Alex parou diante de um amontoado de pedras formadas basicamente de prata bruta e que os homens e anões, que mineravam, acumulavam ao lado deles. Pegou um velho balde de madeira em meio a vários disponíveis, em um canto, e começou a enchê-lo. Após completá-lo até quase a metade, percebeu que o peso estava excessivo e decidiu que era o suficiente para a primeira viagem. Levantou o balde com certa dificuldade e seguiu em direção à saída. Seria um longo percurso de volta até a entrada da mina.
Ao dar alguns passos tortuosos, uma voz já ouvida antes chamou a sua atenção:
— Baldes cheios, novato. Desse jeito no fim do dia não vai ter levado nada. Isso aqui não é um passeio no bosque.
Alex olhou para trás e se deparou com o mesmo jovem musculoso com cara de sapo que o impediu de sentar-se à mesa mais cedo, acompanhado de mais dois jovens mal encarados que sorriram com a piada nada engraçada, pareciam tão idiotas quanto o que a contou. Resolveu ignorar e continuar o trajeto.
— Não me ouviu, novato? Eu disse: baldes cheios — insistiu o rapaz.
— Sim, eu ouvi, não sou surdo — respondeu Alex, ainda seguindo seu caminho —, mas já estou no meu limite, obrigado pela ajuda.
O jovem se aproximou bruscamente de Alex e o agarrou pelos ombros, fazendo o balde cair de suas mãos e espalhar todo o conteúdo pelo chão.
— Que desastrado, agora vai ter que juntar tudo novamente. Aproveita e encha o balde — bradou o rapaz, empurrando Alex que caiu de joelhos no chão ao lado dos minérios, Alex sentiu um líquido pegajoso escorrendo por eles, provavelmente sangue. — Você acha que estou de brincadeira com você, novato?
— Algum problema, Andrew? — perguntou Eminael que acabara de chegar. — Sempre causando problemas, não é mesmo?
— Cale-se, seu velho, não se intrometa em assuntos que não são de seu interesse, vá cuidar de seu trabalho — respondeu Andrew, se aproximando ameaçadoramente de Eminael, junto de seus dois companheiros, esquecendo momentaneamente de Alex que começou a recolher rapidamente os minérios de prata e colocá-los de volta no balde.
— Por acaso, não consegue enfrentar um velho sozinho? — perguntou Eminael, sem mover um músculo diante da ameaça dos jovens. — Precisa se esconder atrás destes cães sarnentos?
Andrew ergueu um punho cerrado em direção a Eminael, que continuou parado friamente. Porém, parou o golpe no ar, a poucos centímetros do rosto dele.
— É isso o que você quer, não é? — perguntou Andrew. — Quer ter um motivo para me tirarem desta ala, mas não darei esse gostinho a você. Vamos, rapazes. E você, seu desastrado — Andrew derrubou mais uma vez o balde dos braços de Alex, espalhando mais uma vez os minérios no chão —, ainda vamos nos cruzar muito por estes corredores.
Os três saíram de perto de Alex e desaparecem na imensidão apertada e pouco iluminada da galeria.
— Obrigado, Eminael — agradeceu Alex, se abaixando para recolher todo o minério, sentindo uma leve ardência nos joelhos. — O que tem de errado com eles?
— Baderneiros, não fazem nada aqui a não ser criar confusão. Você é carne fresca para eles, mas logo te esquecerão. Vamos, eu te acompanho até a saída. Precisa de ajuda com o balde?
— Não, não preciso de ajuda com o balde, eu consigo carregá-lo — respondeu Alex, enquanto juntava toda a prata, se levantava e seguia em direção à saída, carregando o balde com certa dificuldade. — Obrigado por me acompanhar. Agora, o que fazem com toda essa prata?
— Bem, basicamente tudo. Aqui mesmo ela é derretida, transformada em barras e vai diretamente para o Reino da Prata Azul — respondeu Eminael, enquanto andava ao seu lado, carregando dois baldes abarrotados de minério, um em cada mão. — A moeda do reino é feita de prata, joias, objetos de decoração, armas e armaduras, mas imagino que a maioria das barras de prata vá parar no Porto de Agapanto, direto para o Velho Continente.
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A Espada de Prata - O arauto do gelo
FantasyEm uma era sombria marcada pela guerra, após cair em uma armadilha, Alexander Muller, um jovem morador do Reino da Prata Azul localizado no místico continente de Malicerus, acaba sendo separado de sua família e de seus amigos, e é enviado como um cr...