Conectados

05

— Vidas foram perdidas, mais do que pudessem sequer colocar em um único arquivo. Mas não pararam, eles continuaram e continuaram com exaustão até chegarem a um ponto perfeito segundo suas teorias. — a voz de Ingrid soou no cômodo logo que apertei o play novamente. — Estavam seguindo por uma rota perigosa, mas não se importaram. Estavam obcecados por resultados que nunca obtiveram sucesso. Os anos seguiram assim como os estudos e a montanha de corpos continuava aumentando. Sempre soldados exímios e com grande potencial em suas fichas. Nada disso funcionou para eles de qualquer maneira. — Disse prosseguindo com os olhos perdidos em algum outro lugar atrás da câmera onde estava sendo gravada. — Eles viram que nada adiantava e todos estavam morrendo então pararam e continuaram as pesquisas. Mas essa pausa não durou muito porque eles retornaram não muito tempo depois. — murmurou apertando suas mãos uma nas outras que estavam cruzadas sobre a mesa. — Encontraram alguém meramente compatível e a usaram para testes, mas havia um problema. Ela estava grávida e não faltava muito para o bebê nascer. Foi então que tudo se tornou um caos. A mulher resistiu bravamente a tudo o que a submetiam. Mas nem tudo foi perfeito porque um dia ela simplesmente desapareceu e nunca mais se teve notícias, nem mesmo sabiam se o bebe tinha sofrido efeitos colaterais por conta das experiências. — Completou fazendo um nó se formar em minha garganta.

De repente parecia difícil de respirar.

Parei o vídeo e sai do banco andando em círculos. Passei a mão por minha testa secando o suor presente em minha pele, respirei profundamente não sabendo se prosseguia ou esperava um pouco mais. Por fim decidi que seria melhor para minha própria sanidade continuar mais tarde.

Apenas deixei o tablet de lado e peguei alguns dos arquivos dentro da caixa e abri o primeiro deles. Por coincidência era o meu. Estava minha foto ainda uma criança adormecida completamente alheia ao que estava acontecendo. Estavam todas as minhas informações nas folhas junto de relatórios sobre progressos do que estava minha evolução nos testes. Parei em uma das folhas lendo o que estava escrito ali.

"A cobaia 3597-F apresentou avanços após mais uma aplicação do soro com o gene do espécime E60-B. Sua pele apresentou veias arroxeadas logo que lhe foi dado à injeção mesmo que em uma pequena dose para teste. Seus gritos foram capazes de quebrar e afetar lâmpadas em todo o laboratório deixando todos apreensivos, mas surpresos. Dando assim como certo nosso progresso quanto à cobaia e o espécime para continuarmos os estudos."

— Falavam sobre mim como um animal de laboratório. — sussurrei para mim mesma. Respirei fundo deixando a pasta sobre a mesa pegando apenas a foto em minha mão. Eu era uma criança, não devia ter mais que oito anos e mesmo assim me tiraram da minha família e fizeram de mim uma arma letal.

Virei depressa ao ouvir um gemido vindo do alien, fiquei em pé indo até ele baixando a sua frente. Apoiei meus joelhos no tapete vendo seus olhos tremerem e se abrirem lentamente. Logo eu estava olhando para aquela imensidão dourada de antes, mas dessa vez sem um vidro nos separando. O alien me olhou por alguns instantes sem acreditar no que estava vendo, então ergueu a mão tocando seu dedo em minha bochecha parecendo checar se eu era mesmo real. Ele disse algo, mas não pude identificar o que era, já que não compreendia nada.

— Não te entendo. — respondi vendo seu rosto retorcer em uma careta enquanto suspirou profundamente me olhando fixamente.

"Onde estou e o que aconteceu?"

— Fugimos daquele lugar, uma mulher me ajudou então não pude deixar você pra trás. Estamos em um lugar seguro por agora. — Respondi o vendo apoiar a mão no estofado e se levantar fazendo a manta cair um pouco em seu quadril. O alien olhou para baixo completamente confuso do que estava vendo.