— Quer beber alguma coisa? — Perguntou Masaru, convidando o filho para se sentar no sofá.
— Só água — ele pediu e se acomodou em um dos cantos do móvel.
Masaru assentiu e saiu para a cozinha.
Desde que sua mãe havia falecido, Katsuki não se sentia mais confortável voltando para aquela casa. As memórias de tudo que tinha vivido ali enquanto crescia e todas as fotos espalhadas em quadros nas paredes ou porta retratos sobre vários móveis deixavam-o desconfortável. Sentia a mesma falta que a ausência de Todoroki em casa. Como o pai conseguia viver todos os dias com essa sensação angustiante de parecer ter mãos arranhando toda a sua pele?
— Aqui, Katsuki — disse Masaru, ao lado dele, que nem havia percebido sua aproximação, oferecendo o copo d'água que havia pedido.
— Obrigado — ele tomou um gole da bebida gelada enquanto esperava o pai se sentar em uma poltrona não muito longe. — Nunca pensou em se mudar?
— Por que eu faria isso? — Perguntou com sua calma de sempre.
— Ficar sozinho aqui... — Katsuki olhou ao redor, para os quadros e para os lugares que eram cenários de tantas memórias — com todas essas lembranças, não te machuca?
— São justamente pelas lembranças que fico — ele sorriu. — São muitas, não posso deixa-las para trás. Hoje em dia, elas me trazem calma e conforto, também fazem parecer que ela ainda está aqui, no ateliê, rabiscando milhões de esboços, apenas esperando que eu chegue lá e a lembre que precisa comer.
Bakugou deu um sorriso fraco. Lembrava de diversas vezes ter visto o pai subindo as escadas, levando uma bandeja cheia de frutas e lanches naturais, para o ateliê. É... de alguma forma, era reconfortante pensar nisso.
— Como vão as coisas? — Continuou Masaru, tomando um gole de seu chá, enquanto esperava pela resposta.
— Estamos... — Katsuki hesitou, tamborilando os dedos na lateral do copo e dando um leve suspiro. Ele não queria admitir que a cada dia o caso de Todoroki ficava pior, porque sentia que, se falasse, aquela única gota de esperança que ainda tinha secaria. — Estamos dando o nosso melhor.
— Entendo — Masaru meneou a cabeça, percebia que aquela não era a completa verdade, mas não o forçaria.
Um silêncio se formou por alguns momentos, durante o qual Katsuki abriu e fechou a boca diversas vezes hesitando sobre como começar a dizer o que queria.
— Posso... posso perguntar uma coisa?
— Vá em frente — ele colocou a xícara na mesinha ao lado e arrumou a postura, mostrando-se atento.
— Como era? Quando ela estava doente.
Bakugou se lembrava da época, de tudo que Mitsuki tinha passado, mas o que sua pergunta queria dizer era: como eles, como casal, lidaram com aquela situação.
— Ela não mudou nada, lembra? — Ele deu um riso fraco e encarou o chão por instantes, perdendo-se em memórias. — Continuou mandona e brigando por qualquer coisinha. Ela tentava mostrar para todos que aquilo não a tinha abalado, mesmo quando as coisas foram piorando. Sua mãe não queria que sentissem pena, então escondia o máximo que conseguia, mas eu sabia que ela estava com medo. Sabia que estava com medo quando ela não soltava minha mão nem por um segundo durante todas as sessões de quimioterapia, quando engolia em seco sempre que o médico chegava com notícias ou quando chorava por poucos minutos só quando achava que eu já tinha dormido. Ela se manteve firme, durona, até o fim... — ele levantou o rosto e olhou bem fundo nos olhos do filho — como você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ao longo dos anos - TodoBaku
FanfictionEssa fanfic acompanha a vida de Todoroki Shoto e Bakugou Katsuki depois de se tornarem papais. [TodoBaku - ABO] Fanart por: (não encontrei)