Capítulo 31 - Carta

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Espero que gostem, runners!

Boa leitura 📖

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Brenda mantem-se abraçada a mim fazendo pequenos carinhos no meu cabelo e no meu rosto. Eu não sei como cheguei aqui, tudo é um borrão para mim depois do Gally ter morrido nos meus braços, não sei se vim arrastada ou pelo meu próprio pé, não sei o que aconteceu aquela cidade, não sei o que aconteceu ao corpo frio do meu irmão.

Só sei que me salvei, mas ele não. Ele ficou lá, no meio do caos e da destruição, sozinho, sem vida, sem mim. Eu deixei o meu irmão para trás, e isso é algo que nunca poderia mudar, nem nunca poderia corrigir, e eu irei carregar a culpa para o resto da minha vida.

Eu falhei, penso enquanto encaro as minhas mãos sujas com o sangue de Gally, sangue esse que eu não consegui conter, sangue que escorreu pela ferida e sujou as roupas dele, sujou as minhas mãos, sangue que não foi mais bombeado pelo coração dele, coração que parou de bater por causa de uma bala que deveria ter sido para mim.

O meu rosto está molhado, os meus olhos estão a arder, mas as lágrimas já não caem pelo meu rosto, a dor de cabeça é a mais forte que eu alguma vez tivera tido, sinto-me anestesiada pela dor.

- Chloe... - Minho murmura ajoelhando-se à minha frente. – O Newt e o Thomas vão ficar bem. A Isabela diz que eles estão estáveis. Eles vão sobreviver.

- Isso é uma ótima noticia. – Brenda diz agarrando a minha mão, mas eu afasto-a. As minhas mãos têm o sangue dele.

- Eu sei que não é fácil. – Minho fala depois de um tempo de silêncio. – Mas nós temos de fazer com que valha a pena... Por eles.

- Nada valeu a pena. – Murmuro fechando os olhos. – Ele não está aqui...

Minho senta-se ao meu lado e abraça-me tal como Brenda, eu deixo-me estar nos braços dos dois, mas não há nenhum abraço como o do meu irmão, não há nenhuma voz como a dele, não há nenhuma risada como a dele. Nada será igual sem ele.

Gally era a minha força, era a minha segurança, era o meu conselheiro e o meu ouvinte, em todos os momentos ele esteve sempre ao meu lado, agora já não está e nunca mais irá estar e a culpa é minha, eu é que devia ter morrido, não ele.

- Eu perdi-o para sempre... - Digo olhando para as minhas mãos.

- Gostava de ter algo para dizer que te confortasse, Chloe... - Brenda diz afagando o meu cabelo. – Mas a verdade é que não tenho. Eu também perdi um irmão, eu sei o quanto dói.

- Tudo o que eu fiz foi por ele, Brenda... - Encaro-a e vejo algumas lágrimas a caírem pelo rosto dela. – Todas as decisões que tomei foi por ele, para o proteger, para o ver bem... E quando estávamos tão perto de nos livrarmos da CRUEL e de podermos ser felizes, eu perdi-o.

- Eu lamento imenso, Chloe... - Minho diz afagando as minhas costas.

- Hermana... - Olho para cima encarando Jorge, ele abre os braços, eu levanto-me aceitando o abraço dele. – Eu lamento... - Ele murmura ainda abraçado a mim.

- Eu também... - Nós afastamo-nos e ele faz um carinho no meu rosto.

- Ele vai estar sempre a olhar por ti...

Aceno afirmativamente com a cabeça e afasto-me dele, olho para Brenda e Minho e faço-lhes sinal de que vou lá fora, eles preparam-se para se levantar, mas eu abano negativamente a cabeça e eles percebem que eu quero estar sozinha. Ando até ao convés e sento-me numa caixa encarando o mar, eu não faço a mais pequena ideia de como cheguei ao barco.

Running | TMROnde histórias criam vida. Descubra agora