15 - Quando Alfred e Lolla chegaram

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Mais um sábado e Shoto tinha acabado de abrir a porta para Toshio. O menino estava animado como sempre, também parecia estar escondendo alguma coisa, mas esse fato passou despercebido por Todoroki.

Como já fazia praticamente um ano que Toshio visitava o amigo em quase todos os fins de semana, ele não precisou esperar ser convidado para entrar.

— Boa tarde, tio Todoroki! — Saudou e foi correndo para o quarto do amigo.

Bateu à porta sem parar até que Touya, calmo como sempre, abriu.

— Tenho uma coisa para te mostrar! — Disse rapidamente e entrou fechando a porta.

Toshio caminhou até o meio do quarto e se ajoelhou no chão, convidando o amigo a fazer o mesmo. Depois tirou a mochila das costas e colocou entre eles. Antes de abri-la, olhou para Touya e disse:

— Está pronto?

— Acho que sim...

O menino abriu o restante do zíper, colocou as duas mãos dentro da mochila e de lá tirou um felpudo filhote de gato. Afastou a bolsa e colocou o pequeno animal de esbugalhados olhos azuis no fofo carpete azul escuro.

— Toshio...

— Eu estava vindo para cá quando escutei ele miando sozinho em uma caixa perto de uma lata de lixo. Não podia deixar ele lá. Olha! Parece que ele está usando luvinhas.

Parecia mesmo. O gatinho tinha o pelo todo preto exceto as patas que eram brancas e envolta do focinho onde ele parecia ter se sujado de farinha.

— Não posso levar ele para minha casa — Toshio continuou —, meu pai tem alergia, então não podemos ter nenhum animal.

— O que vai fazer com ele então?

— Pensei em você ficar com ele.

— Eu?!

— É! Seus pais não precisam saber, seu quarto é grande, dá para esconder facilmente ele aqui.

— Mas e se ele começar a miar?

— Você pode dizer que é algum jogo novo.

Touya ainda não estava nada seguro com aquela ideia, muitas coisas poderiam dar errado.

— Vai, Touya — insistiu. — Olha como ele é bonitinho. Uma coisinha desse tamanho não pode dar muito trabalho.

— Por que não leva ele até um canil?

— Não posso, de jeito nenhum! Uma vez vi um documentário sobre como os animais são maltratados lá e se não são adotados em quarenta e oito horas, eles morrem. Olha para ele! — Touya olhou. — Quer mesmo passar o resto da sua vida com a culpa de ter matado uma fofura dessas?

— Não...

— Então está decidido! Ele ficará aqui com você, virei sempre que der para ajudar a cuidar.

— O quê?! Toshio...

— Ah, já ia me esquecendo. Temos que escolher um nome para ele. Pensei em "Alfred" porque, por conta das patinhas, ele parece um mordomo.

Nesse momento, para o desespero dos garotos — principalmente de Touya —, eles ouviram duas batidas à porta e Shoto a abriu logo depois.

Rapidamente eles se colocaram um ao lado do outro e esconderam o animal atrás deles.

— Querem algo para comer, meninos? — Todoroki perguntou.

Para o alívio deles, Shoto estava focado lendo alguma coisa no celular, então não perceberia suas expressões surpresas.

Ao longo dos anos - TodoBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora