VINTE E CINCO

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"Sonhei com você, mas minha mente é tão traiçoeira que o sonho se tornou um pesadelo após uma respiração. Eu queria tanto ver seu rosto, eu queria ser cem por cento sincero, mas quanto mais tento mais falho, e é a terceira vez que estou tentando escrever para você. Hoje, segunda-feira, aconteceram coisas que eu quero muito contar a alguém. Primeiro, um amigo meu chegou à escola e ele é novato, então fiquei a maior parte do tempo com ele, o problema é que isso também foi uma desculpa para evitar meus amigos. Segundo, eu meu irmão me ignorou o dia todo porque contei a ele sobre minha sexualidade e a este nível ele já deve ter adivinhado que meu namorado é amigo dele. Terceiro, estou com uma sensação ruim desde que acordei. Não sei. Acho que tem a ver com o sonho, nele, as ondas me engoliam e a areia me queriam, eu estava sendo compartilhado por ambos enquanto um grito ficava preso na minha garganta. Quis pesquisar no Google o que significa, mas fiquei com medo, confesso. É isso... Fala comigo a qualquer hora"

***

"Aconteceu alguma coisa? Você sumiu"

***

"O.K. estou ficando nervoso com seu silêncio. Hoje é quarta-feira e você nunca demorou tanto para me responder. Estou sendo chato, eu sei, mas hoje aconteceu coisas legais, finalmente. Acho que gosto tanto de compartilhar coisas ruins quanto boas com você, B, então se você quiser, eu conto tudo. Como vão as coisas com seu pai? É por isso que você anda sumido?"

***

"Certo. Entendi, você não quer mais falar comigo. Tudo bem"

Largo o celular e penso como aproveitar uma sexta-feira à noite. Meus pais saíram, Breno está com Carol e falei para Dan que estava um pouco mal por que quero evitar ver ele com o irmão dele, aquele babaca. Por isso estou em casa, entediado e desconfiado. B sumiu. Isso me preocupa. Me preocupa muito.

A semana inteira eu evitei meus amigos. Estamos na mesma sala, é impossível manter um contato zero, mas olhar para eles era uma coisa, ser educado, outra. Falar com ele como se eu não soubesse ou não lembrasse de nada era algo impossível. Pensei nas três opções que minha mãe me deu: perdoar, agir ou ignorar. Nenhuma parecia servir, era como aqueles brinquedos de encaixar as formas geométricas, mas havia peças que não era para aqueles espaços.

Enzo me mandou mensagens, Maria também, até mesmo Samir.

Mas nada de Joyce. Ela não me procurou.

Digitei várias mensagens para ela, explicando como eu me sentia; logo depois eu apagava as mensagens porque meu orgulho falava mais alto. Não conseguia enviar, uma pequena voz dizia que, se ela se importava, iria vir falar comigo. A verdade é que é difícil ver o quanto estou inseguro e me achando culpado também, mas a raiva não me deixa saber com clareza, não me deixa aprofundar isso. Eu era culpado mesmo? Eu sou mimado mesmo?

De repente o quarto ficou quente demais. Me forcei a dormir.

Quando acordei foi com o celular vibrando ao meu lado. Pensei em ignorar mas houve um momento em que não deu mais. Me estiquei, ainda grogue, peguei o celular e olhei as horas. Sete da noite.

Haviam diversas mensagens de Enzo, de Maria, de Samir e até de Dan. Todos eles pareciam estar nervosos por algum motivo. Abri primeiro a mensagem com Dan já que ele estava fixado e era ele quem estava me ligando pela... décima vez.

Olhei as mensagens dele.

"AFTER ONDE VOCÊ SE METEU?"


"ALISON ATENDE O TELEFONE"

"AFTER"

Mais mensagens chegavam e meu celular vibrava como louco.

Breno entrou no meu quarto.

Agora ou Nunca (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora