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No dia seguinte, desperto cedo

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No dia seguinte, desperto cedo. Terça-feira. Sete dias para o dia do casamento. Recebi ontem à noite, por e-mail, a tal agenda da semana com todos os compromissos que o Coringa e eu, como noivos, devemos fazer. Se eu achava que essas últimas três semanas tinham sido difíceis, foi porque não imaginava que a quarta semana seria pior.

Não sei o que é mais difícil: ter de fingir que estou muito apaixonada pelo Coringa na frente das pessoas ou fingir para o Coringa que isso não é verdade.

Começo a pensar quantas pessoas vou encarar hoje e durante todos os próximos dias. Cada vez mais está sendo "fácil" bancar o papel de noiva, não porque a pressão diminui, mas porque sinto meus sentimentos aflorando e isso conta na hora de bancar a apaixonada. Inevitavelmente isso está acontecendo, estou me apegando a alguém que não é meu. Tento colocar na cabeça que é tudo uma farsa, um contrato que vai acabar daqui um mês. Quando tudo acabar, cada um vai seguir seu caminho e eu serei a única que sairei machucada. O Coringa nitidamente não gosta de mim, ele disse isso com a própria boca.

– Enfim, faça o que tem que fazer e tudo vai ficar bem. – Falo sozinha, olhando o espelho.

Minha pele está cansada, meus cabelos estão amassados, afinal, acabei de acordar. De repente, começo a me importar com minha aparência. Será que quando me olha, ele me vê bonita? Será que desperto algum interesse nele? Suspiro.

Pego meu celular e confiro mais uma vez a agenda de casamento preparada por Bernard. Felizmente, ou talvez não, hoje só temos o primeiro ensaio de valsa. Será aqui em casa mesmo, o professor de dança foi contratado por Coringa para nos dar aulas particulares. Será que ele tem medo de dançar na frente dos outros porque é um mau dançarino? Sorrio com essa possibilidade.

Tomo coragem e me arrumo para mais um dia. A aula de valsa é só às 15h da tarde, mas passei a noite inquieta e, por isso, levanto foi cedo, não sou mais capaz de ficar na cama. Sigo minha rotina matinal de todos os dias aqui na Mansão Paviole, como GS sempre por perto mantendo o disfarce de segurança, e mato o tempo na sala de estar com livros até o almoço chegar. Às vezes, quero procurar Coringa para saber o que ele está fazendo, mas se eu o encontrar o que vou fazer depois disso? Que explicações vou dar a ele? Não posso simplesmente dizer "Eu só queria te ver".

Contento-me em ler livros quaisquer, a maioria em italiano, numa falsa ideia de que só estou fazendo isso para aumentar meu vocabulário nessa língua. Porém dou a má sorte de escolher para ler justamente um romance de Shakespeare, escrito em italiano, em que uma das frases logo na primeira página é: "Você é a minha vida, amor". Como seria ouvir isso dos lábios do meu noivo?

[...]

– Você está muito quieta hoje. – Gilson diz, quando a hora do almoço chega.

Nós estamos nos dirigindo a sala de refeições, eu na frente e Gilson atrás. Desacelero os passos para que ele comece a caminhar ao meu lado. GS é tão pesado que ouço o pesar de seu andar. Também, ele não para nunca de aumentar esses músculos... 

Um Mafioso para Amar | BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora