Capítulo 33 - Sentir

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Espero que gostem, runners!

Boa leitura 📖

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O movimento das ondas sempre foi algo que me fascinou, quando a minha família ia à praia, que eram raras as vezes porque o Gally odiava, eu sentava-me na areia a contar as ondas, ficava horas sentada a encarar o mar, criava histórias de sereias na minha imaginação e depois corria para o mar, abraçando as ondas e procurando pelas minhas histórias.

É tudo o que tenho feito neste mês, tenho-me refugiado no mar e nas memórias. Quando o sol amanhece eu levanto-me e sento-me na areia a encarar as ondas, crio histórias na minha mente, histórias em que Gally está presente e feliz ao meu lado, aqui.

- Estás a tapar-me o sol. – Digo de forma calma, e olho para cima vendo Newt a encarar-me com um olhar sério e com as mãos na cintura. – Precisas de alguma coisa?

- Preciso que voltes a ser quem eras.

- Não se pode voltar atrás no tempo. – Arrasto-me para o lado de forma a sair da sombra que Newt está a criar e volto a focar-me no mar.

- Chloe... - Newt senta-se ao meu lado e vira o meu rosto para ele. – Eu juro que tentei respeitar o teu tempo e dar-te o espaço que precisas, mas já passou um mês.

- Eu sei, eu tenho anotado os dias. – Afasto o meu rosto dele e volto a olhar para o mar.

- Merda, Chloe... - Ele suspira de forma pesada e coloca uma mão em cima da minha perna. – Do quê que precisas? Fala comigo.

- Eu não preciso de nada. Está tudo bem.

- Chloe, tu não almoças connosco, não jantas, não participas das nossas noites à fogueira. Tu simplesmente acordas sentas-te aqui a olhar para o mar e quando o sol se põe vais para a tua cabana.

- Sinto-me em paz assim, Newt.

- E eu respeito isso, mas Chloe.. É como se não estivesses aqui. – Newt diz baixo, e eu desvio o meu olhar para ele.

- Estou com ele.

- Chloe, tu não morreste! – Newt diz fala sério e eu encolho os ombros.

- É como se tivesse morrido.

- Não digas isso! – Ele agarra as minhas mãos e olha no fundo dos meus olhos. – Chloe, por favor tu tens de reagir... - Newt diz apertando as minhas mãos com força. – O Gally também te perdeu uma vez..

- Eu estava viva, ele não.

- Chloe, por favor... Volta para nós. – Mantenho-me calada e Newt solta as minhas mãos e levanta-se. – O Gally morreu, mas tu não! Para de agir como se tivesses ficado naquela cidade!

- Eu fiquei! – Digo levantando-me também e encaro Newt. – Eu fique lá com o meu irmão.

- Não! – Newt coloca as mãos nos meus ombros e abana-me. – Tu estás aqui, estás nesta ilha rodeada de pessoas que te amam e tu estás a afastar todos!

- Eu quero o meu irmão de volta, Newt!! - Grito com raiva e suspiro passando a mão pela cara tentando segurar as minhas lágrimas, mas não consigo.

Caio de joelho na areia e começo a chorar, não chorava desde o dia em que escrevi para ele. Newt agacha-se à minha frente e abraça-me fortemente, faz festas no meu cabelo, e vai dizendo algumas palavras de conforto. E aos poucos, começo a acalmar-me.

- Prefiro ver-te a chorar do que completamente apática. – Ele diz enquanto mexe no meu cabelo. – Pensa no teu pai que para além de perder o filho também está a perder a filha. Pensa em mim que fui salvo pela mulher da minha vida e agora não a consigo salvar...

Running | TMROnde histórias criam vida. Descubra agora