DEZESSEIS

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No sábado, Enzo e eu ficamos sozinho na casa dele depois que a mãe dele disse que teria que ir a casa da irmã dela. A razão, não sei, mas graças a Deus isso aconteceu. Eu precisava falar com Enzo urgentemente.

— Preciso te contar uma coisa. Mas você não pode contar a ninguém. Por favor.

Enzo me olhou da cama dele. Eu estou em um colchão no chão, amontoado e agarrado aos lençóis que a mãe dele me deu ontem à noite. Tinham cheiro de naftalina.

— Pode contar.

Ele ainda está meio dormindo, meio acordado. Os cabelos castanhos com luzes bagunçado em todas as direções, olheiras, bochechas amassadas e vermelhas... Certo... contei até dez mentalmente antes de abrir minha boca e contar sobre Hector e eu, desde o começo.

— Puta merda.

Exato. Puta merda.

Vi o julgamento nos olhos de Enzo. Ele poderia ter falado qualquer coisa, das mais maldosas, e no estado que eu estou eu acho que concordaria com tudo e ainda diria "Tem razão amigo, eu sou um idiota".

Entretanto, Enzo só disse:

— Você está bem?

— Não — Respondi sinceramente.

— Eu não fazia ideia que você era louco assim. Joyce sabe?

— Ninguém sabe.

Meu amigo fez um sinal de fechar a boca como zíper e entendi que ele guardaria segredo. Ainda bem.

— Eu só... Queria não ter feito isso, sério. Queria apagar essa parte da minha vida ou pelo menos ter dado um fim nisso naquele dia na lanchonete, assim meu pai não teria aparecido lá de surpresa.

Enzo fica calado.

Ainda bem.

Agora eu mesmo estou tentando pensa em uma solução ao mesmo tempo em que me julgo mentalmente, afinal, eu mereço.

Tomamos café assistindo à Pretty Little Liars o que foi um golpe muito maldoso de Enzo, mas não comentei nada. Assisti colocando pedaços enormes de pão na boca e engolindo o café sem experimentar de verdade. Passamos um tempo calado até eu perguntar de Samir, o vizinho dele.

— Ah... Bem... Você sabe...

— Vocês se pegam aqui? Que nojo, Enzo.

Ele dá um empurrão no meu joelho e eu rio.

— Acho que agora estamos nos entendendo. — Enzo diz — As coisas estão funcionando e não, antes que pergunte, não estamos namorando. Pelo menos não oficialmente.

— E ele beija bem?

— Muito bem. — Rimos.

Nessa hora um estrondo fez com que nós dois déssemos um pulo do sofá. Confesso que meu susto foi maior que o de Enzi e arrancou de mim um grito nada másculo. Aposto que Breno estaria rindo de mim até chorar. Enzo não está rindo, entretanto. Observamos o primo dele, Igor, passear pela casa antes de vir falar com a gente.

— E aí?

Enzo empalideceu.

Acho que estou no lugar errado na hora errada. Perceber isso me deixa mais desconfortável. Levanto do sofá. Não. Eu pretendia levantar, mas Enzo não deixou que eu fizesse isso, ele me segurou pelo pulso com força o suficiente para cravar suas unhas na minha pele. Fico congelado no canto e dou um sorriso forçado para Igor, que morde uma maçã e tem um olhar malicioso no rosto. Acho que nunca vi ele sem aquele olhar de adolescente com tesão.

Agora ou Nunca (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora