Capítulo 46 - Fogo e enxofre

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No caminho, eles passaram mais uma vez pela forja, onde Alex havia trabalhado pela manhã. Atravessaram os alojamentos dos exilados de alta periculosidade, onde alguns ainda se alimentavam, e fizeram outro trajeto descendo mais ainda em uma parte externa, até a entrada de outra mina maior que a da ala superior e que Alex ainda não havia conhecido.

Adentraram em uma enorme cúpula escavada na rocha, repleta de passagens pequenas e uma grande passagem central. Alex foi levado pelo guarda até um homem de cara fechada, grande e corpulento, que estava parado ao lado da maior entrada. Alex notou que o homem não estava algemado.

— O comandante ordenou que este garoto vá trabalhar dentro da mina, na parte mais profunda — falou o guarda para o homem que olhou Alex de cima abaixo com desconfiança.

— Ele está ficando louco? — questionou o homem. — Este garoto não vai durar um dia lá. Nós só enviamos para as profundezas quem recebe sentença de morte.

— Louco ele sempre foi, mas acho que é esse o caso, ele foi sentenciado — respondeu o guarda.

Alex estremeceu de medo.

Que lugar terrível seria esse? ele pensou

— E não é só ele — continuou o cavaleiro —, aquele jovem novato que acaba de chegar irá junto. Parece que ele quer se livrar dos dois de uma vez.

— Que seja — respondeu o homem de cara amarrada. — Traga-o aqui também, vamos descer todos juntos. O caminho é longo.

O guarda saiu à procura de Andrew, enquanto o homem começou a encarar Alex.

— Como se chama, garoto?

— Alexander, senhor.

— Pode me chamar de Gustav, o seu carrasco — disse o homem gargalhando. — Brincadeira garoto. Escute bem o que vou te dizer. Aquele lugar não é para um jovem franzino igual você, mas você deve ter irritado muito aquele velho. Lá embaixo só existe fogo e escuridão. Um passo em falso e você cairá em um abismo, um movimento errado e você estará morto. Você irá ao lugar mais profundo que aqueles anões traidores conseguiram cavar nesta montanha antes de dominá-la. Mas se você seguir à risca minhas instruções, talvez conseguirá voltar de lá com vida no fim do dia.

Alex se lembrou de Hugo ter comentado que aquela parte das minas era propícia para os anões, mas era inóspita para os homens.

— Por que os anões não trabalham nessa parte da mina? — questionou Alex.

— Porque eles são bons escavadores, acho que tiraram eles desta parte porque temiam que escavassem tanto que encontrassem uma saída daqui — respondeu Gustav. — Por isso deixaram eles apenas na parte superior da montanha, mais controlados. Lá, eles não conseguem fugir e ficam distantes de coisas mais... explosivas.

— Como assim, explosivas?

Andrew chegou acompanhado do guarda que o deixou ao lado de Alex e saiu.

— Então é isso, sou Gustav, seu carrasco — começou a explicar o homem para Andrew, contando todos os detalhes sobre o fogo e o abismo abaixo deles. Andrew ficou calado de cara amarrado, não demonstrando interesse pelo relato exaltado do anfitrião. — Não precisa se apresentar, rapaz, você já é famoso aqui desde que chegou. Andrew o encrenqueiro. Acha que o mundo gira em torno do seu nariz? Imagino que vai ser uma boa experiência para vocês. Sigam-me.

Os dois seguiram caverna adentro atrás do guia. Logo de cara, Alex já sentiu o clima esquentar repentinamente. A sensação aumentava mais e mais conforme desciam o caminho escuro e tortuoso cheio de pedras soltas. Andaram por vários minutos, por um caminho que descia cada vez mais, fazendo curvas de tempos em tempos. Vez ou outra passavam por algumas bifurcações e raramente encontravam alguém passando acorrentado, voltando da mina. Não dava para enxergar muita coisa, a iluminação era precária.

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2021 ⏰

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