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*Lorenzo Pellegrini*

Abri meus olhos mas a claridade me cegou.

Sentia meus braços presos à cima da minha cabeça, meus pés tocavam o chão. Meu corpo doía.

Quando meus olhos se acostumam com a claridade vejo Filippo e Francesco, eles estavam presos do mesmo jeito que eu.

Sinto meu abdômen arder. Olho para baixo e percebi que estava sem camisa e tinha um curativo feito com gaze, um pouco a cima do umbigo, indo alguns centímetros para o lado esquerdo.

Lembranças invadem minha mente...

Flashback on:

Minha visão estava turva.

Eu podia ouvir os gritos dos meus soldados.

Eles estavam sendo mortos... Mas eu não conseguia ajudar; nem conseguia me mexer.

Olho para baixo e vejo o porquê... Eu estava com uma barra de ferro alocada em meu abdômen, mas com toda a adrenalina correndo por meu corpo, não sentia a dor.

Tentei chamar meu irmão e Filippo, mas eles não respondiam.

A última coisa que vi, era alguém parado em minha frente. Estava tudo embaçado.

Depois disso eu apaguei.

Flashback off.

-Onde estamos? –Meu irmão perguntou com dificuldade.

-Não sei. O Filippo acordou?

-Sim, eu acordei. Mas não estou muito confortável não. –Falou rindo fraco.

Tendo olhar ao meu redor.

As paredes eram de madeira, o lugar estava todo acabado. Era assustador para falar a verdade.

Mas parecia que tinham feito uma reforma rápida. A porta estava reforçada, e as paredes não pareciam ser tão frágeis assim.

Escutamos o barulho da porta se abrindo. E um cara alto, com uma cicatriz grande do canto da boca até o alto da bochecha, entrou.

-Demoraram para acordar em... –Falou. –Eu ia me divertir com os três juntos, mas mudei de ideia.

Depois que ele falou isso, quatro homens entraram. Dois levaram Filippo e os outros dois levaram meu irmão.

-O que vai fazer com eles? –Perguntei entredentes.

-Não irei matar ninguém, ainda. Mas a minha conversa é com você.

A raiva se apossava do meu corpo. Sentia meu sangue ferver.

-Você deu muito trabalho. Não era minha intenção cuidar do seu ferimento, mas precisava de você vivo.

Eu não falei nada.

-Ah, vamos. Não seja tímido. –Falou sorrindo.

-Quando eu sair daqui, vou arrancar esses seus dentes. Um por um.

Ele riu.

-Vou esperar ansiosamente. –Respondeu com um sorriso torto.

-O que quer? –Perguntei.

-Você quer ir direto ao ponto... Gostei. –Ele riu. –Fiquei sabendo que você conseguiu 78 explosivos "XTY15". Onde estão?

Eu dei risada.

-Pra que você quer eles? –Indaguei.

-Ah qual é? O "XTY15" são feitos com aziroazide azide. Não faço ideia de como você conseguiu esses explosivos. Mas eu quero eles.

Aziroazide Azide é considerada a substância química mais explosiva já criada. É composta por 14 átomos de nitrogênio, a maioria deles ligados entre si. Uma ligação bem instável.

É impossível encontrar essa substância na natureza. Ela só pode ser criada em laboratórios.

E eu... Lorenzo Pellegrini, paguei bem caro para fazerem esses explosivos.

Eu dei uma risada sarcástica.

-Você acha mesmo que vou falar onde estão?

-Eu me preparei para encontrar alguma resistência em você... Trouxe uns brinquedinhos comigo.

Depois que falou isso, um cara entrou e jogou uma grande bolsa preta no chão, e saiu novamente.

-Vamos ver o que eu trouxe para a gente brincar... Olha o que temos aqui! –Disse ele tirando algo da bolsa.

Ele me mostrou uma espécie de "garfo" de metal com duas extremidades pontiagudas.

-Eu comprei esse mês passado. O nome desse é Forquilha do Herege. A parte superior vai ser posicionada sob seu queixo e a parte posterior sobre o seu osso do esterno. Você terá que manter a cabeça levantada se não quiser morrer... Mas logo você irá ver como funciona.

Ele foi mostrando tudo o que tinha na bolsa. Martelo, faca, arma, pregos, um alicate...

Puta merda...

-Por onde eu começo? Vou deixar você escolher. o que você quer primeiro? –Perguntou.

Quando eu sair daqui, vou foder com a vida desse filho da puta.

Não respondi.

-Não vai falar nada? –Indagou. –Vou ser legal com você. Vou usar os pregos primeiro.

Ele chamou dois homens, que me colocaram amarrado em uma cadeira. Depois que eles saíram, o homem pegou um prego e posicionou sobre uma das minhas unhas da mão esquerda.

-Vou te dar uma chance... Onde estão os explosivos?

Continuei sem responder.

Ele começou a martelar o prego.

PORRA!

Mordi meu lábio inferior para não gritar de dor.

Eu fui treinado para resistir mesmo sob tortura. Vou ser obrigado a colocar os ensinamentos do meu pai em prática.

Sangue escorria para o chão. Mas eu não gritei.

CAZZO! Ele meteu um prego em todas as unhas, das duas mãos.

Meu lábio já estava cortado por conta da força que usei para morde-lo.

-Ah... Nem uma lágrima? Um grito? Nada? –Fez uma falsa cara de tristeza. –Vamos testar outra coisa então... O que acha de testarmos a Forquilha em?

O cara colocou aquilo no meu pescoço. Fui obrigado a olhar para cima. Se eu abaixasse a cabeça eu iria morrer com essa merda.

O homem saiu e me deixou lá. Com aquela porra no pescoço.

Horas se passaram. Meu pescoço doía de tanto olhar para cima.

-Sentiu saudades? –Perguntou entrando.

Ele tirou aquela merda de mim. Minha cabeça automaticamente caiu para baixo.

-Acho que você ainda não vai falar né? Tudo bem... Tudo no seu tempo.

Meu corpo doía. Minha cabeça latejava, e o machucado no meu abdômen estava ardendo. Esse ferimento pode infeccionar.

Merda.

-Vamos continuar a brincadeira. –Falou.  

L'amore di un Mafioso (New Beginnings -Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora