O adotado

2K 186 123
                                    

e vamos de cap bem boiolinha pq ao menos aqui ces podem aproveitar rsrs


Tarde do dia 18 de agosto, 2006

Entre "com licença" e "desculpe", Bianca corria pelos corredores do hospital maternidade, desviando sempre que uma pessoa entrava em seu caminho. A jovem estudante ainda vestia o jaleco, por não ter tido tempo de tirá-lo na ida até o prédio, tamanho foi seu desespero para chegar o quanto antes no lugar.

Assim que avistou o senhor de idade de braços cruzados sentado em uma cadeira na sala de espera, Bianca apressou ainda mais seu passo se aproximando do, ainda não oficial, sogro. Foi ali que sua ficha caiu. Estava prestes a conhecer sua primogênita, a sua filha junto de Rafaella.

Os olhos encheram de lágrimas, assim como o peito de felicidade. Queria sair saltitando pelo corredor, mas se conteve em dar um abraço rápido no homem, sentando-se ao seu lado. Então tirou o jaleco, para não ser confundida com nenhum médico dali, e o guardou na mochila que carregava nas costas, buscando apenas uma forma de descontar sua ansiedade.

— Por que não me ligou antes, Tião? A Rafa tá a quanto tempo em trabalho de parto? — Bianca questionou encarando o olhar tranquilo do senhor, apesar de cansado. Estava sentado naquela cadeira desconfortável a mais tempo do que gostaria, e sabia que permaneceria assim por muito mais.

— A Rafa pediu pra que eu ligasse só mais tarde, por conta da prova que você teria por agora. — respondeu o senhor, dando de ombros.

— Que prova o que, Tião! É a minha filha nascendo, tu acha que eu tô preocupada com prova da faculdade? Eu devia estar com a Rafa agora... Minha família é a minha prioridade. Foda-se faculdade. Depois eu faço a recuperação.

— Relaxa, Bia. É demorado assim, você sabe melhor do que eu já que estuda medicina. Você vai levar chá de cadeira comigo, isso sim.

Bianca sabia que era verdade, mas isso não diminuía o fato de querer estar ali desde que Rafaella tivesse pisado o pé no chão do hospital. Se não fosse pela teimosia da, ainda não oficial, namorada, Bianca teria estado em cada momento desde a primeira contração até o nascimento da filha.

— Eu sei que demora, Tião, mas é minha filha e...

— Bianca, eu gostaria de ter uma conversa com você, querida. — sob um olhar sério do sogro, a jovem se ajeitou na cadeira, sentindo o estômago revirar em nervosismo. Normalmente, o pai de Rafaella costumava a ser brincalhão demais, sempre com uma piada na ponta da língua, vê-lo tão sério deixava a morena meio nervosa. — É a minha filha na sala de parto. Que por mais que esteja virando mãe, não deixa de ser a minha garotinha. Então, se você está apenas brincando de casinha, pare agora. Filho é uma responsabilidade gigantesca, e não tem como se livrar disso, entendeu? Você tá mesmo preparada pra ser mãe? Porque eu não posso deixar você dar esperanças à minha filha pra abandoná-la depois.

Bianca engoliu em seco, sentindo a seriedade das palavras do homem. A resposta estava na ponta da língua, não tinha nem o que pensar. Queria Rafaella para toda sua vida, e aquele bebê que ela estava dando à luz era mais um motivo para Bianca ter certeza de que queria passar o restante da sua vida ao lado de Rafaella. Nada no mundo faria a jovem desistir da namorada.

— Eu amo sua filha, Tião. Ela é a mulher da minha vida. Eu sei que é. E aquela garotinha que está vindo ao mundo, é tão minha filha quanto da Rafa. Minha filha tá nascendo, Tião! Minha filha! Eu não sei nem o que pensar. Só quero fazer minha mulher feliz. A gente vai ter uma família linda, tu vai ver, sogrão.

A escolha de Andrade - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora