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O clima na sala de jantar parece um tanto instável

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O clima na sala de jantar parece um tanto instável. Eu não consigo nem mesmo respirar direito, até o simples ato de levar o garfo a boca parece não ser do modo que agrada o meu sogro.

É o curioso o fato de George Paviole nem mesmo olhar para mim ou para Coringa demonstra que ele não aprova nada ou pelo menos não acredita no nosso relacionamento. Eu quero muito que minha intuição esteja errada, quero muito!

Observo as pessoas à mesa. Todos estão conversando em italiano, menos eu. Coringa, vez ou outra, traduz em português algumas coisas para mim, na verdade ele fala mais comigo que com os outros. Eu percebo que ele é bem recluso e calado, a sua família em si, na verdade, não faz muita questão de inclui-lo. Se não fosse por Crocker, talvez ele ia ser apenas um fantasma perambulando pela mansão.

Ainda não conheci o primo do Coringa, vulgo Bart, e a filha dele, porque ambos estão viajando. Parece que foram fazer alguns exames de rotina na Suíça.

– Vamos dividir um quarto aqui? – Cochicho para Coringa. Essa ideia passa na minha cabeça repentinamente. Não tem nada a ver como o momento, mas meu cérebro precisa se distrair do nervosismo que se acumula.

– Não, cada um com seu quarto. – Coringa responde – Não quero correr o risco de ser atacado enquanto durmo, vai que você resolve descontar suas raivas de mim.

Olho para Coringa e percebo um sorriso provocativo em seu rosto. Respiro fundo, controlando-me.

– Eu é que não quero dividir um quarto com você, um louco. – Retruco entre dentes.

Ele solta um risinho baixo e atrai a atenção de todos, inclusive de GS. Já havia me esquecido de que ele está na sala, em pé com as mãos para trás, como um segurança ficaria. Felizmente, ainda está no campo de visão e posso olhá-lo de vez em quando.

– Não se preocupe, escolha o quarto mais longe possível de mim, temos muitos quartos. Mas lembre-se de que temos aparências a manter. – Coringa diz.

Assim, vejo-o pedir licença e se retirar da mesa. Meu coração dispara. Acho que ele está indo se preparar para surpresa com as alianças, ainda não pensei muito bem em como reagir. Será se eu digo apenas "sim"? Em italiano ou português? Limpo minha mão soada no vestido.

Tenho que fingir que não percebi que a ausência não é estranha e continuo comendo a torta de chocolate que trouxeram como sobremesa.

Respiro fundo algumas vezes e encaro meu primo. Ele percebe que há algo errado, por isso, pergunta-me o que aconteceu apenas mexendo os lábios discretamente. Balanço a cabeça de leve dispensando a pergunta. O seu sorriso, que esbanja logo em seguida, me deixa menos aflita.

No entanto, o tempo passa e meu noivo de mentira não volta. Começo a me preocupar. Os dois mafiosos continuam conversando alheios a minha presença. Então, uma empregada aparece. Ela me oferece um buquê de rosas e diz em português ensaiado que o Coringa me espera na piscina. Noto para onde ela está apontando, o corredor. Nele, um caminho sem fim de pétalas e velas cria um cenário romântico e surreal.

– O que está acontecendo? – Finjo na cara dura.

– Parece que teremos um showzinho essa noite. – Crocker diz, em português. Seu pai lhe olha, com uma expressão imparcial.

Crocker fala algo com ele em italiano e o homem me dirige um olhar surpreso. Não entendi nada.

Levanto, tímida e temerosa, com o lindo buquê nos meus braços, que deve ter custado uma fortuna com tantas rosas assim.

Caminho pelo corredor, com as silhuetas de sombra dançantes das velas refletindo em mim, sinto as pétalas de rosas serem esmagadas pelos meus saltos. Acho que vou ter um treco. Sigo lentamente, tardando esse momento que tenho temido tanto: o pedido de casamento. Já sei de tudo, mas isso só me faz ficar mais ainda com o coração saindo pela boca.

Finalmente, chego ao fim do corredor, ele dá direto para uma outra sala na casa, com sofás e clareira. O caminho de velas continua até sair para fora da sala, dando acesso ao jardim. Sigo em frente. Chego, então, à piscina. Suas bordas estão totalmente iluminadas com luz vermelha e pétalas flutuam por toda a água, quase sendo um mar carmesim. Foi montado um arco de uns dois metros de altura, todo feito de rosas naturais. No centro do ar, amarrou-se balões infláveis com as iniciais do meu nome e do Coringa. E bem na frente do arco está meu noivo.

Paro de respirar.

Ele trocou de roupa, o que me leva a entender toda a demora. Está vestindo smoking, que a propósito parece que foi feito sob medida, caiu como uma luva. Olho para ele com aquele olhar de "pra que tudo isso?" e ele apenas dá de ombros, sorrindo. Depois disso, nós trocamos olhares intensos. Por um momento, chego a pensar que tudo isso não é encenação.

Quando estou frente a frente com o Coringa, ele se ajoelha, beija minha mão e depois tira do bolso uma caixinha, a mesma que eu escolhi na joalheria. Caio na real. Lembro do que ele me disse sobre tudo ser só uma farsa, pra o Coringa a ideia de ser real nunca passou pela sua cabeça.

E começa, assim, toda a encenação. Ele finge estar emocionado, e eu, chocada por ainda "não" acredita que ele vai mesmo me pedir em casamento.

– Eu quis esperar o momento perfeito para isso. – Coringa começa a falar, talvez ele tenha preparado um discurso – Esperei que você conhecesse minha família e a casa onde nasci. Florença é especial para mim então o pedido não podia acontecer em outro lugar.

Solto um risinho, porque é a única coisa que posso fazer agora.

– Bárbara Paes, você é a mulher pelo qual esperei a minha vida inteira. O tempo urge a nossa porta e eu quero que nosso finalmente se eternizem para todo o sempre...

Coringa faz a pausa dramática antes da tão famosa pergunta. Isso me dá espaço para pensar um pouco em como é estranho ouvir palavras tão belas de alguém tão estranho. Nós não temos história, nem mesmo nos conhecemos direito. Toda essa falsidade tem um gosto amargo na minha boca. Sinto-me esquisita de uma forma que não consigo descrever.

Amore mio, quer se casar comigo? – Coringa diz por fim, com uma voz bem romântica.

Olho para o lado e vejo o senhor Paviole e Crocker nos observando da varanda. Junto todo o meu talento de atriz (se é que eu tenho) e faço a melhor encenação de todas.

Busco a face de Coringa, forçando meus olhos a lacrimejarem, mas me abano algumas vezes, como se estivesse tentando reprimir as lágrimas. Respiro fundo e... Finjo um desmaio.

[...]

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Até mais meus amores ❤

Um Mafioso para Amar | BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora