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A suposição da gravidez ainda me incomoda

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A suposição da gravidez ainda me incomoda.

Pensei que o Crusher estava só implicando com a gente, mas acabei descobrindo que depois daquele meu desmaio falso no pedido de casamento do Coringa, há mais de uma semana, todo mundo da casa ficou comentando que eu estou grávida, até mesmo os empregados. Acredita que eles estão até fazendo simpatias para que seja um menino? Brincadeira viu!

Quem me contou isso foi a Samantha, quando brinquei com ela depois do almoço "de aniversário de namoro". Crianças de oito anos são muito espertas, ela usou um tradutor em seu celular para me falar essas coisas.

Tenho vontade de sair no corredor e gritar: "Vão cuidar das suas vidas, babacas!" Mas não adiantaria de nada, eu não sei falar isso em italiano mesmo.

Já é a noite, deixo a Samantha com o Bak na sala de estar e volto para o meu quarto. Ando pensando no outro irmão de Coringa, o Melchior. Ele ainda não apareceu aqui, o que é estranho, porque ele mora nessa casa. Será que esses mafiosos trancam o coitado em um porão? Eu não duvido nada. Solto um risinho.

Percebo que minha jarra de água está seca e eu estou com sede. Droga! Tenho que descer até lá embaixo de novo. Tomo as escadas, dessa vez, em direção à cozinha. Ao chegar, encontro o lugar vazio. Por um lado, eu acho bom, porque os funcionários aqui me tratam como se eu fosse uma rainha, eles até se curvam para mim. Seria bem estranho se isso acontecesse novamente. Não sou metida assim, eu os vejo como pessoas, não como "empregados".

No enquanto, quando vou encher a jarra de água do filtro caríssimo que os Paviole têm, percebo que há algumas louças sujas na pia. Não é muita coisa, mas eu sinto vontade de ir lá lavar. E é o que eu faço.

Faz tanto tempo que não lavo nem mesmo uma colher, eles não me deixam nem tirar meu prato da mesa. E essa questão tem me feito sentir bem inútil, porque sempre gostei de ajudar na limpeza da casa. O pior pesadelo para mim é ser um encosto na vida de outras pessoas.

Começo a lavar a louça, bem tranquila, cantarolando uma música qualquer, mas logo ouço um barulho atrás de mim. Viro-me no mesmo instante, assustada, com as mãos fechadas em punhos cheias de sabão. Felizmente, é só Rosalynd. Respiro aliviada e sorrio para ela.

– Ah é, você. Eu pensei que era outra pessoa. Você me assustou, não faça mais isso. – Brinco, com um sorriso.

– Desculpe, senhorita. – Ela responde abaixando a cabeça, com seu sotaque inglês carregado.

– Não, Rosalynd, isso não foi uma bronca não! – Eu digo balançando as mãos, algumas bolhas de sabão crepitam até o chão – Fica tranquila.

Ela levanta a cabeça e assente. Rosalynd é sempre tão profissional, mas ao mesmo tempo demonstra um olhar tão amoroso sobre nós, como se aos olhos dela, fossemos filhos dela.

– A senhorita não deveria estar a lavar a louça. – Ela responde, meio receosa – Se o patrão Victor ver isso, ele ficará furioso.

– Do Victor, cuido eu! – Respondo, com um sorriso convencido – E outra, não tem problema nenhum eu lavar uma louça. Minha mão não vai cair, certo?

Eu sacudo minhas mãos na frente dela e ela sorri. Eu poderia facilmente passar horas e horas conversando com Rosalynd. Ela transmite paz.

– Você pode me ajudar a enxaguar, se isso te incomoda tanto. – Eu sugiro e ela parece gostar da ideia.

Rosalynd vem até ao meu lado e nós começamos juntas a trabalhar nessa louça suja. Eu ensaboo e ela enxagua. Enquanto estou aqui, nessa situação com ela, aproveito para saber mais sobre a família Paviole.

– Então, Rosalynd... – Começo falando e ela me olha – O Melchior mora aqui, certo?

Ela concorda balançando a cabeça.

– Mas porque eu nunca o vi desde que cheguei aqui?

– Porque o menino Melchior estuda em um internato. – Ela responde, enxaguando uma panela.

– Em um internato? Por que ele não estuda em uma escola normal e vive com a família dele? Eu notei que nenhum dos filhos do senhor Paviole tem mãe, então deve ser muito triste perder a mãe e viver longe do pai e dos irmãos.

Rosalynd não responde ao meu discurso sobre os irmãos Paviole. Ela parece saber de tudo, mas não quer me dizer, o que dificulta ainda mais para eu entender as coisas nessa casa. Porém, pelo menos agora sei que não trancaram o coitado do Melchior em um porão. Pensando bem, um internato não é lá essas coisas confortáveis e aconchegantes. Pelo menos o pessoal diz isso nos filmes.

– Ele não vir me conhecer? – Pergunto.

– Provavelmente ele virá no dia do seu casamento, senhorita. – A forma como Rosalynd me chama é fofa.

– Você não precisa ficar me chamando de senhorita. Pode me chamar só de Babi, se quiser.

– Tudo bem, Babi. – Rosalynd tenta pronunciar meu nome e fica muito engraçado. Sorrio.

– O Melchior sabe fala português? – Volto a perguntar, mas não dou nem chance para ela responder, já vou falando mais – Por que o Crusher e você fala. O Coringa também, na verdade eu sei que você não é brasileira, mas estou em dúvida quanto aos rapazes.

– Melchior fala italiano e francês, a mãe dele é da França. E Crusher e Coringa são brasileiros, assim como as mães deles.

Caralho! Agora tudo faz sentido! Por isso eles falam tão perfeito o português, porque eles são do Brasil. Isso também explica o que os filhos de um mafioso italiano estariam fazendo no Brasil, afinal, eles não vão ao país apenas para vigiar seus cartéis, porque eles têm gente para fazer isso.

Mas espera... A mãe do Coringa não tinha morrido? Fico confusa de novo. Bom, talvez ele tenha outros parentes por lá ou quem sabe está procurando por eles.

– O senhor Paviole gosta de fazer filhos com estrangeiras né? – Eu ironizo.

Acabo de terminar a lavagem da louça. Procuro um pano para enxugar as mãos, enquanto Rosalynd ri do meu último comentário. Ela é alguém tão legal, quero ser mais próxima dela. Ela parece ser bem fiel às pessoas que gosta, não fala mal dos patrões pelas costas e isso é um ponto positivo. Também é amorosa. De certa forma, sinto-me emocionada. O jeito de Rosalynd me lembra muito a minha mãe.

– Rosalynd. – Chamo-a – Podemos ser amigas? Eu gostei muito de você.

– Claro, Babi. – Ela consegue falar meu nome mais "certo" dessa vez.

Eu abro um sorriso imenso para ela e lhe dou um abraço, despedindo-me, antes de voltar ao meu quarto com uma nova jarra de água. Mas, quando estou passando pela porta da cozinha, paro e me viro de novo.

– Sabe uma coisa que me deixa intrigada? – Digo, olhando para ela – Por que o pai do Coringa não se deu ao trabalho de aprender a língua materna dos próprios filhos? Ele não se importa com eles? Se fosse meus filhos, eu teria aprendido. Aliás, estando no lugar do senhor Paviole, eu teria aprendido antes mesmo deles nasceram, afinal, as esposas dele eram estrangeiras.

Rosalynd me olha com um rosto de quem sabe tudo, mas não pode dizer nada. A única coisa que me diz, misteriosamente é:

– É complicado a verdade por trás disso...

Não respondo mais nada, apenas volto ao meu quarto e passo a noite inteira pensando nisso.

[...]


Oiii, mais um capítulo novo para vocês! GOSTARAM????? Voteeeem!

Beijinho da Bel! Amo vcs

Um Mafioso para Amar | BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora