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Dias depois...

— O que está acontecendo com ela? — Ouvi vozes ao longe enquanto meus olhos estavam fechados. Eu fingia dormir porque tem se tornado insuportável permanecer acordada longe de Taeryn.

Há dias não venho agindo normalmente. Nossa comunicação parecer ter sido cortada, creio que seja pelas doses de sedativo que estejam colocando nele. Mas isso vem surtindo um péssimo efeito sobre mim. Sinto que minha raiva esta ainda mais na superfície tornando difícil controlá-la. Meus gritos ecoam pela cela até mesmo fora dela, presumo que os cientistas creem que estou ficando louca de vez.

E eu também acredito nisso.

— Não sabemos. Mas sua pulsação tem aumentado a níveis alarmantes e sua raiva esta incontrolável. Por pouco ela não arrancou a cabeça de um dos cientistas que foi checá-la. — Alguém respondeu e eu não fazia ideia de quem era, pois as vozes não faziam sentido. Eu estava completamente entorpecida.

— Precisamos ter uma explicação para isso. Ela tem ido extremamente bem durante testes e outros procedimentos. O que sugerem que seja? — Outro bradou parecendo extremamente nervoso e tenso.

A sala ficou em silencio completo por alguns instantes. Mas eu posso ter uma vaga ideia do que esta acontecendo comigo. Saudade. Estou com saudade de Taeryn e sofrendo por causa da separação. Lembro vagamente que ele mencionou essa tal separação enquanto discutimos sobre eu ir ou não para Kitaerion com ele. Cara ele não estava mesmo brincando.

A porta da cela se fechou só então abri os olhos ficando em pé. Dei voltas e mais voltas pelo lugar quase abrindo um buraco no chão. Minha cabeça doía e meu corpo também. Gritei socando as paredes e quebrando tudo o que via pela frente. Essa distancia estava doendo e me torturando. O barulho não me acalmava, nem mesmo a chance de qualquer ameaça de eles virem me conter e atirar dardos tranquilizantes contra minha pele novamente.

Olhei para meus braços vendo as marcas das picadas das agulhas ainda presentes. Eu realmente perdi as contas de quantas me acertaram, não fiz nada para conter ou até mesmo fugir, porque eu queria dormir. Queria poder perder a consciência e essa agonia de precisar ver Taeryn novamente. Levei as mãos aos meus cabelos os puxando sem mais saber como lidar com isso ou com outros problemas.

Está sendo um verdadeiro inferno na terra e não estou sabendo mais como conter isso. Quero bater contra uma parede, socar meu próprio rosto ou até mesmo me arremessar contra uma parede de vidro. Apenas para que pare, só por alguns meros segundos, só quero que pare.

Chorei caindo de joelhos não me aguentando mais em pé. Cai de frente apoiando minhas mãos no chão enquanto as lágrimas o atingiam e molhavam parecendo alagar tudo ao meu redor, mas não era o suficiente. Cada lágrima derramada era uma enxurrada de novas logo atrás.

— Taeryn. Por favor, me responda. Diga que está bem. — Solucei enquanto minha voz não passava de um sussurro dolorido.

O silencio em minha cabeça continuava se tornando uma arma perigosa para meus próprios pensamentos, minhas próprias ideias e paranoias. Bati no chão virando de lado e puxando meus joelhos até meu peito passando meus braços por estes olhando para o nada enquanto as lágrimas ainda caiam desenfreadas.

"— E eu estou feliz por estar aqui com você. Toda essa bagunça serviu para que eu te encontrasse então tudo bem por mim."

"— Em Kitaerion existe uma pedra, uma joia extremamente especial, ela é encontrada quebrada, existe uma caverna cheia destas. Mas o especial dela é que quando lapidada há apenas uma metade, então é preciso encontrar uma pedra que a complete."

"— Herat é conhecida como pedra dos predestinados porque apenas se completa quando colocada com sua metade correta."

A porta da minha cela se abriu, mas nem mesmo me dignei a virar para ver quem era afinal eu descobriria de qualquer maneira. Meu corpo foi içado do chão enquanto fui segurada pelos braços por dois guardas enormes. Ergui minha cabeça vendo Ethan parado não muito distante com um olhar um tanto interrogativo no rosto, um homem e uma mulher o acompanhavam meio de longe, temendo o que eu poderia fazer.

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