Os raios de sol que entravam pela fresta da cortina acabaram por acordar Todoroki. Notar que estava sozinho na cama o incomodou um pouco, mas o pensamento de encontrar o marido na cozinha preparando algo para comerem era reconfortante.
Assim, ele se levantou e vestiu seu roupão preto. Seguiu para o banheiro, lá escovou os dentes e prendeu um pouco do cabelo em um rabo de cavalo. Saiu do quarto e caminhou pelo corredor passando em frente ao quarto dos filhos que dormiam serenos ainda.
Chegando na cozinha, Katsuki realmente estava lá, de costas para ele, preparando alguma coisa no fogão. Shoto se aproximou e o abraçou por trás.
- Bom dia - disse, depositando um beijo no ombro do amado.
- Bom dia, bela adormecida. - Virou o rosto para receber um selinho do outro.
- O que teremos para o café de hoje?
- Tapioca pura com água.
- É alguma dieta nova? - Brincou Shoto.
- Antes fosse - riu - , na verdade a despensa está praticamente vazia, então é isso que temos pra hoje.
- Nem mesmo um ovo? - Perguntou abrindo a geladeira.
- Nenhum - respondeu sem desviar os olhos do que fazia.
- Presunto ou mussarela?
- Nem uma fatia.
- Alguma geleia ou creme de amendoim? - Procurava nos armários.
- Nem os potes estão aí mais.
- Como isso aconteceu?
Bakugou ficou quieto pela primeira vez, Todoroki automaticamente desconfiou disso.
- Então é você quem está assaltando a geladeira à noite? - Nenhuma resposta novamente. - Por que não me chamou? Eu teria te acompanhado.
- Esse é o problema. - Virou-se para encarar o marido. - Se eu tivesse te chamado, as coisas teriam acabado seis vezes mais rápido.
Shoto riu e voltou a abraçá-lo, aproveitando para sentir o perfume adocicado que o outro tinha. Às vezes pensava em como perfumarias perdiam rios de dinheiro por não investirem em uma fragrância como aquela. Mas também adorava o fato de ser o único a poder senti-la todos os dias.
- Você está certo. - Respirou fundo uma última vez antes de continuar: - Bom, dia de mercado então. Vou me arrumar e as crianças também, encontro você na garagem. Podemos comer um café da manhã de verdade no caminho.
Depositou um último beijo na bochecha do ômega e depois saiu.
*
Estavam dentro do carro, a caminho do mercado. Uma música genérica tocava baixo no rádio do carro. Já tinham passado em uma padaria e comprado pães de queijo e rosquinhas cheias de açúcar e canela, as quais Todoroki devorava no banco do passageiro enquanto encarava o celular.
Pelo espelho retrovisor, Katsuki conseguia ver os gêmeos sentados em suas cadeirinhas no banco de trás. De um lado, Mitsuki tentava com todas as suas forças desabotoar os cintos que a prendiam, mas não conseguia. Do outro, Touya estava vidrado na paisagem da janela.
- Touya vai ser meio sonso igual a você, não acha? - Disse, olhando para o lado do marido rapidamente.
- Hm...? - Ele respondeu com a boca cheia e sem tirar os olhos do aparelho.
- Exatamente. - Katsuki riu.
- Ah, olha, chegamos. - Levantou os olhos e reparou no destino já próximo. Começou a juntar e a guardar as sobras de seu café.
Bakugou entrou com o carro no estacionamento e parou em uma vaga ligeiramente perto da entrada. Eles desceram do veículo, vestiram cada um um canguru e colocaram os pequenos neles. Mitsuki com Katsuki e Touya com Shoto.
Depois de fecharem o carro, caminharam de mãos dadas até a entrada do estabelecimento.
- No carro, eu fiz uma lista do que cada um vai comprar, assim é mais rápido, até porque eu sei que essa menininha aqui não vai aguentar ficar presa muito tempo. - Ele tocou o nariz dela com o indicador, o que fez a pequena piscar e abrir um sorriso brincalhão. - Já enviei a lista para você. Depois nos encontramos no caixa. Boas compras!
Eles deram um beijo rápido e se separaram.
*
Fazia mais de uma hora e meia que tinham chegado. Vez ou outra eles se esbarravam pelos corredores.
Agora, Todoroki aguardava na fila do açougue. Touya dormia sossegado aproveitando o cafuné inconsciente do pai.
Enquanto Shoto divagava esperando a fila andar, Katsuki aproximou-se dele e parou ao seu lado sem dizer nada.
- Já terminou a sua lista? - Perguntou o alfa, confuso com a presença do outro ali.
- Mais ou menos, mas estou aqui por outro motivo.
- O que foi?
- Acho que ela fez cocô - sua voz era um pouco mais alta que um sussurro. Ele olhava em volta, garantindo que as pessoas não tinham ouvido.
- Como assim você "acha"? - Não tinha nada de sarcástico em sua pergunta.
- Bom, eu senti que ela estava fazendo um pouco mais de força e o cheiro depois... digamos que não era muito agradável e passa longe de ser feromônios.
- Entendo. É só ir ao banheiro e trocar ela.
- Eu?!
- Por que não? Você consegue fazer isso sozinho.
- Em casa, aqui é diferente. Você faz isso melhor que eu. - As únicas vezes que Katsuki dizia não ser o melhor em algo era para conseguir que Shoto fizesse algo que ele próprio não queria.
- Eu estou ocupado. - Voltou a prestar atenção na fila que tinha andado alguns passos.
- Com o quê?
- Vou comprar carne.
- Isso eu faço melhor que você. Vamos, troque o Touya comigo - disse já tirando Mitsuki de seu canguru.
- Não, Katsuki, ele vai acordar...
- E depois vai dormir de novo, porque é isso que ele faz quase o dia todo.
Bakugou pressionou a menina contra Todoroki que foi obrigado a segurá-la. Depois retirou Touya do canguru do alfa e o colocou no seu. O menino abriu os olhos por dois segundos e depois voltou a dormir.
- Não disse que ele voltaria a dormir?!
- Mas você não pode cortar fila, Katsuki.
- E só você me dar o seu lugar. Assim. - Ele segurou os ombros de Shoto e o girou trocando suas posições. - Viu? Sem problemas.
- Você tem sorte que eu te amo, sabia?
- Sei sim. E eu também te amo. - Ele sorriu convencido. - Agora, acho melhor andar logo, antes que as pessoas comecem a notar o perfume dessa princesinha aí.
Shoto estava de cara com a audácia do marido.
- Próximo! - Gritou um açougueiro.
- Sou eu! - Assim Katsuki saiu, não deixando espaço para o outro responder.
Todoroki colocou Mitsuki no canguru e a encarou meio sério, meio brincalhão.
- Olha só, mocinha, você tem que prometer pro papai que não vai ficar assim quando crescer.
A resposta dela foi simplesmente abrir um sorriso banguela, os olhos vermelhos ligeiramente fechados por conta das bochechas enormes e, naquele gesto, Shoto já podia sentir o sarcasmo hereditário florescendo na mais nova geração. Ele sorriu e pegando a bolsa da menina no carrinho, dirigiu-se até o banheiro mais próximo.
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Ao longo dos anos - TodoBaku
FanfictionEssa fanfic acompanha a vida de Todoroki Shoto e Bakugou Katsuki depois de se tornarem papais. [TodoBaku - ABO] Fanart por: (não encontrei)