquilo nem mesmo fez Marcela amolecer.

Saber que Rafaella finalmente tinha pedido o divórcio deixava a loira aliviada. Tinha visto de perto todo o sofrimento da cunhada, das discussões intermináveis e desgastantes. Marcela amava a irmã, mas não ignorava os muitos erros que ela cometia sem nem se dar conta. Bianca queria uma única coisa, e ela estava prestes a conseguir, mas assim que assumisse o cargo do pai, a morena não voltaria a ter a família nunca mais.

Todo mundo sabia disso, menos é claro, a própria.

— Agora você vai deitar aí e dormir um pouco. Vou ligar pra Rafa, porque você saiu da casa dos pais dela na doida, e a mulher está morta de preocupação. Parabéns, Bianca! Você é uma imbecil.

— Não fala assim comigo.

Bianca se jogou na cama enterrando o rosto no travesseiro. Sabia que quando acordasse, Marcela iria acabar com ela em um sermão de longas horas, mas mesmo sabendo ela não ouviria somente calada. Tinha cometido alguns erros, mas era humana. Todo mundo erra.

— Eu vou falar é coisa pior, Bianca. Agora descansa um pouco, quando você acordar vai morrer em arrependimento, mas vai ser difícil escolher uma coisa só pra se arrepender.

Distante dali, Rafaella tentava não enlouquecer sem notícias de Bianca. Assim que os filhos acordaram, a loira teve que fingir que estava tudo bem para não preocupá-los, mas por dentro Rafaella estava a um passo da loucura. Não tinha conseguido falar com a morena, e a única pessoa da família Andrade que Rafaella conseguiu contato era Marcela. Não queria preocupar os sogros e Flayslane era a última opção.

No meio da manhã, Rafaella recebeu notícias da mulher. Ela estava bem na casa da irmã mais nova. Saber daquilo fez Rafaella suspirar aliviada. Ao menos Bianca não tinha batido o carro em um poste. Já era um começo.

— A mamãe não vem hoje?

Assim que viu a mãe sozinha, Lua aproveitou a oportunidade para fazer o questionamento que queria. A adolescente já imaginava que as mães deviam ter tido uma discussão na noite anterior, quando Bianca foi para o hospital, Lua percebeu que a morena tinha feito a sua última escolha. A mãe não ia voltar atrás nas próprias decisões. Ao escolher o hospital daquela vez, Bianca tinha assinado o próprio divórcio sem saber. Até mesmo Lua sabia disso, e a garota não sabia definir muito bem o que sentia a respeito.