9 - Quando estava dormindo

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⚠️ ESTE CAPITÚLO PODE CONTER GATILHO (SUICÍDIO) PARA CERTAS PESSOAS. ESTÁ AVISADO ONDE COMEÇA E TERMINA. TERÁ UM RESUMO NO FINAL SOBRE ESSA PARTE. ⚠️

*

Não lembrava como, mas tinha conseguido voltar para dentro e ligar para Izuku e Uraraka.

Estava deitado no chão do escritório quando escutou batidas à porta da sala e correu para lá. Por segundos a possibilidade de abrir a porta e encontrar Katsuki ali passou por sua mente. Mas não aconteceu. Quem estava ali – mesmo que fossem seus amigos mais próximos – não diminuía nem um milímetro da cratera em seu peito.

As lágrimas e a fraqueza que sentia voltaram muito piores depois daquele momento de esperança ser esmagado com tanto desprezo.

— Shoto — chamou Ochako —, o que aconteceu?

Ele tentou olhar para ela, mas as lágrimas deixavam tudo embaçado e desfocado. Tentou falar, porém sua voz também não saía. No momento, só o que conseguia fazer era sentir dor.

Uraraka o abraçou e permitiu que ele chorasse em seus ombros. Izuku deixou eles na sala e, em silêncio, vasculhou a casa e voltou minutos depois de só ter encontrado os gêmeos dormindo.

— Todoroki — Izuku disse firme, segurando o rosto do amigo — , queremos ajudar, mas para isso você precisa nos contar o que aconteceu. Cadê o Kacchan?

Mais lágrimas vieram aos olhos ao escutar aquele apelido, mas ele respirou fundo e as conteu.

— No hospital... — a voz falhou, soluços o cortavam; respirou fundo mais uma vez e tentou continuar. — Nós brigamos... ele saiu com raiva... quando liguei... uma mulher atendeu... dizendo que ele... ele sofreu um acidente...

Pronunciar aquelas palavras parecia tornar toda a situação verdadeira, o que aumentava ainda mais a dor em seu peito.

— Você sabe para qual hospital ele foi? — Perguntou Ochako. Ele negou. — Onde está o seu celular?

— No escritório...

Izuku correu para o cômodo e voltou em segundos com o aparelho. As notificações mostravam que havia três mensagens de um número desconhecido.

*

[Desconhecido: olá, fomos nós que

prestamos socorros ao Katsuki.]

[Desconhecido: ele foi levado para o

hospital principal da zona sul.]

[Desconhecido: ficaremos aguardando até que alguém chegue procurando por ele.]

*

— Uraraka, você fica aqui e toma conta dos gêmeos, eu vou com o Todoroki para o hospital.

Ela concordou.

Shoto recebeu ajuda dos dois para se levantar e foi levado até o carro dos amigos do lado de fora.

Aquela era a viagem mais silenciosa, desconfortável e angustiante da vida de Todoroki. No banco do passageiro, ele apertava as mãos, tentando fazer com que parassem de tremer; respirava fundo na tentativa de se acalmar, mas a todo momento era bombardeado com os piores pensamentos; tudo parecia estar contra ele: o relógio, os semáforos... O tempo parecia sentir sua dor e chorava junto com ele.

Depois do que pareceu uma eternidade, eles chegaram ao hospital. Shoto mal esperou Izuku estacionar para pular do carro e correr até a entrada do local. Foi direto para a recepção e falou com a primeira pessoa que viu.

Ao longo dos anos - TodoBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora