A rebeldia de Lua

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pegam os coletes que vem tiro por aí


Rafaella saiu de casa sem nem olhar para a esposa com um misto do sabor da vingança junto de uma agonia profunda. Não queria brigar à toa, nem mesmo achar novos motivos para discutir, mas quando se deu conta o desabafo já tinha fugido dos seus lábios acertando em cheio a morena.

Bianca estava próximo do desespero.

Mesmo dividindo uma noite maravilhosa, Rafaella ainda foi capaz de falar aquele absurdo, é porque as coisas estavam verdadeiramente ferradas. E a mulher não conseguia lidar com a ideia de um divórcio naquela altura. Era apaixonada por Rafaella, apaixonada desde que se beijaram na praia durante a virada do ano. Eram quase dezesseis anos do acontecimento, mas ainda sentia o peito queimar em paixão ao se recordar dos lábios se tocando durante a queima de fogos.

Não podia deixar toda a história que construíram ser jogada no lixo. Aquilo era no mínimo ultrajante. Bianca precisava agir.

Esperando os filhos na porta da escola, a morena pesquisava em um site de compras alguma coisa que seria um bom presente para a esposa. Sabia que não compraria o perdão da loira com uma jóia cara, mas ainda sim queria presenteá-la com algo. Imersa no site chamativo, Bianca se assustou ao ouvir batidas no vidro do carro lhe tirando da sua concentração.

— Assustou por quê, Andrade?

Ajeitando o irmão na cadeirinha no banco de trás, Lua perguntou com um sorriso de canto nos lábios. Ao ver o sorrisinho no rosto da filha, Bianca bloqueou o celular o colocando no suporte da porta.

— Não é da sua conta, garota. Tá cheia de gracinhas pro meu lado, né?

— Estou. Não é isso que os filhos fazem?

Terminando de ajeitar o garoto no banco, Lua saiu do carro para ocupar o lugar ao lado da mãe no banco da frente.

— Oi, meu campeão, como foi na escola?

Acariciando a mão pequena do garoto, Bianca se inclinou no banco para alcançar o filho no banco traseiro.

Movimentando as pernas animado, Anthony sorriu abertamente ao se lembrar do dia satisfatório na escola e do domingo na casa dos avós. O caçula era o xodó da família Kalimann, encantando todos com a sua doçura infantil e educação impecável.

Rafaella e Bianca fizeram um bom trabalho.

— Eu consegui escrever o seu nome e o da mamãe. Tá no meu caderno.

— Uau! Eu não tenho um filho, eu tenho um pequeno Einstein. Depois eu quero ver. Mas não é de se estranhar, eu aprendi a ler e a escrever na sua idade. A genética dos Andrades é impecável.

— Aí, mãe, para com essas coisas. Ninguém aguenta isso mais.

Revirando os olhos pelo comentário da mãe, Lua ajeitou o cinto de segurança já conectando o celular no display do carro.

— Eu só estou incentivando seu irmão. Não precisa sentir ciúmes.

— E eu não estou. As vantagens de ter um irmão mais novo é que você e a mamãe mal têm tempo pra me controlar.

— E nós precisaríamos fazer isso?

Arqueando uma sobrancelha em desafio para a adolescente, Bianca finalmente arrancou com o carro deixando a escola para trás.

— Claro que não, sou uma garota muito comportada. Assim como você foi na adolescência, não é?

Sorrindo provocativa para a mãe, Lua viu o semblante de Bianca mudar completamente. A adolescente adorava provocar a médica, era uma relação saudável de amor e implicância. As duas se davam muito bem.

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora