26 - Quando surgiu esperança

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Todoroki não voltou mais para casa depois do imprevisto e ninguém mais parecia se sentir confortável naquele lugar.

Mitsuki quase sempre tinha treino com o time depois da escola, mas agora, ela permanecia na quadra até que a treinadora dissesse que tinha de fechar o ginásio.

Touya costumava se inscrever em uma ou duas competições de cálculo, no entanto, passou a gastar tardes inteiras na biblioteca da escola resolvendo os exercícios extras que pedira ao professor.

Já Katsuki, tinha o trabalho para ocupar a cabeça, mas mesmo assim, vivia se desconcentrando por seus pensamentos estarem preocupados demais em como Shoto estava.

Os três irem dormir em casa no mesmo dia agora era um fenômeno raro, uma mera coincidência. Mitsuki tinha passe livre para dormir na casa de Kei sempre que quisesse e ela abusava disso. Os pais de Toshio adoravam Touya e o tratavam como um segundo filho, então, cientes da situação, eles não se importavam que o menino passasse a noite. O primeiro lugar para qual Katsuki sempre pensava em ir depois que saía do serviço era o hospital.

Todos eles se sentiam incomodados com aquela distância que havia se formado entre eles, mas essa mesma distância acabava impedindo-os de se encontrar para discutir isso.

Bakugou tinha acabado de chegar em casa e o som metálico das chaves contra a bancada de pedra da cozinha não poderia ser mais ensurdecedor naquele silêncio.

Nem mesmo Lolla e Alfred estavam ali. Touya e Mitsuki faziam questão de levá-los para onde quer que fossem e Katsuki agradecia por isso.

Ele subiu para o quarto para tomar um banho rápido, mas depois de desligar o chuveiro, sair do banheiro e se deparar novamente com aquela quietude melancólica, teve certeza de que não conseguiria passar a noite ali.

Juntou algumas coisas para sua higiene pessoal e também outras trocas de roupa para Shoto e seguiu para o hospital.

Chegando lá, percebeu que já estava ficando bastante familiarizado com os corredores e não se orgulhava nem um pouco disso.

O quarto em que Todoroki estava não era muito diferente do de quando descobriram o câncer. Pequeno, branco, algumas plantas, sofá e um armário para cobertores, roupas e estoques dos remédios que ele precisava.

Mas algo que realmente tinha de novo ali eram os vários livros empilhados na mesa ao lado da maca. Shoto já tinha o hábito da leitura, porém agora que havia sido afastado do trabalho, ele brincava dizendo que era um "leitor em tempo integral".

E lá estava ele, lendo. O livro ficava em um suporte sobre o braço móvel da maca, assim era mais fácil para ele ler já que, mesmo com as sessões diárias de fisioterapia, seus movimentos do lado esquerdo não eram como antes e seu lado direito também perdia mais força a cada dia.

Bakugou se aproximou lentamente da cama para não assustá-lo. Quando Shoto notou a presença de alguém no quarto, levantou os olhos na direção da porta e abriu um sorriso genuíno ao encontrar o marido já no meio do caminho.

— Oi — disse esperando a aproximação com o rosto levantado para que Katsuki lhe desse um selinho e um beijo na testa como sempre fazia.

— Oi — deu os beijos e passou a mão pela touca vermelha e branca que ele quase nunca tirava. — Como está hoje?

— Muito... bem — ainda restava um pouco de dificuldade na fala, então suas palavras sempre saiam pausadas. Katsuki nunca teve paciência para pessoas que falavam devagar, mas ali estava ele, disposto a esperar o tempo que fosse necessário para Shoto concluir uma frase. — Como... estão... Touya e... Mitsuki?

Ao longo dos anos - TodoBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora