DOIS

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"Podemos nos ver amanhã? Acho que temos que resolver isso antes de acontecer alguma coisa. Sei lá"

Largo o celular na cama. Eu tenho que escovar os dentes agora e não responder mensagens de Hector. Ele ainda é coisa demais para eu processar, aparentemente nós não terminamos silenciosamente como eu tinha pensado, ainda havia alguma coisa. Procrastinei para escovar os dentes, levei doze minutos para escovar depois. Quando voltei para a cama havia mais duas mensagens de Enzo. Engraçado, quando estou com vontade de conversar meus amigos somem e quando eu quero sumir, todos eles querem conversar comigo. Nunca entramos em consenso!

Não consigo fazer com que meus dedos digitem uma mensagem para eles. Olho as mensagens de Joyce, mas ela não fala nada de muito importante, só fica relembrando que vai sair, o que faz com que eu esteja mais curioso que o normal. Ela nunca diz com que vai sair, só diz "ei, se lembre que vou sair tal dia e vou dizer a minha mãe que vou estar aí com você".

Pensar nisso me deu mais uma ideia.

Mandei rapidamente uma mensagem para ela.

"Vou a casa de Dan no outro sábado então disse aos meus pais que você iria comigo"

Logo depois fui ver as mensagens de Enzo. Aparentemente ele quer me encontrar ainda hoje perto da casa dele. Frisou muito bem quando escreveu as duas mensagens em caixa alta e cheia de pontos de exclamação.

Às oito horas depois de jantar eu estava pronto para encontrá-lo. Claro que eu tive que dizer aos meus pais que eu iria à casa de Enzo e não a um parque publico no meio da noite apenas para saber o que meu amigo quer após eu suspeitar que ele esteja em crise.

Fiz uma caminhada rápida não só pelo frio, mas porque estou com o celular no bolso da frente e estou com medo de ser assaltado. É mais fácil fingir que andando rápido nada vai me acontecer.

Encontrei Enzo sentado em um banco de madeira perto de uma árvore rodeada pelas próprias raízes.

—Finalmente!

—Eu nem mesmo queria vir — sento-me ao lado dele.

—Eu sabia que você não iria resistir a vir. Não quando ficamos só nós dois.

Afasto-me um pouco de Enzo no banco, ele não percebe minha investida de ficar longe, pois se aproxima mais e agora nossos joelhos estão se tocando. Estou de casaco, Enzo está de regata e consigo perceber como seus ombros estão se movendo toda vez que respira forte.

—Não seja tão convencido. Você nem é isso tudo.

—Você gostou aquele dia. Até pôs a mão no meu...

Tampo a boca dele com a minha. Respiro fundo preparando uma desculpa, um argumento duro o suficiente para fazer com que ele nunca mais toque nesse assunto de novo, nem mesmo quando estivermos sozinhos. Mas não tenho tempo. Enzo lambeu minha mão e meu susto foi tão grande que fiquei de pé e ele aproveitou meu momento de choque para me beijar. O beijo de Enzo é estonteante, é foguento, possivelmente o que me deixa duro mais rápido. Não sei como ele aprendeu a beijar tão bem, talvez sempre soubesse mas não era atraente demais para demonstrar; agora ele é, entretanto.

O beijo fica mais intenso à medida que vou me deixando levar pelo momento, até mesmo esqueci o porquê ele me chamou aqui.

Se for só para me beijar e fazer com que eu esqueça do mundo e das pessoas, ele podia fazer isso sempre. As mãos deles passeiam pelas minhas costas e fazem cocegas, mas aquelas de prazer, onde você quer gritar: CONTINUE tão alto que espera que ele peça para que você repita com mais prazer ainda. O que Enzo disse é verdade, na última vez eu toquei no pau dele, mas antes foi uma coisa boba e quase imperceptível porque eu estava com vergonha. Não como agora que estou tocando nele com a maior vontade que tenho, vontade essa que aumenta sempre que ouço-o gemer na minha boca pedindo para eu continuar. Eu não sabia que um beijo poderia ser tão bom até agora que estou quase querendo outra coisa urgentemente.

Agora ou Nunca (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora