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Tudo já havia sido apagado, Taeryn estava ao meu lado na cama, mas já adormecido. Pelo menos era o que seu rosto demonstrava cada vez que eu o olhava. Suspirei apertando as cobertas entre meus dedos, engoli um pouco de saliva tentando retirar esse nó incomodo que havia se instaurado em minha garganta desde que fugimos daqueles loucos mais cedo.
Havia uma fraca luz do luar vindo das janelas, permitindo que eu pudesse ver partes do meu corpo mesmo no escuro. Olhei para minhas mãos enquanto as abri e fechei como se algo fosse mudar, mas eu precisava checar se continuava humana. Porque cada vez que eu usava o dom que consegui do DNA de Taeryn, menos humana eu me sentia. Sentei-me calmamente na cama respirando fundo algumas vezes.
Estava à beira de um ataque. Não sei por que isso vem me afetando, se é por causa do trauma que passei no laboratório ou se por causa de nossa súbita fuga com consequências de hoje. Nunca achei que fosse ter que matar alguém para conseguir me manter livre. Nunca quis que isso acontecesse, por mais raiva que eu sinta daqueles que me prenderam, quero apenas eles, ninguém mais envolvido. Do jeito que as coisas estão indo eu terei que aprender a lidar com mais baixas do que eu gostaria.
Suspirei ligando o abajur ao lado da minha cama iluminando uma pequena parte do quarto, permitindo que eu pudesse ver tudo com mais clareza. Quando alternei o olhar para Taeryn tudo o que encontrei foi uma expressão calma e serena de alguém profundamente adormecido. Ele parecia bem, parecia confiar que nada iria acontecer a ele então podia descansar. Eu não estava tendo o mesmo sentimento.
Afastei as cobertas me levantando e indo até o banheiro, acendi as luzes vendo meu reflexo no espelho em cima da pia. Aproximei-me deste tocando minha pele a esticando e amaciando como se algo fosse mudar fazendo apenas isso. Fechei os olhos apoiando as mãos na bancada de mármore chique respirando profundamente, mas não soltei o ar que puxei, apenas abri os olhos me sentindo diferente. Soltei tudo de repente vendo o quão diferente eu estava. Minha boca caiu aberta enquanto minha expressão tremelicava um tanto assustada com o que eu estava vendo naquele espelho.
Meus olhos estavam dourados, minha pele era um mar de veias roxas quase tomando completamente minha cor natural me deixando como uma versão feminina de Taeryn. Tentei manter minha respiração uniforme para não acabar com algum dano colateral por acidente. Baixei o rosto vendo minhas mãos parecidas com meu rosto, eu as virei vendo minha palma ainda da cor normal, mas as costas não estavam do mesmo jeito.
Ergui minha cabeça determinada a não ter medo do que eu estava me tornando, mas foi inevitável não pensar na primeira cobaia do vídeo que eu assisti no tablet enquanto ainda estávamos na casa onde Ingrid havia nos escondido de tudo e todos. Ele não se parecia nada comigo nesse momento, mas o medo foi o mesmo porque de um jeito ou de outro eu poderia acabar como ele se tudo desse errado de uma hora para outra.
Liguei a torneira deixando que a água corresse, fiz conchas usando ambas minhas mãos e baixei jogando a água que acumulou em meu rosto o esfregando tentando me manter firme e sã diante de tudo isso. Fiquei ereta e ao abrir os olhos tomei um susto ao encontrar Taeryn logo atrás de mim observando a tudo sério e quieto. A água ainda escorria por meu rosto cheio de veias roxas e meus olhos pareceram brilhar mais vendo o alien parado não muito distante.
— O que está fazendo acordado? — Questionei quebrando o silencio. Taeryn não respondeu de imediato, apenas caminhou para dentro do banheiro segurando meu ombro e o virando para que ficasse frente a frente com ele. O alien ergueu uma das mãos a passando delicadamente por meu rosto, desenhando cada veia de minha pele descendo por minha bochecha, passando por meu queixo, e indo para meus lábios.
— Você está tão parecida comigo. — Sussurrou ignorando minha pergunta de mais cedo. Seus olhos circulavam por meu rosto não demorando em focar nos meus olhos parecendo preso diante de mim. — É espantoso ver sabendo que você é humana e não alguém como eu. — Afirmou espalmando sua mão contra minha bochecha a acariciando com o polegar. Minha postura vacilou por alguns momentos, mas me forcei a me manter em pé.
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Conectados
RomanceEla acordou sem saber onde estava muito menos o que havia acontecido, tudo o que tinha certeza é que algo dentro de si mesma parecia diferente. Conseguiu escapar por sorte, mas tudo o que encontrou foram mais perguntas e um alienígena que parecia pu...