OITO

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"Quer uma máquina do tempo?"

Olhei a mensagem diversas vezes enquanto caminhava com Joyce pelo shopping à procura de alguma coisa que a agradasse para dar à prima. Não estou prestando muita atenção no que ela fala, acho que tem a ver com escolher entre brincos e uma bota. Ou foi uma blusa? Não sei.

"Você vai me dá uma?" — Foi o que respondi.

Antes que eu cogitasse apagar, Joyce puxou meu braço e entramos em uma loja de roupas. Guardei o celular no bolso e deixei que ela me arrastasse de corredor e corredor, palpitando sobre isso e aquilo.

— Não sei porque você de repente desejou comprar um presente para sua prima. — Digo.

— Não sou eu, seu besta. É minha mãe. Ela me deu o dinheiro, ela deu a ordem. Vamos sair no final de semana, no sábado.

Congelei.

— O quê? Mas não pode.

— Porquê? — Joyce franze o cenho. Afasta uma mecha do cabelo para trás da orelha.

— E se meus pais ligarem para perguntar de mim? Vou estar com Dan, lembra?

Uma moça veio nos perguntar se precisávamos de ajuda; educadamente eu disse que não. Joyce ainda estava calada e eu estava tenso, tão tenso quanto elástico esticado até o máximo. Joyce e eu somos assim, e não quero soltar o elástico primeiro para feri-la, nem quero que ela faça o mesmo comigo.

— Eu dou um jeito. Prometo. Digo que você... foi comigo ou sei lá. Não precisa ficar nervoso eu consigo.

— Sei que consegue. Valeu. Eu conto tudo no privado.

— No grupo não?

Penso em Enzo e no nosso momento no banheiro.

— No privado é melhor.

Joyce assentiu, distraída. Ela sacou o celular e me mostrou uma foto de uma pulseira azul marinho com o pingente de uma âncora prateada.

— O que acha?

— Não é... Para sua prima, é?

— Claro que não, seu idiota. Mas o que você acha? É bonita?

Digo que sim e volto a atenção para meu celular. Joyce faz o mesmo. Só Deus sabe o que ela realmente quer comprar para a prima dele, um presente de verdade ou um presente para brincar com a cara dela.

***

"Te dou a solução: pense duas vezes antes de fazer alguma coisa"

Olhei a mensagem assim que pus os pés em casa.

Estou sozinho, o que significa que meus pais devem estar juntos em algum passeio e Breno na casa da namorada.

Fui até à cama ainda pensando em uma resposta quando outra mensagem chegou. Noto que não vi o usuário... Só pode ser brincadeira.

O usuário dele era (B)efore. Before. Antes.

Por um momento penso em não responder mais, em apagar as publicações todas de uma vez. Não poderia ser Enzo, ou qualquer um dos meus amigos, eles não sabem que escrevo coisas aleatórias nesse site. Eles sequer sabem que eu gosto de escrever coisas assim. Não tem como se eles. Não pode ser nenhum deles. Mantenho a calma e controlo a tremedeira nos dedos antes de ler a última mensagem que o anônimo mandou.

"Você pensa duas vezes e quem sabe não se arrepende depois"

"Isso funciona para você?"

A resposta veio em dois minutos. Sei por que fiquei olhando o doze virar treze e depois catorze.

Agora ou Nunca (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora