8 - Quando brigaram

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Uma briga idiota. Começou do nada, por nada e não levaria a lugar nenhum.

Todoroki já tinha percebido que Bakugou andava mais irritado nas últimas semanas. Chegava bufando em casa depois do trabalho, tinha ainda menos paciência para fazer as coisas, respondia os gêmeos de forma seca e direta, os banhos em conjunto tinham sido esquecidos e na hora de dormir dava as costas para Shoto sem nem mesmo um "boa noite".

Aquela noite não estava sendo diferente. Assim que entrou na sala de casa acabou tropeçando em uma bola que Mitsuki tinha esquecido a alguns passos da porta.

- Cacete!

Bakugou sempre tivera um vocabulário chulo, mas, com os anos e as responsabilidades da vida adulta, ele percebeu que precisaria mudar isso. Não foi por completo, porém passou a utilizar palavras mais brandas e também em locais adequados. Porém, ultimamente o velho hábito também tinha voltado.

- Katsuki! - Shoto o repreendeu.

Os gêmeos estavam sentados no tapete felpudo da sala assistindo a algum desenho e Todoroki os fazia companhia enquanto esperava pelo marido.

As crianças, desacostumadas com aquela situação, assustaram-se um pouco e se encolheram por conta do cheiro forte e ar irritado dos feromônios do pai.

Ignorando toda a situação desconfortável ele perguntou:

- Tem comida?

- Sim, estávamos esperando você para jantar - o alfa respondeu de forma branda, tentando apaziguar a situação. - Podem ir para os seus lugares, crianças.

Elas obedeceram saindo rapidamente da sala e indo para a cozinha.

- Você está assustando eles com os feromônios desse jeito.

Katsuki não respondeu, só bufou afrouxando a gravata e foi se juntar aos filhos. Shoto o seguiu.

O clima na mesa não melhorou nada. O ômega continuava assustando os gêmeos com sua aura. A animação de Mitsuki era baixa enquanto comentava sobre seu dia. Quando Touya contava como estava indo na competição de matemática, Katsuki apertou um copo com tanta força que acabou por quebrá-lo.

Os dois menores gritaram assustados quando os cacos voaram; seus olhos marejados.

- Katsuki! - Advertiu. - Vocês estão bem? - Perguntou preocupado com os filhos. Eles balançaram as cabeças em sinal positivo. Partia seu coração vê-los daquela maneira. - Esperem no quarto de vocês, daqui a pouco vou lá, ok?

Eles concordaram e saíram apressados.

- O que foi isso?

Katsuki não respondia, só ficava olhando para a mão machucada pelos estilhaços do copo. Ainda em silêncio, ele se levantou e foi lavar a mão na pia.

- Por que você anda desse jeito? - Aproximou-se com um pano de prato para tentar ajudar. - O que está te incomodando?

- Você não entenderia.

- Como não? Estamos juntos desde o colegial. Passamos pelas piores e melhores coisas das nossas vidas juntos. O que eu não entenderia?

- Ser um ômega.

Shoto o encarou confuso. Aquilo nunca tinha sido um problema porque ele sempre fora diferente dos outros ômegas por ter um pavio curto e não aceitar desaforo.

- Eu chequei o currículo de todos os outros filhos da puta que trabalham na porra daquela empresa e o meu é o com os melhores atributos. Mesmo assim, depois da mudança de donos, se qualquer coisa dá errado eu sou o culpado. Entende?

Ao longo dos anos - TodoBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora