Capítulo 35 - A história de Eminael

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Alex parou diante de um amontoado de pedras formadas basicamente de prata bruta e que os homens e anões, que mineravam, acumulavam ao lado deles. Pegou um velho balde de madeira em meio a vários disponíveis, em um canto, e começou a enchê-lo. Após completá-lo até quase a metade, percebeu que o peso estava excessivo e decidiu que era o suficiente para a primeira viagem. Levantou o balde com certa dificuldade e seguiu em direção à saída. Seria um longo percurso de volta até a entrada da mina.

Ao dar alguns passos tortuosos, uma voz já ouvida antes chamou a sua atenção:

— Baldes cheios, novato. Desse jeito no fim do dia não vai ter levado nada. Isso aqui não é um passeio no bosque.

Alex olhou para trás e se deparou com o mesmo jovem musculoso com cara de sapo que o impediu de sentar-se à mesa mais cedo, acompanhado de mais dois jovens mal encarados que sorriram com a piada nada engraçada, pareciam tão idiotas quanto o que a contou. Resolveu ignorar e continuar o trajeto.

— Não me ouviu, novato? Eu disse: baldes cheios — insistiu o rapaz.

— Sim, eu ouvi, não sou surdo — respondeu Alex, ainda seguindo seu caminho —, mas já estou no meu limite, obrigado pela ajuda.

O jovem se aproximou bruscamente de Alex e o agarrou pelos ombros, fazendo o balde cair de suas mãos e espalhar todo o conteúdo pelo chão.

— Que desastrado, agora vai ter que juntar tudo novamente. Aproveita e encha o balde — bradou o rapaz, empurrando Alex que caiu de joelhos no chão ao lado dos minérios, Alex sentiu um líquido pegajoso escorrendo por eles, provavelmente sangue. — Você acha que estou de brincadeira com você, novato?

— Algum problema, Andrew? — perguntou Eminael que acabara de chegar. — Sempre causando problemas, não é mesmo?

— Cale-se, seu velho, não se intrometa em assuntos que não são de seu interesse, vá cuidar de seu trabalho — respondeu Andrew, se aproximando ameaçadoramente de Eminael, junto de seus dois companheiros, esquecendo momentaneamente de Alex que começou a recolher rapidamente os minérios de prata e colocá-los de volta no balde.

— Por acaso, não consegue enfrentar um velho sozinho? — perguntou Eminael, sem mover um músculo diante da ameaça dos jovens. — Precisa se esconder atrás destes cães sarnentos?

Andrew ergueu um punho cerrado em direção a Eminael, que continuou parado friamente. Porém, parou o golpe no ar, a poucos centímetros do rosto dele.

— É isso o que você quer, não é? — perguntou Andrew. — Quer ter um motivo para me tirarem desta ala, mas não darei esse gostinho a você. Vamos, rapazes. E você, seu desastrado — Andrew derrubou mais uma vez o balde dos braços de Alex, espalhando mais uma vez os minérios no chão —, ainda vamos nos cruzar muito por estes corredores.

Os três saíram de perto de Alex e desaparecem na imensidão apertada e pouco iluminada da galeria.

— Obrigado, Eminael — agradeceu Alex, se abaixando para recolher todo o minério, sentindo uma leve ardência nos joelhos. — O que tem de errado com eles?

— Baderneiros, não fazem nada aqui a não ser criar confusão. Você é carne fresca para eles, mas logo te esquecerão. Vamos, eu te acompanho até a saída. Precisa de ajuda com o balde?

— Não, não preciso de ajuda com o balde, eu consigo carregá-lo — respondeu Alex, enquanto juntava toda a prata, se levantava e seguia em direção à saída, carregando o balde com certa dificuldade. — Obrigado por me acompanhar. Agora, o que fazem com toda essa prata?

— Bem, basicamente tudo. Aqui mesmo ela é derretida, transformada em barras e vai diretamente para o Reino da Prata Azul — respondeu Eminael, enquanto andava ao seu lado, carregando dois baldes abarrotados de minério, um em cada mão. — A moeda do reino é feita de prata, joias, objetos de decoração, armas e armaduras, mas imagino que a maioria das barras de prata vá parar no Porto de Agapanto, direto para o Velho Continente.

A Espada de Prata - O arauto do geloOnde histórias criam vida. Descubra agora