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Eu estava correndo desesperada, olhando a cada segundo para trás temendo que pudesse estar sendo perseguida. Olhei meus pés os vendo descalços em uma areia arroxeada, o céu estava azul com leves pontos em laranja com uma lua alta.

Respirei sentindo o suor escorrendo por minha testa, mas eu não poderia desistir. Ouvi vozes ao longe o que me fez voltar a correr, eu tropecei em uma pequena rocha presa no chão o que me fez cair.

— Correr não te deixará continuar vivendo. — alguém disse em uma língua totalmente estranha e desconhecida, mas eu inexplicavelmente consegui compreender.

Olhei para o céu vendo uma luz me cegar e ficar cada vez mais próxima, eu ergui uma das mãos a colocando em frente aos meus olhos. Cai de joelhos quando uma nave pousou um pouco mais a frente. Ergui-me correndo até lá enquanto uma porta se abriu descendo no chão.

— Venha depressa. — a voz bradou de dentro da nave, eu decidi continuar porque realmente queria ficar viva. Subi para dentro caindo de costas no chão da nave, olhei para minha pele vendo que ela estava em um tom roxo como a areia em que estive correndo.

Minha respiração foi normalizando e meus olhos foram se fechando. Ouvi alguém falar comigo e tentar me manter acordada, mas meu corpo não respondia mais e tudo estava formigando e paralisando até que não senti mais nada.

[...]

Abri os olhos verificando ao redor notando que eu estava deitada em uma maca de metal, presa pelas mãos e pés por amarras de couro e metal. Puxei meus pulsos não tento nenhum resultado então voltei a deitar encarando o teto. Ouvi um monitor de batimentos cardíacos soando no cômodo, notei que tudo estava normalizado. Tentei lembrar como infernos eu fui parar ali, mas tudo era uma tela em branco. Nada. Nem mesmo lembranças de infância, pais ou família. Eu era um mero corpo sem nada para se agarrar em momentos difíceis.

A porta apitou e se abriu, uma mulher passou por ela segurando uma prancheta na mão e uma caneta na outra tomando algumas notas.

— Vejo que está acordada. — constatou recebendo meu silencio como resposta. — Quieta, me avisaram sobre isso mais cedo, mas suponho que alguma hora isso mude não é verdade? — Questionou sorrindo maldosa. — Tudo está correndo perfeitamente bem e seus sinais estão instáveis exceto por algumas leituras elevadas enquanto estava adormecida, com o que sonhou minha cara? — investigou baixando ao lado da cama ficando cara a cara comigo.

— Sonhei com o momento em que escapo daqui e desapareço para todo o sempre. — Minha voz saiu rouca e arrastada fazendo a mulher arquear as sobrancelhas ainda sorrindo.

— Mas veja só ela fala. Eu pensei que seria como os outros monstrinhos dessa instalação. — frisou se levantando e ajeitando seu jaleco perfeitamente branco.

— Vadia. Sua alma vai apodrecer junto daqueles que já fizeram o mal e estão pagando por seus pecados com dor e agonia sem fim. — praguejei na mesma língua com que sonhei mais cedo, o que surpreendeu a mulher sem dúvida nenhuma porque eu vi seus olhos arregalados e brilhando.

— Impressionante. — sussurrou evidentemente surpresa. — Nunca foram registrados avanços tão excelentes, aprendeu mesmo a língua deles. — Disse me deixando extremamente curiosa.

— Deles? Deles quem? — Indaguei retornando ao idioma normal, a mulher piscou indo até a porta que havia entrado anteriormente.

— Jamais saberá querida. — proferiu saindo da sala me deixando presa ali mais uma vez sozinha.

Suspirei fechando os olhos relaxando completamente meu corpo, pude ouvir meu coração batendo junto ao de outra pessoa. Franzi o cenho não entendendo o que diabo estava acontecendo ali e onde malditamente eu estava.

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