chapter 1

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Rosé

Atrasada. Eu estou super atrasada. Levantei da cama tão rápido que precisei me apoiar na parede de tão tonta, a visão turva e a cabeça latejando. Corri para o banheiro e tomei o banho mais breve possível, eu não deveria me atrasar no primeiro dia. Não deveria mesmo.

A água estava tão boa que quase cochilei no chuveiro, mas estava com pressa demais para sequer fechar os olhos. Saí do banheiro batendo o queixo e indo em direção ao armário de roupas. Peguei a primeira coisa que vi e vesti, quando olhei no espelho percebi o quanto a blusa estava ridícula e não ia combinar com as botas cor de rosa. Troquei a blusa por um suéter off e vesti o sobretudo azul marinho. Ótimo, melhor impossível.

Peguei minhas coisas e joguei dentro da bolsa, a coloquei no ombro e caminhei até a cozinha enquanto amarrava o meu cabelo loiro. Tomar café da manhã cedo? Isso é para os fracos, eu vou mesmo é comprar no caminho e beber até chegar na escola.

Minha mãe sempre disse que eu sou irresponsável e que nunca daria certo minha vida como independente. Bem, ela não está totalmente errada. A minha vida de adulta está indo bem, até mais do que eu esperava, mas não está perfeita como a de Jennie. Minha irmã mais velha tem tudo o que sempre sonhou, é a jóia rara da família e eu sou a ovelha negra. Não costumo me importar com isso, mas é em momentos como esse que eu penso que Jennie nunca se atrasaria para o primeiro dia de trabalho.

Essa é a questão: não sou Jennie.

Jennie é baixa, o corpo com muitas curvas e tão meiga que me deixa com intolerância à meiguice. Estudou medicina e agora é uma neurocirurgiã maravilhosa, tem um namorado perfeito e uma casa magnífica em Cambridge. Eu sou alta, magra pra caramba e tenho um coração de gelo. Estou no último ano de pedagogia, solteira encalhada e moro num apartamento pequeno em Boston.

E outra: ela é a favorita da família.

Eu não estou reclamando da minha vida, claro que não, eu adoro meu jeito de viver. Estou mostrando o quanto somos opostas. Tirando o fato de que somos tão inteligentes que nossos parentes invejam nossa capacidade de pensar tão rápido e de resolver coisas super difíceis.

Por parte eu até gosto de não ser paparicada pelos meus pais, assim não devo satisfação nenhuma à eles. Mas detesto ser humilhada nas confraternizações em família, onde todos bajulam Jennie e me criticam por ser quem eu sou. Só por que escolhi trabalhar com crianças com necessidades especiais e não tenho um namorado rico e gostoso? Porra, deixem eu viver a minha vida em paz. Sou eu quem paga minhas contas!

Mas apesar de tudo, eu amo a minha irmã. Ela me entende e detesta o fato de ficarem nos comparando, (ela não sabe que eu mesma faço isso) e me apoia mais que qualquer pessoa da nossa família. Jennie só quer me ver feliz, meus pais só querem me ver rica e casada.

Suspirei revirando os olhos quando pensei nisso. Pensar nesse assunto sempre me deixa mau-humorada, para ajudar com o atraso dessa manhã. Comprei um café expresso no Starbucks e saí às pressas à caminho da escola de reforço. Ouvi meu telefone tocar na bolsa e parei para pegá-lo.

Abri um sorriso ladino ao ler o nome do meu melhor amigo na tela. Atendi e continuei meus passos.

— Bom dia, professora! — Jimin disse do outro lado da linha.

— Só dia por enquanto.

— Fala sério, Rosé, se atrasou? — seu tom foi de desaprovação com um pinguinho de "nem me surpreendo".

— Pra caramba. Dormi muito mal essa noite e depois das 4h peguei um sono pesado. — digo dando um gole no café.

— Vixe... Boa sorte então. — ele diz. — Me conta depois como foi, vamos sair depois do trabalho. Vi que um bar foda vai inaugurar hoje, podemos ir.

— Pode ser, vai ser uma boa. Te ligo mais tarde.

— Te amo.

— Eu tamb... — alguém esbarrou em mim. — Porra!

— Quê? — a voz de Jimin gritou no telefone.

Mas eu estava furiosa demais para me importar com ele. Um desgraçado derrubou meu café em mim. Na minha roupa! Virei para trás e olhei com ódio para o homem que me esbarrou. Alto, adulto com uma aparência jovial e até que é bem bonito. Mas estou puta demais para reparar na beleza do imbecil que me sujou toda.

— Você não tem noção? — explodi.

— Você que não olha onde anda! — ele devolveu. — Não tem só você nesta rua!

Trinquei o maxilar o máximo que consegui e achei que fosse quebrar meus dentes. Olhei para o chão e as caixas que ele segurava estavam esparramadas com o copo de café (agora derramado).

E então olhei para minhas roupas. Merda, merda, merda. O suéter está com uma mancha enorme de café no peito e o sobretudo com alguns pingos. As botas cor de rosa estavam sujas e a bainha da calça jeans também.

— Maravilha. — sibilei. — Muito obrigada por acabar com a roupa do meu primeiro dia de trabalho.

— Eu que agradeço por você estragar minhas coisas de trabalho. — ele devolveu mais uma vez.

Dei um passo firme em sua direção.

— Você é um sem educação!

Ele soltou uma risada sem humor.

— Eu sou sem educação? — ele apontou para si. — Disse a pessoa que começou a gritar com um estranho.

— Você entornou café em mim. — tentei não berrar de tanto ódio.

— E você derrubou minhas caixas, agora minhas coisas estão sujas de café.

— Eu não tenho culpa. — levantei o queixo enquanto ajeitava o sobretudo no corpo.

— Que se foda então, tenho mais o que fazer! — disse ele jogando as mãos pro ar.

Ele se abaixou e começou a juntar suas coisas e colocar nas caixas. Ergui o queixo novamente depois de pegar o copo vazio no chão. Esse homem é um idiota deselegante.

— Vai ficar aí parada? Achei que tinha que trabalhar. — ele disse se levantando.

— A minha vida não é da sua conta. — disse. — A não ser que queira pagar um suéter novo pra mim.

Ele bufou enquanto murmurava alguma coisa e olhou pra mim.

— Preste mais atenção enquanto anda na rua e fala ao telefone. Vai acabar sendo atropelada.

E então, ele continuou seu caminho.

— Ainda tem a audácia de se preocupar? — bati o pé. — Vá pro inferno, babaca!

Olhei para o telefone e vi que a ligação com Jimin ainda estava ligada. O filho da puta estava ouvindo tudo.

— O que achou do espetáculo? — perguntei ironicamente.

— Um arraso. — ele gargalhou. — Queria que a ligação fosse de vídeo, farei isso na próxima vez que te ligar.

— Vá à merda, Jimin. — desligo a chamada.

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Hello amores. Gostaram do primeiro capítulo?

Já vou avisando que a relação desses dois vai ser bem difícil, mas garanto que vocês irão gostar. ❤️

Admito que estou bem insegura em publicar essa história agora, então preciso da opinião de vocês. Beijos e até o próximo capítulo! ✨

𝐄𝐒𝐁𝐀𝐑𝐑𝐀-𝐌𝐄 | 𝑹𝒐𝒔𝒆𝒌𝒐𝒐𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora