— Exijo falar com o príncipe Krayvhus! — bradou Ethel diante de dois guardas de armadura prateada que protegiam a entrada dos jardins reais. Ethel vestia uma capa vermelha empoeirada que achou no porão da sua casa, junto com as coisas do seu pai. Havia sido uma tentativa de não chamar muito a atenção por onde passava, mas estranhamente ela estava com a sensação de que a capa com um capuz que cobriam suas vestes "masculinas" e sua cabeleira solta e volumosa chamava mais ainda a atenção. Ethel não entendeu bem o por que.
— Dê o fora, mestiça, o rei deu ordens expressas para que a mantivesse distante do castelo — ordenou um dos guardas que empunhava uma longa lança em posição defensiva.
— Eu preciso falar com o príncipe agora! Deixem-me entrar! — Ethel se jogou contra os guardas, forçando a passagem. A única coisa visível era a cavalariça logo na entrada, o movimento lá era pequeno, pois a maioria dos guardas deveria estar em torno da sala do trono. O outro guarda a agarrou pelos ombros, a empurrou para trás e gritou:
— Não tente isso novamente, mestiça! Não pense que por ser filha de uma conselheira do rei que não será punida. Mais uma gracinha e te levo para o calabouço.
Ethel se deu por vencida, se recompôs e deu as costas. Não deu nem dois passos completos e avistou uma pedra solta na rua calçada. Uma carruagem passou por ela e seguiu adiante. Uma ideia passou por sua cabeça, uma ideia estúpida, mas era a única alternativa, tinha que improvisar. Ethel pegou a pedra rapidamente, girou nos calcanhares e a arremessou diretamente no elmo de um dos guardas que imediatamente veio em sua direção bradando:
— Você está bem encrencada, mestiça, vai se arrepender disso!
O guarda agarrou Ethel por um dos braços e a conduziu jardim adentro, ameaçando jogá-la nas masmorras geladas no subterrâneo do castelo, Ethel apenas sussurrou:
— Tudo bem, eu mereço.
Ethel foi levada através da cavalariça, empurrada por toda a extensão dos imensos jardins reais, até chegarem próximos ao grande salão, onde o cavaleiro cortou caminho por fora em direção às cozinhas, o mesmo caminho feito na invasão dias atrás. Estava ficando sem tempo, logo seria trancada nas masmorras. Felizmente, bem como já imaginava, ao passarem por uma das cozinhas, Ethel avistou um sujeito de capa preta furtivamente nas sombras atrás de uma coluna, tentando roubar pão coberto com mel e papoulas que os criados acabavam de tirar do forno.
— Krayv! — berrou Ethel, começando a se contorcer nos braços do guarda.
— Ethel? O que faz aqui? — perguntou Krayv visivelmente confuso, largando o pão que roubava e revelando sua identidade ao retirar o capuz, causando revolta nos criados que cozinhavam em frente a fornos quentes, e se aproximando deles. — Para onde a está levando? Solte-a imediatamente.
— Mas milorde, o rei ordenou que... — tentou argumentar o guarda relutante.
— Vai realmente questionar as ordens de um príncipe, cavaleiro? — perguntou Krayv incisivamente, colocando medo até em Ethel.
O guarda se encolheu diante da estatura do príncipe e finalmente soltou o braço de Ethel.
— Por favor, milorde Krayvhus, não conte nada a Sir Alfred, ele me expulsaria da Guarda Real e me enviaria direto para as Minas — pediu ele. — Aquelas Minas não são lugar para nenhum homem colocar os pés, chamam o lugar de o inferno gelado, e ninguém que vai parar lá retorna.
Um calafrio percorreu a espinha de Ethel por baixo de sua capa vermelha e puída.
— Silêncio! — ordenou Krayv. — São só histórias para assustar covardes como você, agora saía, e não se preocupe, não direi nada ao Lorde Comandante, a não ser que repita esta atitude.
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A Espada de Prata - O arauto do gelo
FantasiaEm uma era sombria marcada pela guerra, após cair em uma armadilha, Alexander Muller, um jovem morador do Reino da Prata Azul localizado no místico continente de Malicerus, acaba sendo separado de sua família e de seus amigos, e é enviado como um cr...