17 - Quando Touya foi numa festa

305 28 11
                                    

— Você tem que me prometer que não vai rir — disse Touya, sua voz completamente insegura.

Masaichi Toshio estava sentado com os olhos vendados no pufe perto da cama do melhor amigo como ele havia pedido. O beta mal tinha chegado na casa do amigo quando foi arrastado até o quarto por Touya dizendo que tinha algo para lhe mostrar.

— Não vou! — Levantou a mão como em um juramento de escoteiro.

— Tá... — Touya ficou de pé na frente dele, respirou fundo e continuou: — Pode olhar agora.

Toshio desamarrou a bandana que mantinha seus olhos fechados e perdeu completamente o fôlego com a cena à sua frente. Touya estava a alguns passos de distância, seu rosto corado, os olhos preocupados, ele segurava um de seus braços tentando conter o nervosismo. Porém, o que mais chamava a atenção, e o motivo para toda aquela situação, era o que ele vestia. Uma saia branca, estilo uniforme colegial, com várias pregas e com uma única listra preta perto da barra que terminava pouco acima do joelho.

Masaichi não sabia o que dizer, tinha perdido essa capacidade, simplesmente estava... deslumbrado. Mesmo sem conseguir falar, ele inconscientemente sibilou um "uau" que passou despercebido pelo amigo.

— Está ridículo, não é? — Disse Touya, interpretando mal o silêncio do outro. — O que eu estava pensando? Nunca mais uso isso. — Virou-se para procurar a calça que usava antes.

— Não! — Toshio saiu de seu transe e, ao se levantar apressado, segurou o braço do ômega, virando-o novamente para ele. — Ficou... incrível.

Seus olhos se encontraram e eles imediatamente desviaram o olhar e se afastaram ao perceber a proximidade e sentir os rostos queimarem.

Para tornar tudo ainda mais embaraçoso, escutaram duas batidas à porta e logo depois ela se abrindo. Sabiam que era Shoto, pois ele sempre fazia isso antes de entrar.

Eles voltaram a se olhar, mas dessa vez Touya implorava por ajuda. Com aquele mero instante, Toshio entendeu que o amigo não tinha contado sobre aquela peça de roupa para o pai. A ideia mais rápida que teve foi empurrar o amigo para o lugar entre a cama, que era encostada na parede, e o guarda roupa, onde Shoto não conseguiria vê-lo da porta.

— Alfred está aqui? — Todoroki perguntou calmamente, enquanto varria o quarto com os olhos.

Toshio viu o gato saltando de um dos nichos da estante na parede para o outro, aproximou-se, pegou o animal e o entregou para Shoto.

— Quando estiverem prontos para a festa, avisem-me e eu levarei vocês.

— Obrigado, tio Todoroki, até mais. — Fechou a porta novamente. Seu coração estava acelerado e ele nem tinha percebido.

Voltando para o lugar onde Touya estava, encontrou-o encolhido no chão, apoiando as mãos e a cabeça nos joelhos. Masaichi sentou-se diante dele.

— Acha que ele viu? — Sua voz saiu abafada por não ter levantado o rosto.

— Acho que não. Tio Katsuki tem razão quando diz que o tio Todoroki é meio lerdo.

Touya riu e levantou o rosto.

— Ainda temos bastante tempo — Toshio continuou —, quer jogar alguma coisa?

— Pode ser...

— Eu escolho!

O beta deu as costas para o outro, indo para a frente da televisão. Escolheu um dentre os vários jogos na prateleira e ligou o console. Quando ia ligar a TV, viu, pelo reflexo da tela, o ômega se trocando de costas perto da cama. Sacudiu a cabeça para afastar aqueles pensamentos que vinha tendo e focou em ligar o aparelho a sua frente.

Ao longo dos anos - TodoBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora