*Cecília Mitchell*
Lorenzo destrancou a porta.
Era um quarto. Mas não qualquer quarto.
Meu coração parecia que ia saltar pela boca. Batidas fortes e frenéticas. As lágrimas continuavam inundando meus olhos. Estou com medo.
Lorenzo me empurrou para dentro do quarto. E em seguida escutei o barulho da tranca juntamente com seus passos atrás de mim.
O lugar todo era vermelho com alguns detalhes pretos ou marrom escuro.
Havia uma cama de dossel, com suas colunas esculpidas em uma madeira escura. Em cada coluna eu conseguia ver uma espécie de argola de ferro.
Uma Cruz de Santo André ficava na parede oposta à cama.
Havia também uma espécie de cavalete acolchoado, com couro vermelho.
Uma mesa toda preta. Um divã em S de couro preto.
Chicotes e açoites, de formas e tamanhos diferentes. Varas de madeira, de todo o tipo.
Uma cômoda encostada na parede, com várias gavetas. No outro canto, um armário de vidro, onde dava para ver que dentro haviam vários objetos que pareciam de tortura.
-Gosta do que vê? –Me assustei quando escutei a voz de Lorenzo em meu ouvido.
Não. Eu não gostava.
Eu sabia o que era tudo aquilo. Não sou tão ingênua quanto parece, mas eu nunca fiz nada desse tipo. E nem queria. Aquilo me assustava. Não conseguia nem imaginar ficar presa enquanto alguém fazia coisas comigo. Sentiria-me impotente; fraca; humilhada...
Como no dia em que perdi as pessoas que mais amava. E quando eu perdi minha inocência.
As lágrimas continuavam escorrendo por minhas bochechas. Eu estava morrendo de medo. Sentia uma angustia no peito, um terror.
-Responda quando eu fizer uma pergunta Cecília.
–N-não, não gosto do que vejo. –Disse em um tom baixo.
-Mas vou te ensinar a gostar. –Falou em um sussurro. –Não agora. Hoje vou te punir.
Eu estava tremendo. Minhas pernas quase não me mantinham em pé.
–E-eu não quero isso Lorenzo. Não me sinto bem aqui. –Disse chorando.
-Vou te punir Cecília. Não é para você se sentir bem. –Disse enquanto passava as mãos levemente em meus braços.
-Lorenzo... Não dá. Eu não posso e nem consigo fazer isso.
Um soluço escapou dos meus lábios.
-Pode. Consegue. E vai.
Minha respiração estava rápida. Sentia o pânico correndo em minhas veias.
-Quando estivermos nesse quarto, você só se me chamará de senhor. Nunca me olhará nos olhos; a menos que eu mande. Aqui eu vou te controlar, dominar, punir e disciplinar. –Disse com uma voz dominadora. –Entendido?
Não respondi. Não conseguia fazer isso. Não podia.
-Responda Cecília.
Ele estava sério. E eu estava com medo do que ia acontecer comigo lá dentro.
–S-sim senhor.
-Boa garota. Agora tire a roupa.
-Eu não... –Fui interrompida.
-Faça o que mandei. Ou será pior.
Eu soluçava. Tirei cada peça de roupa. Sentia vergonha e medo. As palmas das minhas mãos suavam.
-Não quero que esconda nada Cecília. –Falou tirando meus braços de frente dos meus seios. –Deite de barriga para baixo no cavalete.
Tremendo, sem olhá-lo nos olhos eu fiz o que ele mandou. Estava em pânico. Por que eu tinha que suportar isso?
Eu estava de barriga para baixo, com os joelhos apoiados nos "braços" de baixo do cavalete e deitada na parte de cima. Praticamente de quatro.
Lorenzo amarrou meus pulsos nas costas com uma corda. Eu já não conseguia respirar. Certeza que se eu falasse qualquer coisa iria dar para ver o temor em minha voz.
Escutei ele andando pelo quarto, mas não sabia o que estava fazendo.
-Vou te dar uma surra com meu cinto, Cecília. –Disse com uma voz séria. –Vinte cintadas. Dez de cada lado.
O medo se apossou de mim. Estava desesperada.
-Não, por favor... –Falei em um sussurro.
Sem que eu esperasse, ele deu a primeira cintada do lado direito da minha bunda.
Dor.
Ele alternava os lados. Ele me batia cada vez mais forte. Estava sentindo uma dor latejante, sentia que minha pele estava se rompendo. Os minutos pareciam horas.
-PARA, POR FAVOR!
Eu gritei. Minha voz estava esganiçada. O choro vinha do fundo da minha alma. Meu peito doía, não conseguia respirar. Estava quase engasgando com minhas próprias lágrimas. Mas ele continuou.
Dor.
Meus gritos ecoaram pelo lugar.
Até eu receber a última cintada.
Só dava para ouvir meus soluços pelo quarto. Os sons que saiam da minha garganta não eram somente de dor. Mas também de medo.
Lorenzo desamarrou meus pulsos. Sai rapidamente de cima do cavalete, fui até a cama e puxei o lençol vermelho de seda, cobrindo minha nudez.
Chorando, sai correndo daquele quarto. Só pude ouvir Lorenzo me chamando. Mas eu não parei.
Cheguei no quarto que dividia com Lorenzo. Olhei minha bunda no espelho do banheiro. Estava muito vermelha, tinha alguns cortes e alguns pontinhos vermelhos de sangue. Estava doendo demais.
Eu só queria acordar e ver que tudo isso não passava de um pesadelo.
Peguei a primeira camisola soltinha que encontrei no closet, não coloquei calcinha, não conseguia. Doeria mais ainda se sentisse o tecido em meus recentes machucados.
Deitei de barriga para baixo e chorei.
Continuei chorando mesmo depois de escutar o som da porta se abrindo.
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L'amore di un Mafioso (New Beginnings -Livro 1)
RomanceCecília Mitchel é uma jovem recém formada que acaba de se mudar para Milão. Ela é uma mulher forte, carinhosa e bondosa mas esconde um passado trágico e perturbador. Lorenzo Pellegrini o temido Don da máfia italiana Cosa Nostra. Ele é cruel, frio e...