Conectados

08

[...]

Recobrei a consciência não tendo ciência de quando ou como peguei no sono, apenas sentia que estava deitada em alguém. Ergui um pouco a cabeça vendo Taeryn adormecido encostado ao sofá e eu estava com a cabeça deitada em seu peito sentindo sua respiração uniforme e calma. Chequei ao redor vendo que o céu começava a dar indícios que iria amanhecer, começava a ficar em tons mais claros, o que indicava que havíamos dormido muitas horas.

Afastei-me lentamente sentindo a mão do alien em minhas costas, como se me abraçasse para que não caísse no chão, sorri de canto por seu cuidado, mas mesmo assim afastei sem acordá-lo. Assim que coloquei meus pés no chão escutei um barulho estranho não muito distante, virei à cabeça para todos os lados tentando descobrir de onde o barulho havia vindo. Andei silenciosamente pelo piso sem fazer nenhum rangido ou barulho indo até a janela mais próxima. Escondi-me na parede espiando tudo o máximo que pude.

Vi alguns galhos de arbustos se mexendo como se houvesse algo atrás dele, ergui minhas mãos torcendo para que conseguisse fazer algo antes que a coisa escondida nos atacasse. Sai da parede parando em frente à janela erguendo uma das mãos mirando no arbusto que havia se movido, fechei meus dedos com força movendo meu braço para cima a fim de erguer quem quer que esteja por ali.

Era uma mulher e a reconheci rapidamente. Franzi o cenho vendo seu desespero no ar porque suas pernas batiam descontroladas assim como seus braços, como se isso a fizesse descer. Eu a coloquei no chão a derrubando no último minuto por não ter total controle do que faço. Ingrid se levantou do chão batendo em sua roupa retirando sujeiras ou poeiras, ela me olhou um tanto confusa pelo que fiz, apenas dei ombros sem dizer uma palavra. A mulher rumou pela escada e entrou na casa virando de braços cruzados em minha direção.

— Eu ouvi barulhos, precisava ter certeza que não era ninguém nos ameaçando. — Expliquei dando de ombros novamente. A mulher suspirou retirando uma mochila do ombro a deixando sobre a ilha da cozinha, eu caminhei até o outro lado esperando o que Ingrid possivelmente teria para falar.

— Desculpe não ter ficado para contar. — proferiu como se tudo fosse resolvido apenas com essas palavras. — Eu sabia que podia haver mais coisas para descobrir, eu voltei e me esgueirei pelos corredores atrás de mais informações. — Completou retirando um papel de dentro me entregando.

— O que é isso? — Questionei balançando o papel, Ingrid cruzou os braços me olhando para que eu lesse, não disse nada, apenas parecia estar esperando.

— Encontrei em um dos arquivos nos computadores antes que reiniciasse e me tirassem do sistema. — Contou olhando para o chão mantendo o tom de voz neutro e um tanto calmo.

— Isso é minha certidão de nascimento. — Sussurrei não compreendendo onde tudo aquilo estava chegando, não havia mais onde descobrir coisas novas. Pelo menos eu estava pensando assim. Senti uma movimentação e sei que Taeryn estava de pé logo atrás, uma boa dica foram os olhos arregalados junto da expressão de choque de Ingrid ao vê-lo tão humano.

— C-Como isso sequer é possível? Onde está sua pele roxa? E seus olhos amarelos? — interrogou recuando enquanto ele cruzou a sala parando atrás de mim tentando decifrar minha recente tensão.

— Isso é algo entre mim e Taeryn. Desculpe Ingrid, mas ninguém pode saber como ele ficou assim. — murmurei ainda focada no papel em minhas mãos. Senti sua mão ser colocada em meu ombro como uma pergunta silenciosa.

— Isso é impressionante, ele se parece conosco. Nunca foi visto nada parecido na Terra. — Ingrid disse parecendo hipnotizada pela mudança radical Taeryn. Ela saiu de perto de mim indo até o alien, ele apenas ficou quieto aguardando para o que quer que Ingrid fosse fazer. Ela ergueu a mão para tocar em seu rosto, mas segurei seu pulso antes que pudesse alcançar sua bochecha. A mulher virou me olhando interrogativa pelo gesto. — O que significa isso querida? — inquiriu franzindo o cenho.