Capítulo 43 - O arauto do caos

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Após o trágico incidente no Vale Profundo envolvendo o trol, Alex foi realocado em sua antiga função de transportador de minérios junto a Eminael e Andrew, e a caça na região foi temporariamente suspensa. Os dois dias seguintes ao acontecido foram tortuosos, e as noites cheias de pesadelos com o anão sendo esmagado pelas mãos do gigante. Hugo passou a tratar Alex pior ainda, alegando que Alex deixou seu familiar para trás para morrer, aumentando mais ainda a dor que Alex carregava.

No terceiro dia após a tragédia no vale, Alex foi acordado antes do nascer do sol novamente por um toque diferente da costumeira trombeta que sempre ouvia todas as manhãs. Era um toque longo, contínuo. Chegava a incomodar. Este som só havia sido ouvido uma vez até então.

— Levante-se, imprestável, rápido! — gritou Hugo que também havia acabado de acordar todo desgrenhado. — Este é o aviso para nos reunirmos no pátio. Alguma coisa aconteceu. Normalmente só nos reúnem para a conferência semanal, mas hoje não é o dia ainda. Acho que alguém tentou fugir e vai ser executado em público.

— O quê? Como assim? — perguntou Alex desnorteado. Era só o que faltava, presenciar uma execução pública.

— Cala a boca e anda logo!

Alex pensou em falar mais alguma coisa, mas decidiu apenas obedecer. Ao longo dos dias, o anão ainda se mostrava irredutível e qualquer comentário por parte de Alex era um motivo para uma resposta curta e grossa. Alex usava sobre o velho gibão surrado o casaco de pele que estava sendo seu melhor companheiro nos últimos dias, mesmo assim não era suficiente para amenizar o frio daquela manhã que estava especialmente mais gelada que as outras.

Alex se lembrou de que, na noite anterior, Hugo havia sido convocado até o covil do comandante, no alojamento dos cavaleiros, para tratar de assuntos particulares, o que Alex achou muito suspeito. Quando voltou, falou algo sobre um arauto do reino gelado, na hora ele não deu importância, mas agora tudo possivelmente estaria relacionado.

Ao sair para o pátio, seguiu Hugo até o portão, onde muitos já se aglomeravam sem entender o que estava acontecendo assim como ele. Logo, ele avistou Sir Hector rodeado por vários guardas de armadura prateada; o comandante segurava uma tocha em uma mão e uma espada prateada cheia de pedras e aparentemente bem afiada na outra.

— Todos me sigam até a ala principal imediatamente! — ordenou Sir Hector, gesticulando com a espada e se encaminhando para a estrada através do portão de ferro que os levariam diretamente para a primeira ala, onde ficavam os alojamentos dos cavaleiros.

Logo atrás, em meio a muitos resmungos, seguiram os homens e os anões, todos com cara de sono e mal-humorados como sempre ficavam quando tinham que levantar mais cedo que o habitual. Pelo menos nisso parecia que os anões concordavam com os homens.

Eles seguiram o caminho aberto através de um frio cortante e do gelo que caía até adentrarem no pátio da ala principal que era iluminado e aquecido por uma grande pira central. Foi onde Alex avistou, pela primeira vez, o grupo de criminosos de alta periculosidade já a postos, separados dos demais, todos com pés e mãos algemados.

Alex começou a percorrer o grupo de homens mal-encarados com os olhos, a fim de localizar Bernard. Desde quando chegaram às minas, nunca mais haviam se falado e estava curioso para tirar mais informações do misterioso homem. Ele pensou que Ethel teria adorado falar com Bernard, pois aparentemente ele sabia mais sobre elfos e sobre os outros povos que viviam no continente antes da invasão do homem do que qualquer outra pessoa conhecida.

Em uma das pontas do amontoado de homens do grupo algemado se encontrava Bernard. Estava com uma aparência pior do que quando chegaram. Alex imaginou que o trabalho nas profundezas da mina era mais pesado, mas parecia mais que Bernard estava sofrendo tortura diária, do tanto que estava horripilante. Ele automaticamente tentou se dirigir em direção ao grupo de alto risco, mas foi interrompido por Eminael que surgiu ao seu lado perguntando:

A Espada de Prata - O arauto do geloOnde histórias criam vida. Descubra agora