NOVE

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No sábado, meus nervos estavam á flor da pele.

Acordei às nove e fiquei a maior parte do tempo na cama, olhei o Twitter e depois o Instagram. Ainda nada de Adriano. Me pergunto se ele foi apenas uma alucinação minha.

Às onze mandei uma mensagem para Joyce repassando o plano e ela respondeu com xingamentos incrivelmente criativos. Pelo menos ela me respondeu, ao contrário de Enzo que nem visualizou minhas mensagens.

Tomei café com meus pais e com Breno, parece que Carol não dormiu aqui. Meus pais tem uma politica rígida sobre visitas que dormem nos nossos quartos, à única exceção é Joyce que pode dormir no meu quarto sempre que quiser. Queria ter pensado nisso; se Joyce tivesse dormido aqui as coisas seriam menos... ansiosas e tensas dentro de mim. Acho que desde sempre conseguimos completar um ao outro, eu sentia isso, eu amava sentir isso.

— A mãe de Joyce sabe disso, não sabe? — Minha mãe pergunta.

— Claro. Pode ligar pra Joyce depois se quiser.

Ao fundo escutamos meu pai preparando o almoço. Minha mãe estava com óculos de leitura redondos de armação preta simples, ela ficava mais ameaçadora de óculos. O livro que está lendo tem capa vermelha e uma mulher de chapéu branco... que também usa vermelho. Não faço a menor ideia do que se trata. Mas sei que quando acabar de ler ela vai obrigar meu pai a lê-lo também.

— Tudo bem. Não dê trabalho lá, pelo amor Dele. E mais uma coisa... Temos que sair na quarta-feira.

— Porquê? — Por algum motivo ela começou a sussurrar então eu a imitei.

— Aniversário do seu pai. Quero me adiantar. Ano passado... foi terrível.

Verdade.

Outro fato sobre meu pai: ele sempre descobre quando estamos querendo fazer uma surpresa para ele. Sempre. Festas surpresas nunca mais, mamãe já disse isso centena de vezes e precisamos ser estratégicos ao esconder qualquer tipo de presente. Não que meu pai caçasse os presentes ou fizesse isso por mal, ele só... acabava sempre sabendo.

— O que vamos comprar?

— Shiii... Vamos discutir isso depois. Calado.

Meu pai surgiu na sala trazendo uma colher de pau com algo vermelho na ponta.

— Prove... está quente... muito sal?

—Está perfeito, querido. Bom mesmo.

— Que bom... Acho que precisamos comprar mais verduras. Semana que vem.

Minha mãe assentiu.

Por um instante vi como os olhares dele se demoraram. Então lembrei que estamos com problemas financeiros. Meu peito afunda em uma escala dolorosa e mando uma mensagem para Breno perguntando sobre a vaga que ele falou antes.

Bati à porta de Dan às sete horas.

Eu tremia tanto que podia ser meus ossos tremendo e não só meus dedos e as minhas pernas. Respirei fundo e fiz o que Maria disse que a acalmava em momentos de crise: contei de trinta de trás para frente. Não sei por que trinta mas me pareceu um número razoável. Estava no número dezoito quando a porta abriu e com isso, meu nervosismo voltando dez vezes pior.

Dan estava lindo.

— Oi. — Digo com certa dificuldade.

— Oi, entra. Tudo certo?

— Tudo... — Foi só eu me virar que Dan agarrou meus ombros e trouxe sua boca para perto da minha em um beijo desesperado.

Demorei a pegar o ritmo dele; quando peguei o ritmo meus pés já estavam andando para trás onde há segundos vi um enorme sofá vermelho. Caí e ele em cima de mim, as pernas musculosas abrindo as minhas e as mãos enormes agarrando minha nuca. Eu queria segurar o corpo dele inteiro mas não conseguia, Dan é muito alto e muito forte, ele praticamente era o dobro de mim. O beijo dele é voraz, não tem outra palavra para descrever. A língua dele simplesmente gostava de ir devagar, apreciar o momento ao contrário das mãos dele, que exploravam meu corpo com velocidade quase dolorosa.

Agora ou Nunca (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora