Jungkook
Algumas semanas se passaram, eu estava indo visitar meu pai, como o prometido. Eu faço isso todo mês desde que fui fazer faculdade em Boston, já que é mais complicado de ele vir me visitar.
Meu pai não quis sair de Nova York, de nossa casa, então eu respeitei sua decisão e fui sozinho. No começo era difícil, para nós dois imagino, mas superamos e hoje está tudo bem. Eu cresci ao lado de meu pai, apenas nós dois desde que minha mãe foi embora.
Mãe. Nem sei se posso chamá-la assim.
Quando estacionei o carro na frente da casa bonita e antiga, com um belo e conservado jardim na frente, meu pai apareceu na porta. Fui em sua direção com um sorriso no rosto e o abracei forte.
— Como vai, velho? — perguntei.
— Não sou velho. — ele disse e eu ri. — Mas estou ótimo. E você?
— Muito bem. — digo separando o abraço.
— Entre, Violet está arrumando a mesa.
Eu não devia estar nervoso, Violet parece ser uma mulher legal. Se está fazendo meu pai feliz, já gosto dela. Assenti para meu pai e entrei em casa.
Quando cheguei na cozinha, vi uma mulher baixa de cabelos castanhos arrumando a mesa do almoço. Violet se virou e eu vi seu rosto. Um grande sorriso saiu de seus lábios, ela era linda, olhos azuis e brilhantes como o céu.
— Jungkook. É muito bom conhecer você. — disse ela e eu sorri.
— Olá Violet, que prazer. — digo estendendo a mão.
Eu não sabia muito bem se era isso o que eu devia fazer, mas Violet não pareceu se importar em darmos um aperto de mão. Talvez seja cedo demais para um abraço, íntimo demais.
— Você é a cópia do seu pai.
Isso não era novidade pra mim, uma coisa que eu sempre agradeci. Se eu fosse parecido com a mulher que me deu à luz, viveria infeliz o resto da vida.
— Isso é bom, ele sempre foi bonitão. — brinquei e ela riu. Sua risada era harmoniosa.
— Garanto que sim. — disse ela. — O almoço está pronto, vamos comer.
— Claro, vou lavar as mãos.
Meu pai observada tudo de longe, quando me virei, ele abriu um sorriso de orgulho para mim. Se ele está feliz, eu também fico feliz.
O almoço ocorreu bem. Violet fez muitas perguntas e eu não me incomodei nenhum um pouco em respondê-la, pelo visto meu pai não disse muito sobre mim. Eu o entendo, com certeza ele quis respeitar minha privacidade fazendo isso.
Nós rimos bastante, ela é descontraída e sempre pensa no lado bom das coisas. De fato, ela faz muito bem para o meu velho. Me peguei sorrindo enquanto ela contava sobre o seu antigo trabalho de florista, ela é encantadora.
— Me aposentei depois de 25 anos naquele lugar. Mas eu ainda amo flores e arranjos. — ela abriu um largo sorriso.
— Não reparou que essa casa está mais enfeitada? — meu se virou para mim.
Eu olhei em volta. Estava mesmo, com flores e pequenos arranjos por todo canto.
— De fato. — dei um sorrisinho.
Eu passei minha vida nessa casa e não me lembro de vê-la tão arrumada e bonita. Nem quando a mulher que me deu à luz morava aqui. Pra falar a verdade, ela nunca foi alguém feliz e contagiante como Violet. Nunca a vi sorrir.
— Sobremesa? — Violet perguntou se levantando.
— Claro, perfeito. — meu pai diz animado.
Violet começou a tirar as coisas do almoço que estavam na mesa, eu me recusei a assistir sem fazer nada, então levantei e a ajudei com a louça. Violet pareceu se surpreender quando eu comecei ajudar, mas logo me deu um sorriso agradecido e assentiu com a cabeça.
Mais tarde, quando meu pai cochilou em sua poltrona, eu fui até a varanda dos fundos. Quando eu era pequeno, gostava de ficar aqui brincando ou pensando no meu futuro. Olhei para as espreguiçadeiras e me lembrei de ver meu pai chorando, depois de minha mãe nos deixar.
Ele sempre se culpou pela ida dela, mas a culpa nunca foi dele. Meu pai sempre foi o único dessa casa a me dar atenção e o que queria o meu melhor. Ele foi muito forte em aguentar tudo isso só para me criar, eu devo isso à ele.
Senti as lágrimas embaçando minha visão e pisquei rápido, impedindo que elas descessem. Não posso chorar aqui.
Olhei de volta para o quintal e vi o lindo jardim que Violet plantou ali, ela é muito caprichosa.
— O que achou? — ouvi a voz de Violet e tentei não me assustar. — São bonitas, não são?
Eu a olhei e assenti.
— Sim, muito bonitas.
Ela deu um sorriso.
— Seu pai que pediu que eu plantasse, disse que o quintal estava sem graça e sem vida. — Violet se aproximou, ainda olhando para as flores. — Você gostou?
— Gostei. Muito. — fui sincero.
Alguns segundos de silêncio se passaram, mas nada constrangedor.
— Você também é um homem forte, Jungkook. — Violet me encarou. — Eu vejo nos olhos do seu pai, a admiração que ele tem por você. Ele te ama.
Eu não sabia muito bem o que responder, então apenas assenti e continuei calado.
— Eu espero que possamos nos dar bem.
— Eu também, Violet.
— Quero que saiba que pode contar comigo. Sempre que precisar, estou disposta a te apoiar. — ela sorriu.
— Obrigado. — digo retribuindo o sorriso. — De verdade.
— Acho que o seu pai dormiu mesmo. — Violet riu fraco.
— Ele sempre fez isso. — digo rindo.
E em um segundo já estávamos rindo e conversando naturalmente. Tirei a conclusão que realmente posso confiar em Violet, ela é honesta e gentil, e também bastante engraçada. Gosto da companhia dela.
Já era noite quando eu me despedi deles. Meu pai tenta não demonstrar tristeza, mas seus olhos são bem sinceros. Eu o dei um grande e forte abraço e disse que logo voltaria, ele afirmou e sorriu. Também dei um abraço em Violet, e pela primeira vez em todos esses anos, me senti acolhido de verdade.
Dei um sorriso para os dois e fui para o meu carro, acenei uma última vez e parti. Hoje, com certeza, foi um dos melhores dias da minhas vida.
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Capítulo bem soft, porque o próximo é fogo no parquinho 🔥
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𝐄𝐒𝐁𝐀𝐑𝐑𝐀-𝐌𝐄 | 𝑹𝒐𝒔𝒆𝒌𝒐𝒐𝒌
RomanceUma estudante de pedagogia e um dono de bar se esbarram na rua em um dia corrido e mau-humorado. Os dois se irritam e juram pra si mesmos que não esperam se encontrar nunca mais. Entretanto, o destino escolhe mudar isso. Rosé e seu melhor amigo deci...