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*Cecília Mitchell*

01 de julho, 2014

Acordei com o sol iluminando o quarto. Eu estava sozinha na cama. Levantei, e fui para a varanda, encostei-me na grade e fiquei apreciando o calor e a brisa da manhã.

-Bom dia Cecília, trouxe o seu café da manhã.

Assustei-me com a voz de Lorenzo atrás de mim. Não ouvi ele entrando no quarto.

Quando me virei para olhá-lo vi que estava somente com uma calça de moletom, sem camisa, e segurando uma bandeja com comida.

-Bom dia. –Falei baixinho. –Obrigada.

Ele sorriu.

Meu Deus... Que sorriso.

Nunca tinha visto Lorenzo sorrir.

-Você devia fazer isso mais vezes...

-O que? –Perguntou.

-Sorrir. –Disse em um sussurro.

Ele colocou a bandeja de café da manhã na cama e chegou perto de mim.

Suas mãos estavam em minha cintura, seu olhar era intenso sobre mim.

Ele colocou uma das mãos em minha nuca e aproximou seu rosto do meu. Sua respiração se misturava com a minha, eu podia sentir o calor de seu corpo, ele estava tão perto...

Seus lábios tocaram os meus ternamente, o beijo começou a se tornar feroz. Lorenzo me puxava para mais perto de seu corpo, conseguia sentir sua ereção pressionando minha barriga.

Uma de minhas mãos foi para sua nuca, puxei levemente seus cabelos incentivando-o a continuar. A outra mão foi para seu abdômen, podia sentir seus músculos com as pontas de meus dedos.

Meu coração estava acelerado, sentia minha excitação escorrer pelas minhas pernas.

Lorenzo segurou meus cabelos e os puxou para trás, dando livre acesso ao meu pescoço. Ele deu leves mordidas em minha garganta.

Eu soltava suspiros e gemidos baixos.

O que eu estou fazendo? Esse cara é meu sequestrador, é o mesmo homem que me feriu e me assustou á algumas horas atrás.

Mas eu não conseguia nos separar. Sentia-me bêbada com seu cheiro, seu sabor... Precisava do seu toque que queimava em minha pele.

Lorenzo separou nossos lábios e encostou a testa na minha, estávamos ofegantes.

-Precisa comer. –Murmurou.

-Tem muita coisa... Come comigo.

-Tudo bem. –Falou e separou-se de mim depois de um selinho.

Tomamos o café da manhã na cama, entre risadas, sorrisos e beijos singelos.

Eu estava confusa... O que aconteceu? Por que essa mudança repentina?

Não tinha as respostas para essas perguntas, e nem queria saber. Era a primeira vez depois de muito tempo que me sentia amada. Queria que esse sentimento durasse, mesmo sabendo que era errado.

Depois do café, fui tomar um banho rápido e me trocar. Minha bunda ainda estava dolorida, mas dava para aguentar.

Vesti um short jeans de lavagem clara, e uma blusa de alça rosa bebê.

Encontrei Lorenzo sentado na sala, perdido em pensamentos. Sentei ao seu lado naquele enorme sofá e coloquei minha cabeça em seu ombro.

-O que tanto pensa? Perguntei baixo.

-No que aconteceu no seu passado que você quer esquecer. –Respondeu no mesmo tom. –Você pode me contar?

Levantei a cabeça e olhei para ele. Seu olhar era penetrante.

-Nunca consegui falar sobre aquela noite...

-Conte para mim Cecí. –Falou suavemente.

Eu me sentia segura para contar isso para ele, confiava em Lorenzo. Mas não sabia se conseguiria falar sobre os acontecimentos.

-Não precisa contar os detalhes... Só me diga o que aconteceu. –Falou.

-Meus pais foram assassinados em 2010. E na mesma noite eu fui estuprada. –falei baixinho.

Lorenzo me puxou para seu colo.

-Na época eu trabalhava em uma lanchonete. Foi lá que eu vi meu estuprador pela primeira vez...

Flashback on: Alguns dias antes do assassinato de Grace e Dmitry Mitchell.

Esse era meu segundo ano trabalhando na lanchonete do Joe.

Estava servindo as mesas e pegando os pedidos, até que um homem que nunca tinha visto antes entrou.

Um arrepio subiu pela minha espinha, não queria atender ele, mas eu era a única garçonete trabalhando naquela tarde.

Anotei seu pedido e fui entregar a comanda para Joe. Senti seu olhar queimando em minhas costas.

Aquele homem ficou na lanchonete por pelo menos 2 horas, sentia que ele me encarava a todo o momento.

E isso aconteceu por dias. Todos os dias ele ia à lanchonete, todos os dias sentia que ele me encarava por horas.

Mas teve um dia que ele não veio. Pensei que tudo aquilo havia acabado, mas não.

Nesse mesmo dia Joe pediu para eu fechar o lugar, pois tinha que buscar sua esposa em uma consulta médica. Aceitei, é claro.

Mas quando estava do lado de fora da lanchonete, prestes a ir embora, ele apareceu.

Tentou me agarrar, mas consegui dar uma joelhada em seu membro e sair correndo.

-EU VOU TE ENCONTRAR, SUA PUTINHA. VOCÊ VAI ME PAGAR POR ISSO! –Gritou.

Eu corri, olhando para trás a todo o momento para me certificar que não estava sendo seguida.

Os dias foram passando, e ele não apareceu de novo. Até aquela madrugada.

Flashback off.

Contei tudo para Lorenzo. Sem detalhes. Não falei como fugi depois de ser estuprada ou o que vi quando desci as escadas. Mas contei o necessário.

Lorenzo ainda me segurava em seu colo. Desenhando círculos imaginários na palma da minha mão.

-Desculpa por ter feito aquilo essa madrugada. –Sussurrou. –Não era pra eu mostrar o quarto vermelho daquele jeito. Eu queria te introduzir nesse mundo aos poucos, ter sua total confiança. Não deveria ter te punido pela primeira vez naquele modo.

-Tudo bem... Você tem meu perdão. –Falei em um tom baixo.

-Mais tarde vamos conversar sobre aquele quarto.

-Você vai me levar lá de novo?

-Pretendo. Mas da próxima vez vai ser 100% consensual, e você precisa ter sua total confiança em mim. Vou conquistar isso aos poucos. –Falou beijando minha testa.

E pela primeira vez, passamos o dia juntos. Sem brigas, sem gritos... E sem medo.

L'amore di un Mafioso (New Beginnings -Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora