Capítulo 32 - Marcar

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Espero que gostem, runners!

Boa leitura 📖

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Alby, Clint, Teresa, Wintson, Rachel, George, Chuck, Mary .... Estes são apenas alguns dos nomes que estão marcados na pedra. Tantos outros também estão marcados, alguns eu nem sei quem eram.

Tantos que deviam estar aqui, penso enquanto passo os dedos por cima de todos os nomes, há um que tem de ficar aqui marcado também, e só eu o posso fazer. Tentei evitar fazê-lo, marcar o nome dele aqui é como aceitar que ele morreu.

Como é que eu aceito que o meu irmão morreu?, pergunto para mim mesma encarando a faca na minha mão ganhando coragem para começar a marcar o nome dele. Analiso a pedra escolhendo um sítio e começo a marcar o nome dele, e tenho a certeza que é a coisa mais dolorosa que já fiz na minha vida.

Quando termino passo os dedos por cima de cada letra do nome dele impedindo que as lágrimas caiam pelo meu rosto, faço um pequeno golpe no meu dedo indicador desenhando um pequeno coração com o meu sangue ao lado do nome do meu irmão.

- Ele estaria orgulhoso. – A voz do Vince soa perto de mim, ele coloca a mão por cima de um dos meus ombros.

- Ele estaria tão feliz se estivesse aqui. – Murmuro segurando as minhas lágrimas. – Eu falhei, tu disseste para o proteger e eu falhei...

- Tu não falhaste, Chloe... - Vince coloca o braço por cima dos meus ombros abraçando-me. – Tu protegeste-o sempre.

- Ele morreu para me salvar.

- Ele amava-te, filha... Eu sei que tu farias o mesmo por ele, tal como eu faria o mesmo por vocês... Isso é o significado de família e amor.

- Tenho tantas saudades dele...

- Eu tenho saudades da tua mãe... - Ele murmura e tira a faca da minha mão, aproximando-se da pedra.

Ele fica alguns minutos a marcar a pedra e quando se afasta consigo ver o nome Sophia marcado ao lado do nome do Gally, o meu pai volta para o meu lado colocando, outra vez, o braço por cima dos meus ombros e ficamos a encarar a pedra.

- Eu já nem me lembrava do nome dela... - Murmuro depois de um tempo em silêncio olhando para o nome da minha mãe. – Já nem sei como é o rosto dela.. Pai, eu não me quero esquecer do rosto do Gally. Eu não o quero esquecer.

- Tu não vais, filha. E se um dia isso acontecer, eu estarei aqui para te recordar...

Encaro o meu pai durante algum tempo, ele faz um carinho no meu rosto e sorri para mim, mas eu não consigo retribuir. Olho uma vez mais para o nome dele até que me afasto da pedra. O Vince ainda me chama, mas eu continuo a andar ignorando-o.

Aproximo-me da praia, começando a andar à beira-mar, sentido a água e a areia molhada nos meus pés. A água está fria e isso leva-me para os seis meses que passamos perto do mar, a água estava sempre fria, mas mesmo assim eu ia várias vezes para o mar e Gally acompanha-me sempre, mas na maior parte das vezes ele apenas ficava sentado no paredão, a água fria era demais para ele. Ele falava comigo a partir do paredão enquanto eu ficava no mar a nadar de um lado para o outro ou simplesmente a boiar.

Alguém se impulsiona nas minhas costas, fazendo-me desequilibrar e cair, a gargalhada dele é inconfundível e eu reviro os olhos com a sua atitude. Levanto-me e encaro-o séria, ele estica a mão na minha direção, mas eu não o ajudo.

- Então, libelinha... - Theo diz sorrindo de lado. – Pensava que estavas em melhor forma.

- Como é que consegues chamar-me pela alcunha dela?

Running | TMROnde histórias criam vida. Descubra agora