Mudanças inesperadas

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Bianca acordou no dia seguinte sentindo que um caminhão tinha passado por cima do seu corpo. Aos poucos, enquanto tentava se manter acordada, a morena ia tendo lapsos de memória da noite anterior e consequentemente da sua madrugada. Assim que se lembrou de Rafaella lhe pegando no flagra, ao chegar pela madrugada em casa, Bianca abriu os olhos se arrependendo logo em seguida.

A dor latente na cabeça só não era pior do que o que tinha feito na madrugada.

Rafaella ia acabar com ela, Bianca sabia disso. Estava até surpresa pela esposa não ter começado a retaliação durante a madrugada, mas não era do feitio de Rafaella tornar as coisas difíceis. Se estava com roupas limpas, de banho tomado era porque a loira tinha ajudado ela. Coisa que Rafaella não precisava ter feito.

Com aquela ressaca infernal, a morena desceu até a cozinha depois de engolir alguns analgésicos para tentar conter aquela dor terrível. Ela sabia que merecia, mas ainda sim tentaria dar um jeito no mal estar.

— O negócio tá feio mesmo, eim, doutora.

Olhando com dificuldade a filha jogada no sofá da sala, Bianca mudou o rumo dos seus passos se aproximando da garota. Provavelmente, Rafaella tinha se arrependido de dizer que a garota iria para a escola mesmo chegando no meio da madrugada em casa.

Bianca quem era a responsável naquela situação, ela quem deveria ser responsabilizada, não a filha.

— Eu estou a um passo da morte, filha. Eu juro que nunca mais eu bebo na vida.

Se jogando no móvel perpendicular ao que a filha estava, Bianca enterrou o rosto no assento confortável sentindo o latejar em sua cabeça. Aquela dor iria consumi-la, ela sabia disso.

Lua riu das palavras da mãe. Sabia que era um desejo verdadeiro da morena, mas logo voltaria a beber em outra comemoração, em jantares, em premiações. Ninguém nunca deixa de beber depois de uma ressaca terrível.

— Não queria piorar a situação, mas a mamãe só faltou botar a casa abaixo quando viu que o carro dela não estava na garagem. Eu aliviei sua barra, mas a gente precisa buscar o carro dela.

Confusa com aquela informação, Bianca tentou forçar a memória para descobrir onde o SUV da esposa estava, mas tudo que lembrava era de alguns flashs da festa de comemoração e de chegar em casa sendo carregada pela filha.

— Eu juro que nunca mais bebo na vida. Desculpa, filha. Eu sou uma idiota.

— Você já tem muito pra resolver com a mamãe, não se preocupa comigo.

— Ela vai me matar...

Bianca até via com clareza Rafaella gritando aos quatros ventos que a morena era uma irresponsável, uma grande idiota, e outras dezenas de ofensas. E daquela vez, mesmo não gostando, Bianca teria que concordar com a esposa. Tinha sido muito imprudente aceitando o convite dos desconhecidos, de ter levado a filha em uma festa como aquela. Bianca queria se afundar em um buraco.

— Calma, doutora, a gente tem coisas pra resolver.

— Temos?

— Seu celular, sua carteira, o carro da mamãe.

— Calma, eu não estou lembrando disso. Roubaram o carro da sua mãe?

Lua até achou graça da falta de lembrança da mãe. A adolescente tinha visto a mãe em uma alegria intensa no barracão da festa, bebendo algumas cervejas. Quando a garota percebeu, a mulher já estava mais do que alta, desejando prolongar a estadia das duas com o grupo que lá estavam. Foi uma ideia idiota, até mesmo a adolescente sabia disso.

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora